por Daniel Pilotto
Hoje, dia 26 de Setembro, é o aniversário do ator Cláudio
Marzo.
Seria uma data a passar despercebida não fosse o fato de eu
ser um fã confesso deste grande talento da nossa TV, teatro e cinema. Digo
confesso, pois não perco a oportunidade de sempre recordar e relembrar sua
trajetória na TV pelas redes sociais em grupos de novelas e destacar para os
que não tiveram oportunidade de ver seus trabalhos a sua importância na
história da teledramaturgia.
Portanto nada mais justo do que comemorar com uma pincelada
de cada momento desta carreira brilhante. Poderíamos falar muito sobre seu
extenso currículo no teatro e no cinema (veículo preferido do ator), mas vamos
nos deter apenas na televisão, paixão de todo noveleiro.
Cláudio nunca foi um ator muito contente com a TV, por
diversas vezes foi crítico com os rumos do veículo, a mesmice das histórias e
volta e meia ameaçava abandoná-la. Por sorte nossa, de seu imenso público, ele
sempre voltava atrás e realizava novas tramas com a mesma competência,
dignidade e entrega que só um grande ator é capaz.
“Eu queria ser ator
de teatro, entende? E achava que, na minha cabeça, na época, fazer sucesso em
televisão era uma coisa que te queimava. Novela, televisão, isso era uma coisa
inferior. Mas eu precisava trabalhar”.
Cláudio Marzo nasceu em São Paulo, filho de um pai metalúrgico
e de uma dona de casa descendentes de italianos, desde cedo começou a se
interessar por teatro, iniciando sua carreira como ator de tele-teatro da Rádio
Nacional e depois como figurante na TV Paulista - Organizações Victor Costa
(que mais tarde viria ser a Rede Globo). “Sempre tive vontade de ser ator,
achava uma coisa fantástica. Os atores me emocionavam. Achava interessante você
transmitir emoções e consciência de mundo para as pessoas.”
Com a pequena experiência adquirida partiu para a TV Tupi,
onde conseguiu um personagem em sua primeira novela, MOULIN ROUGE, A VIDA DE
TOULOUSE LAUTREC (1963), trama escrita e dirigida por Geraldo Vietri.
No ano seguinte vai para a Record, participar da novela
MARCADOS PELO AMOR (1964) de Walther Negrão, ao lado de atores como Francisco
Cuoco e Aracy Balabanian. Este início de carreira é bastante tímido e os
personagens bastante secundários. Após um tempo de estudo no teatro Oficina com
Eugênio Kusnet veio o convite para trabalhar na TV GLOBO no Rio de Janeiro. A
emissora recém inaugurada estava iniciando suas primeiras produções em
teledramaturgia, e ele fez parte de seu primeiro grupo de atores contratados.
A primeira novela na emissora carioca foi A MORENINHA (1965)
adaptação de Graça Melo para o romance de Joaquim Manoel de Macedo. Cláudio
teve destaque como Rodolfo um jovem apaixonado pela personagem título vivida
por Marília Pêra.
No mesmo ano, a emissora dava inicio a sua fase de
adaptações de sucessos latinos e de tramas épicas baseadas em literatura
estrangeira e o ator esteve presente em UM ROSTO DE MULHER (1965/66) adaptada
por Daniel Más da obra original de Estela Calderón Sánchez. Em EU COMPRO ESTA
MULHER (1966) escrita por Glória Magadan e baseada em “O Conde de Monte Cristo”
de Dumas.
Ainda em 1966 participou do grande sucesso O SHEIK DE AGADIR
também de Glória Magadan, baseado em “Taras Bulba” de Gogol. Na trama que
contava a história da invasão nazista na França da Segunda Guerra Cláudio viveu
o francês Marcel Delaporte.
Em 1967, mais uma trama “excêntrica de Glória Magadan, a
novela A RAINHA LOUCA. Inspirada em “Memórias de um Médico” de Dumas a trama se
passava no México do século XIX durante a intervenção de Napoleão III no país.
Cláudio vivia o índio Robledo e usava uma maquiagem que o deixava mais moreno.
Seguem a estes trabalhos as novelas SANGUE E AREIA (1968) adaptação
de Janete Clair para o romance de Vicente Blasco Ibañez, como o mulherengo
Miguel Gallardo; A GRANDE MENTIRA (1968/69) de Hedy Maia como o milionário
Roberto Albuquerque e A ÚLTIMA VALSA (1969) de Glória Magadan como o Duque de
Olemberg na Áustria do século XIX.
O ano de 1969 marca um momento de mudança na carreira do
ator e na história das novelas da TV GLOBO. Influenciada pela nova tendência de
novelas que buscavam cada vez mais uma identidade próxima a nossa cultura
iniciada por BETO ROCKFELLER na TV TUPI, a emissora carioca definiu Janete
Clair como sua principal autora e deu a ela a missão de realizar a primeira
novela “realista”, mas próxima do contemporâneo e com diálogos coloquiais. E
assim era anunciada sua próxima atração: “Em VÉU DE NOIVA tudo acontece como na
vida real.”
Na trama Cláudio Marzo vivia o piloto de corridas Marcelo
que se vê envolvido em seu noivado com. Irene (Betty Faria) e sua paixão por
Andréa (Regina Duarte). A trama contava com este lado moderno das corridas de
Fórmula 3.
No ano seguinte um dos maiores sucessos da emissora a novela
IRMÃOS CORAGEM (1970) também de Janete Clair. Na trama Cláudio era um dos três
irmãos Coragem, Duda um famoso jogador de futebol que vive um romance com a
ingênua Ritinha (Regina Duarte) e sua carreira em declínio no futebol. Mas
apesar de todo o sucesso a trama foi polêmica para o ator, que revelou o
verdadeiro motivo de sua saída da novela numa entrevista de 1993: “Os militares
acharam que IRMÃOS CORAGEM incentivava a insubordinação, pela rebeldia dos
protagonistas. Chamaram a Janete Clair em Brasília e ditaram modificações.
Quando ela voltou, disse que meu personagem o Duda, voltaria para a cidade e se
tornaria aliado do delegado. Eu não aceitei. Sou porra louca mesmo, preferi
sair da novela.”
Por conta da saída da novela, Cláudio e Regina Duarte foram
escalados para a novela das sete MINHA DOCE NAMORADA de Vicente Sesso. Ele era
Renato, um estudante rico, mas de boa índole. Nesta fase o ator vivia mal
humorado, fugindo quando se falava em novelas. Viajou por meses pelo interior,
sem destino, mas acabou voltando para a TV quando o dinheiro acabou. “Descobri
que este negócio de romper é fajuto, que nada é isolado a única solução é
coexistir”.
No ano seguinte a resposta veio como reviravolta no estilo
dos personagens que fazia até então. Com Demétrius o Grego, um mecânico de uma
oficina de subúrbio que se torna artista plástico famoso em O BOFE (1972) de
Bráulio Pedroso o ator teve a oportunidade de quebrar com o estereótipo de
mocinho/galã dos últimos trabalhos, o personagem era amargurado, agressivo e
com visual desleixado. A novela era uma tentativa de experimentalismo na TV,
com uma idéia ousada demais para a época, onde muitas vezes imperava o
improviso. Para o ator o personagem não poderia ser mais sob medida para o
momento que atravessava. “O Grego, além de estar me realizando, me diverte
muito. Estou trabalhando como sempre quis, isto é, muito à vontade e sentindo
prazer no que faço.”
Mas não durou muito a fase de mudança de estilo. No ano seguinte
o ator voltaria novamente a encarnar o mocinho romântico, desta vez na novela
de Lauro César Muniz CARINHOSO (1973). Como o milionário Humberto o ator fazia
sua última parceria ao lado da atriz Regina Duarte que vivia a romântica
aeromoça Cecília. A trama interessante, baseada na peça “Sabrina Fair” que
também deu origem ao filme “Sabrina” não era exatamente o que o ator buscava
como realização artística. “Eu tenho necessidade de um trabalho que me realize
artisticamente, mas o ritmo acelerado das novelas impede uma maior elaboração
das personagens a serem interpretados.”
Com a novela seguinte O ESPIGÃO (1974) de Dias Gomes ele deu
vida Léo um estudante que vinha do Nordeste e tinha que se adaptar a uma cidade
cruel e cada vez mais individualista e competitiva. Este personagem teve um
forte apelo diante do público levantando a bandeira de uma primeira grande ação
socieducativa em novelas, a ecologia, discutindo o avanço da expansão
imobiliária nas grandes cidades. Em meio ao cenário caótico Léo mantinha sempre
seus valores humanos e lutava contra a ação de Lauro Fontana (Milton Moraes) e
a construção de seu “espigão” que devastaria uma grande área verde da cidade.
Em 1975 sua última novela na Globo nos anos 70. A adaptação
de SENHORA de José de Alencar por Gilberto Braga. Na trama ele vivia o
jornalista Fernando Seixas, que é comprado por Aurélia (Norma Blum) em sua
busca por vingança por ele ter lhe abandonado no passado. Entretanto a trama
representava um retrocesso em tudo aquilo que o ator queria e mais uma vez a
idéia de abandonar tudo voltou com força.
A gota d’água veio com o cancelamento pela censura da novela
das 22 horas DESPEDIDA DE CASADO de Wálter George Durst por acharem que a
novela pregava a dissolução do casamento, o amor livre e os conflitos
familiares. Na trama Cláudio faria o Dr. Laio um psicanalista que usa uma
técnica de terapia específica para tratar de casamentos em crise. O personagem
representava uma nova criação para a carreira do ator.
O elenco da novela foi reaproveitado a seguir em NINA,
também de Wálter George Durst, mas Cláudio abandonou a produção com as
gravações já sendo realizadas. “Não briguei com ninguém na Globo. Simplesmente
tive vontade de rescindir meu contrato por que achei que não dava mais para
ficar lá. De repente não me senti mais enquadrado no esquema.”
Em 1978, Cláudio volta às telinhas, só que desta vez na TV
TUPI, na novela RODA DE FOGO de Sérgio Jockyman e Walther Negrão. Ao lado de
Eva Wilma ele interpretava Jacques um contato de um grupo financeiro interessado
em investir no jornal da trama. Sobre o personagem o ator disse na época:
“Jacques é como eu, fala pouco e observa muito.”
Sua volta à TV Globo acontece em 1980 com a adaptação de
OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO de Érico Veríssimo por Geraldo Vietri e Wilson Rocha.
Cláudio era o Dr. Eugênio Fontes um médico recém formado e bastante cheio de
complexos de inferioridade por sua infância pobre e que busca ascender
socialmente na Porto Alegre dos anos 30.
No mesmo ano o ator foi convidado para viver o milionário
Edgar em PLUMAS E PAETÊS de Cassiano Gabus Mendes. Anos mais tarde o ator diria
em entrevista, indagado sobre qual seria seu pior personagem: “Foi... Nem me
lembro mais o nome dele. O da novela PLUMAS E PAETÊS. Acho que foi a pior coisa
que já fiz na minha carreira”.
No ano seguinte ele esteve em BRILHANTE (1981) de Gilberto
Braga, como Carlos. A trama não teve a repercussão esperada e não cativou o
público, mas o personagem dele sim. Carlos era motorista de táxi e sonhava em
ter uma oficina mecânica, mas sua vida muda quando passa a ser motorista
particular de Chica Newman (Fernanda Montenegro) a vilã da novela e com ela
vive um tórrido romance. E é este romance entre uma milionária e um homem de
classe social inferior o grande atrativo da novela e que fez com que o público
torcesse muito por eles.
Em 1983 Cláudio volta a participar de uma novela de Walther
Negrão, PÃO PÃO, BEIJO BEIJO como o motorista de ônibus Ciro, que se vê
envolvido pelo amor por duas irmãs, a mimada Bruna (Elizabeth Savalla) e a
delicada Luiza (Maria Cláudia).
No ano seguinte participa de PARTIDO ALTO (1984) de
Aguinaldo Silva e Glória Perez. Na trama ele é Maurício Villela, professor de
História, que é extremamente preocupado com os problemas de sua época. Engajado
é ele que funciona como um elo de ligação entre a zona Norte e a zona Sul da
história.
Em 1986 viveu o advogado Rogério Guerreiro em CAMBALACHO de
Sílvio de Abreu. Na trama Rogério é casado com Amanda (Susana Vieira) também
advogada. Em determinado momento a relação dos dois se complica e ambos se vêem
brigando também em lados contrários num tribunal.
No ano seguinte o ator esteve numa das minhas novelas
preferidas, a romântica BAMBOLÊ (1987) de Daniel Más. Na trama Cláudio
interpretou o viúvo Álvaro Galhardo. Uma espécie de bom vivant dos anos 50, ele
era um homem sonhador e boêmio que definitivamente não se enquadrava nos
padrões da época e que apesar de seu bom caráter é tomado por irresponsável
pela cunhada Fausta (Joana Fomm) que vive a ameaçar de separá-lo de suas três
filhas. Nesta novela ele também fez par com Susana Vieira que vivia Marta, uma
mulher separada.
Nesta mesma época o ator foi afastado da Globo (existia até
um veto à seu nome) por ter apoiado uma greve de técnicos da emissora. O exílio
fez com que ele partisse para a concorrente na época a REDE MANCHETE e ali
fizesse um de seus maiores sucessos na TV.
Logo em sua chegada à emissora em 1989 o ator participou da
novela KANANGA DO JAPÃO de Wilson Aguiar Filho, como Noronha, um dono de jornal
do Rio de Janeiro dos anos 30. Homem de caráter duvidoso acaba sendo
assassinado por Dora (Cristiane Torloni) no meio da trama. A situação
facilitava sua saída para a próxima produção da casa, a novela PANTANAL.
Em PANTANAL (1990) de Benedito Ruy Barbosa, Cláudio viveu
dois personagens, o fazendeiro Zé Leôncio e o pai dele Joventino, o Velho do
rio, uma espécie de entidade, espírito do lugar. Cláudio considera este um dos
seus melhores trabalhos em TV, pois nem mesmo o diretor acreditava que ele
pudesse fazer dois personagens tão distintos. “PANTANAL era um barato de
novela, feita num local fantástico, saía do cotidiano assustador em que a gente
vive. Foi um dos meus melhores personagens em TV. Até então, só havia feito
galãs ou maridos traídos.” ou “Tenho saudades de PANTANAL não só pela história,
mas por ter passado um ano naquele paraíso de lugar. O sucesso fora da Globo,
aliás, quando acontece, é muito gratificante.”
Ainda na Manchete o ator fez a mini novela O FANTASMA DA
ÓPERA.
A volta para Globo foi apenas em 1993. A princípio o ator
era um dos nomes certos para o elenco de O MAPA DA MINA como Rodolfo, mas o
ator teve uma hepatite e teve que se afastar. Depois seu nome foi cogitado para
viver o coronel José Inocêncio em RENASCER, mas a direção da emissora concluiu
que havia semelhanças com o José Leôncio de PANTANAL e o personagem ficou com
Antonio Fagundes.
Também chegou a ser lembrado para viver o incorruptível
comissário Mattos na minissérie Agosto, mas teve que recusar por conta de uma
delicada cirurgia para a extração de um cisto benigno no cérebro.
Ainda no mesmo ano e alguns quilos acima do peso por conta
da cirurgia o ator deu vida a um dos seus personagens mais fascinantes na TV, o
coveiro Orestes Fronteira em FERA FERIDA (1993) de Aguinaldo Silva. O personagem
tinha o poder de conversar com os mortos e fazia parte da ala “realismo mágico”
da trama das oito. Com Orestes, Cláudio reencontrou o prazer de fazer novelas.
“Ele é um homem especial, simples, que tem sensibilidades mediúnicas. Estou
adorando brincar neste universo dos personagens de Lima Barreto”.
Nos anos seguintes participou das novelas IRMÃOS CORAGEM
(1995) remake de Dias Gomes da obra de Janete Clair, agora na pele do cruel
Coronel Pedro Barros.
Em 1996 de VIRA LATA de Carlos Lombardi uma participação
como o lunático Lupércio Botelho, pai dos personagens Lênin, Fidel e Mussolini.
Em 1997 de A INDOMADA de Aguinaldo Silva, o ator interpretou
Pedro Afonso de Mendonça e Albuquerque. Casado com Maria Altiva (Eva Wilma) o
usineiro falido tem que aceitar o casamento da sobrinha Lúcia Helena (Adriana
Esteves) com Teobaldo Faruk (José Mayer) para manter o pouco que ainda lhe
resta. Sobre este personagem o ator também deixou uma impressão: “A INDOMADA
era muito aqui e agora. Há muitos Pedros Afonsos no Nordeste. É fazer o tipo
sustentado indiretamente, sem trabalhar, pelo Banco do Brasil. Isso é
revoltante, dá mau humor.”
Em 1998, o ator é escalado para mais uma trama do amigo
Walther Negrão, a novela das seis ERA UMA VEZ... (1998). Na trama ele era
Xistus Kleiner, o rico e rigoroso avô dos filhos do veterinário Álvaro (Herson
Capri). Um personagem interessante em sua carreira. Começa a novela quse como
um vilão, exigindo uma certa disciplina, uma conduta muito rígida e tradicional
dos netos. Em contrapartida eles vivem livremente num sítio com o outro avô
paterno, o simplório Pepe (Elias Gleiser), e então o milionário é obrigado a
mudar, amolecer aos poucos para conquistar as crianças. “Xistus é um desafio,
porque é oposto a mim. Mais ainda: a novela se chama ERA UMA VEZ... Depois
deste título, vêm todas as histórias que ouvimos desde que nascemos. ERA UMA
VEZ... desperta a imaginação e é o oposto do aqui e agora.”.
No ano seguinte faz um vilão, Antonio San Marino na novela
ANDANDO NAS NUVENS (1999) de Euclydes Marinho.
Em 2002 mais um homem autoritário em com um pé na vilania em
CORAÇÃO DE ESTUDANTE de Emanuel Jacobina. Na trama é João Alfredo Mourão, um
fazendeiro ganancioso que quer a todo custo uma grande área verde pertencente a
uma universidade.
Os anos seguintes vieram com uma sucessão de pequenos
personagens nada marcantes e com muita pouca possibilidade do ator mostrar seu
talento.
Em 2003 viveu o gerente de hotel Rafael em MULHERES
APAIXONADAS de Manoel Carlos (aqui cabe um aparte do fã: um dos piores
personagens que já lhe deram na vida, uma total falta de respeito por parte do
autor, Cláudio ficava semanas sem dar as caras na novela). Em 2005 foi Ivan em
A LUA ME DISSE de Miguel Falabella, outro personagem pequeno e sem função na
história. E por fim em 2007 sua última aparição em novelas DESEJO PROIBIDO de
Walther Negrão, como Lázaro, o avó da mocinha da trama. Aqui um personagem
também pequeno, mais uma participação afetiva já que o ator estava recém saído
de mais um problema de saúde que havia comprometido bastante seus movimentos.
Em meio a tantas novelas não se pode esquecer também sua
participação em minisséries.
Em QUEM AMA NÃO MATA (1982) de Euclydes Marinho, ele viveu o
dentista Jorge, que mata a esposa depois de uma conturbada crise do casal. A
minissérie muito bem esquematizada revela um crime nas primeiras cenas, mas não
se sabe quem matou ou quem morreu, apenas no último capítulo é que se descobre
o assassino, Jorge.
Em 1985 outro grande sucesso com TENDA DOS MILAGRES, da obra
de Jorge Amado com adaptação de Aguinaldo Silva, Cláudio era Jerônimo um homem
rico e simpatizante do movimento negro na Bahia dos anos 30.
Já nos anos 2000 vive Rodolfo o pai do tenente Hélio (Edson
Celulari) em AQUARELA DO BRASIL de Lauro César Muniz, e em 2007 o governador
Ramalho Jr. Em AMAZÔNIA, DE GALVEZ A CHICO MENDES de Glória Perez.
Cláudio Marzo guarda uma diferença básica em relação aos
atores de sua geração (como Tracísio Meira e Francisco Cuoco). Como eles, foi
um galã de sucesso nos anos 70, mas ao contrário deles rompeu com esta imagem
no auge. Sem a vaidade comum ao tipo “galã” pode exigir e compreender outros
tipos de personagens.
Com um pensamento político e com uma consciência muito
nítida de sua função como ator e pessoa, sempre foi muito claro em seus
valores: “O importante para mim é a consciência tranqüila de que estou,
honestamente, fazendo algo que não venha a prejudicar ninguém. De que, num
mundo de tantas ambições, as minhas não irão destruir pessoa alguma.”
Perguntado certa vez se era um homem desiludido ele
respondeu: “Não, sou realista. Já me iludi e desiludi muito. Sou um emergente
da desilusão.”
E mesmo sendo um crítico ácido do veículo com declarações
como: “Se houvesse possibilidade de se falar com as pessoas pela televisão,
coisas que fossem realmente importantes, que dissessem respeito à vida e as
necessidades do povo, seus problemas, existenciais e transcendentais... Só que
a televisão não fala de nada disto, não está preocupada com isto. Ela é um
instrumento de poder e o poder não quer modificar nada e, sem mudança não há
salvação. Então a televisão não vai salvar nada, por que ela não quer mudança
nenhuma.” Tem uma carreira maravilhosa, com personagens inesquecíveis e uma
história única. Este é Cláudio Marzo.
Grande ator, desejo a ele saúde e muitos trabalhos na TV!!!
ResponderExcluirAngelo Gabriel
Em primeiro lugar desejo e torço pra uma recuperação rápida e eficiente... aí sim, parabéns e muitíssima força pra tudo!
ResponderExcluirMauro Gianfrancesco
Parabéns Daniel, este texto é uma belíssima homenagem ao Cláudio Marzo. Torço pela recuperação dele e para que retorne em grande estilo às novelas, ele tem uma presença marcante que faz falta na TV.
ResponderExcluirRobson Souza
Obrigado Robson, foi feito de coração, que bom que você gostou!!!!!!
Excluir"Tão lindo tudo que o Daniel Pilotto escreveu. Queria imprimir pra levar ao hospital onde ele está, mas não consegui."
ResponderExcluirBetty Faria, ex esposa do Cláudio Marzo [via twitter]
Este comentário da MARAVILHOSA Betty Faria não tem preço!!!!!!! Obrigado por partilhar comigo Isaac!!!!!
ExcluirGrande ator, charmoso, viril, com presença marcante e intensa em cena. Faz falta na telinha. Daniel, querido amigo, parabéns pelo texto, foi um colírio para meus olhos !!!
ResponderExcluirSabia que você iria amar, Luciano!!!! É um dos nossos preferidos, né!!!!!! Obrigado pelo lindo comentário!!!
ExcluirEu que já admirava este grande ator pelo seu talento, sua figura marcante na nossa teledramaturgia, fiquei ainda mais encantado, impressionado e comovido com esta declaração que ele fez e que o Daniel teve a feliz ideia de reproduzir aqui: “Se houvesse possibilidade de se falar com as pessoas pela televisão, coisas que fossem realmente importantes, que dissessem respeito à vida e as necessidades do povo, seus problemas, existenciais e transcendentais...".. É disso que tenho sentido falta na televisão, desse falar de coisas importantes, de emocionar e se comunicar com o público que já não se faz mais. Odeio o que se faz hoje, principalmente nas novelas, que vivem de acontecimentos nas tramas no estilo factoide, para impressionar, atrair para o capítulo, mas que não diz nada, não conforta, não comunica, não questiona, apenas entorpece!
ResponderExcluirAtor de fibra, figura máscula, rico de expressões! Um ator que sabe, enfim, que seu talento deve ser usado em nome da arte, e não para vender margarina ou, pior, cerveja.
Parabéns pelo texto, Daniel Pilotto! Você nunca vem falar mais do mesmo, sempre nos traz o revelante da televisão, ou que deveria ser.
Tom Dutra
Nossa, Tom, emocionado com teu comentário!! E obrigado por sempre prestigiar minhas postagens!!!!!!!
ExcluirParabéns Cláudio Marzo!!! Muitas Felicidades!!! Sei que um de seus primeiros papéis na tv foi em Carinhoso, onde você fazia Edu, um craque de futebol do Flamengo. Seu par era Regina Duarte. Sempre admirei muito o seu trabalho e sua pessoa. Seu astral e bom humor. Abs., e Feliz Aniversário!!!!
ResponderExcluirRegina DalleGrave
Era Uma Vez Coração de Estudante Da vontade de chorar só de lembras dessas novelas. Leonardo Castro
ResponderExcluirTambém tenho profunda admiração pelo Claudio com quem tive o prazer em trabalhar na peça JANGO, UM TRAGÉDYA de Glauber Rocha. Espero pronto restabelecimento e tudo de bom nesse aniversário!!!
ResponderExcluirDinho Valladares
Irmãos Coragem!!! <3
ResponderExcluirAngelo Coimbra Filho
como não amar televisão e não amar esse ator? Mesmo com esse mau humor que conheci há relativamente pouco tempo quando ele teve um grave problema de saúde, eu acho esse ator indispensável aoveículo, faz muita falta. Adorei o texto e oque ele achava dos personagens,mesmo ficando frustrado porque eu até gostava do Edgar...ele fez coisa pior na tv... rssss
ResponderExcluirCito Senhora , Olhai os lírios do campo como os melhores papéis do ator, não consigo ler os livros sem pensar nele. Mas são tantos Quem ama não mata, Partido Alto e o filme Nunca seremos tão felizes, lindo , do Murilo Salles.Parabéns, Daniel.
Que comentário maravilhoso Edu, adorei!!! Eu também nunca entendi ele reclamar de alguns personagens, para mim tudo o que ele faz é perfeito!!!!!
ExcluirEu que editei várias novelas na extinta Tv Tupi, estou feliz por ter podido saber muita coisa sobre esse monstro sagrado da teledramaturgia brasileira. Parabéns a todos que diretamente e indiretamente me proporcionaram esse prazer. Parabéns Claudio Marzo.
ExcluirComo é que vocês só colocam uma notinha mixuruca sobre o personagem San Marino de Andando Nas Nuvens??? Este, com certeza, poderia ser incluído entre os melhores personagens de Cláudio Marzo, além de ser o último grande papel dele (minha opinião). O cara era um vilão que exigia muita desenvoltura por parte de um ator, pois se mostrava um bom amigo para o protagonista Otávio (Marco Nanini), mas dentro de casa, oprimia a esposa Gonçala (Suzana Vieira) e o filho Thiago (Caio Blat), que pensava que era gay e tentou levá-lo ao bordel, e, mais secretamente, conservava em seu quarto o retrato de Eva, a mulher do amigo Otávio com quem tinha um caso. Ele tinha uma verdadeira relação de adoração com o retrato, ia ao quarto apenas para cultuá-lo. Sem falar que ele tinha um carinho especial (e muito estranho) pela personagem Júlia (Débora Bloch), por sua semelhança com sua adorada Eva. Depois, foi descoberto que Júlia era filha dele, e aí ficou uma coisa meio incestuosa.
ResponderExcluirDe resto, o texto deste blog está bom.