quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Rede Manchete - a "televisão do ano 2000" - Parte 2

Por FÁBIO COSTA

Anúncio do Jornal da Manchete em veículos da Bloch.
Desde sua entrada no ar em 1983, a Rede Manchete notabilizou-se pela excelência e imparcialidade de seu jornalismo. Seus noticiários e programas de entrevistas apresentavam uma visão plural dos fatos nacionais e internacionais e transmitiam ao público informação aliada a credibilidade, conteúdo e rigor de apuração.
Mas sem dúvida o noticiário mais lembrado da emissora é o Jornal da Manchete, com seu tema musical emblemático e inconfundível, “Videogame”, executado nos primeiros tempos pelo conjunto Roupa Nova. Houve diversos apresentadores ao longo dos anos, dentre os quais Carlos Bianchini, Ronaldo Rosas, Eliakim Araújo, Leila Cordeiro, Márcia Peltier, Marcos Hummel, Berto Filho e Cláudia Barthel, mas a cara do Jornal da Manchete foi sempre a mesma, com a sensação de que era mesmo o noticiário em que se encontrava “a melhor cobertura política e econômica” e “onde você sempre fica mais bem informado”, como dizia Márcia Peltier nos anos 90.



Jornal da Manchete foi exibido na maior parte de sua trajetória às 20h30, competindo diretamente com a novela global das oito e preparando o terreno para a teledramaturgia da casa, que entrava antes e depois dele (às 19h30 e às 21h30, mais ou menos). Quando estreou chegou a ter cerca de duas horas de duração, com amplo espaço para a cobertura econômica, política, esportiva e cultural. Os primeiros apresentadores foram Carlos Bianchini e Ronaldo Rosas (noticiário nacional e internacional), Paulo Stein (esportes) e Íris Lettieri e Jacira Lucas (artes e espetáculos), e no decorrer dos anos alguns segmentos do jornal originaram programas próprios, como o showbiz no Manchete Panorama e o Manchete Esportiva.

Eliakim e Leila, o primeiro "casal 20" do telejornalismo brasileiro.
Em julho de 1989, durante os festejos de lançamento de um dos mais audaciosos e caprichados projetos da emissora - a novela Kananga do Japão, de Wilson Aguiar Filho -, foi anunciada a contratação do casal de jornalistas Eliakim Araújo e Leila Cordeiro, que já atuavam juntos na bancada do Jornal da Globo e chegavam à Rede Manchete após rescindirem seus contratos para apresentar o Jornal da Manchete nos estúdios da Rua do Russell, Glória, região central da capital carioca. Eliakim e Leila apresentaram o noticiário até o final de 1992, quando se transferiram para o SBT e Márcia Peltier os substituiu.

Em períodos alternados e com diversas mudanças de nome, houve outras duas edições do Jornal da Manchete, uma na hora do almoço e outra no fim da noite, começo da madrugada. A Edição da Tarde estreou em 1984 e a partir de 1989 com a apresentação de Leda Nagle e Carlos Bianchini. Ia ao ar ao meio-dia e meia e foi também apresentada por Elisa Mendes, Celene Araújo e Solange Bastos. Em 1998 deixou de ser apresentada, em meio à crise que se avolumava e culminou no fim da emissora poucos meses depois.


A edição mais tardia do Jornal da Manchete, a Segunda Edição (na verdade a terceira se considerarmos que havia uma edição vespertina), ia ao ar por volta da meia-noite e ao longo dos anos teve diversas fases, chegando inclusive a receber outros nomes: apenas Segunda Edição (no início), Noite Dia (apresentada por Renato Machado, fase curta em 1991), Manchete Verdade (nos anos 90), Edição NacionalEdição da Noite.

Frame de chamada do Programa de Domingo em 1999.
Pouco depois da entrada da emissora no ar, ainda em 1983, estreou o Programa de Domingo, ótima alternativa ao global Fantástico. Os fatos de destaque na semana que se encerrava e mais atrações variadas nos setores de música, humor, lazer e entretenimento, curiosidades, cultura e artes em geral compunham a pauta do programa, uma das marcas da Manchete. Dirigido por Paulo Abreu, que também chegou a apresentar o programa. Apresentaram também o Programa de Domingo Elisa Mendes, Márcia Peltier, Cláudia Barthel, Augusto Xavier, Salomão Schwartzmann, Carolina Ferraz, Kátia Maranhão e Carlos Bianchini. Foi uma das muitas criações de Fernando Barbosa Lima, o saudoso jornalista e produtor de televisão que em diversas ocasiões dirigiu as tevês Manchete e Educativa do Rio (hoje TV Brasil).


O jornalismo da Rede Manchete sempre foi marcado pela inovação na busca pelo furo, por reportagens ágeis, conteúdo rico e que ajudava plenamente o telespectador a formar sua opinião a respeito dos fatos, dos quais ficava muito bem informado. Uma tradição herdada do veículo da Bloch Editores do qual a TV herdou o nome, a revista Manchete. Apenas um texto é pouco para falar dos jornalísticos da emissora, dentre os quais figuraram produções como o histórico Documento Especial (apresentado por Roberto Maya). Por isso, no próximo texto falarei mais dos noticiários e jornalísticos da Rede Manchete. Até lá!

2 comentários:

  1. Saudades da nossa Manchete.Meu primeiro trabalho como repórter em TV.

    Marcos Fellipe

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  2. A Rede Manchete foi uma das melhores emissoras de TV de nosso país. Mas ao entrar no ar em 1983, ousou em apresentar aos telespectadores um projeto gigantesco e moderno o que custava caro. A emissora de Adolpho Bloch faliu, porque a Bloch Editores não tinha o suporte necessário para manter as finanças da Manchete e das outras empresas do conglomerado em dia. É o mesmo que as Organizações Globo, não conseguir sanear as contas da Rede Globo. Enfim, esse fato ficou comprovado em 2000 quando a Bloch Editores também foi a falência devido a péssima gestão vinda desde 1983. Não me refiro a Adolpho Bloch, mas aos demais executivos da Bloch como: Pedro Jack Kapeller e Oscar Bloch Sigelmann que eram os braços fortes da marca.

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