Por Henrique Melo
Em minha
postagem anterior aqui no blog, falei um pouco sobe os vilões e o fascínio
provocado por esses personagens, tão aclamados pelo público. Mas nem só de
maldades versus bondades vive o universo ficcional. Existe uma categoria que
dança na corda bamba de sombrinha entre a turma do bem e do mal: a dos
anti-heróis.
Ao contrário
do arquétipo de herói, proveniente da antiguidade grega e cujos personagens são
dotados de grandes virtudes, voltando-se sempre contra o mal provocado pelos
vilões e se sacrificando em nome de uma razão nobre, os anti-heróis são
personagens mais comuns e que agem movidos por interesses pessoais. Muitas
vezes se utilizam de métodos pouco aceitáveis, como vingança, roubo e até
homicídio. Mesmo diante disso, recebem a torcida popular e ganham admiradores.
Não podem
ser considerados maus ou vilões devido ao seu lado mais humano. Os anti-heróis
carregam traumas do passado, como maus tratos na infância, assassinatos dos
pais e por aí vai... Também são carismáticos e têm atitudes heroicas, embora
visem, quase sempre, o benefício próprio. Nasce daí o jogo dúbio, que tem
rendido ótimas produções ultimamente, tanto na literatura, quanto no Cinema e
na TV.
Vejamos
alguns exemplos:
Beto
Rockefeller
Interpretado
por Luís Gustavo na saudosa TV Tupi, o personagem Beto Rockefeller foi o
responsável por uma grande revolução nas telenovelas brasileiras. O simplório
vendedor de sapatos consegue se infiltrar na alta sociedade paulistana, passando-se por herdeiro de uma das famílias mais ricas e influentes dos EUA: os rockefeller.
Odorico
Paraguaçu – O Bem Amado
O prefeito
de Sucupira adora levar o seu povo no bico. Abusando de neologismos, Odorico
Paraguaçu sempre se utiliza de um discurso pouco compreensível e de sua lábia
irresistível. Determinado a inaugurar um cemitério em Sucupira, uma cidade onde
ninguém morre, Odorico contrata os serviços de um assassino de aluguel.
Comendador
José Alfredo – Império
O último
sucesso global no horário nobre, Império, tinha como protagonista o garimpeiro
José Alfredo que constrói um verdadeiro império ao se tornar traficantes de
diamantes. Além disso, o personagem teve um caso com a cunhada, matou, mentiu e
traiu a esposa com uma moça bem mais jovem. Sua (suposta) morte no desfecho do
folhetim causou rebuliço nas redes sociais, pois muitos a julgaram “injusta”.
Walter White
– Breaking Bad
De professor
de química a traficante, Walter White faz de tudo para se curar do câncer e
garantir uma vida segura a sua esposa e filho. Na aclamada série americana, ele
chega até mesmo a matar friamente. Mas o público o adora.
Dr. House
O mesmo
acontece com o arrogante House, personagem de Hugh Laurie na série homônima.
Apesar de salvar muitas vidas a cada episódio, seu mau-humor e ego inflado o
tornam deliciosamente insuportável.
Malévola
Na
readaptação feita pela Disney em 2014, a personagem-título deixa de ser uma
vilã para se tornar a anti-heróina da história. Ao se vingar de seu amor do
passado, ela lança uma maldição sobre a filha dele. Anos depois, arrependida do que fez, passa a proteger a garota.
Amora –
Sangue Bom
A
protagonista de Sangue Bom passou uma infância difícil nas ruas, sem ter ao
menos um par de sapatos para calçar. Após ser adotada por uma atriz decadente,
Amora virou o jogo e se tornou uma ambiciosa it girl, humilhando e pisando em
todo mundo (com um dos milhares de pares de sapatos de seu closet).
Sister Jude –
Asylum (2º temporada de American Horror Story)
Judy
atropelou uma menina enquanto dirigia embriagada e fugiu sem prestar socorro.
No manicômio católico de Briarcliff encontrou abrigo e se converteu,
tornando-se Sister Judy. Mas seu lado freira está longe da santidade, pois ela
é sádica e cruel. Após pagar (com juros) por todos os seus pecados nas mãos da
literalmente diabólica Sister Mary Eunice, Judy se arrepende de suas maldades e
ajuda Lana Banana, que estava internada injustamente no lugar, a fugir.
Severus
Snape – Saga Harry Potter
O
ranzinza professor de poções sempre pareceu fazer parte da galera do Lorde
Voldemort. Mas no fim da história, descobriu-se que o tempo todo Snape se
empenhou para proteger Harry Potter, filho de sua grande paixão da adolescência, das maldades do Lorde das Trevas.
Jacques
Laclair e Victor Valentim
No bem
sucedido remake de Ti Ti Ti (2010), pudemos nos divertir com as peripécias de
dois canalhas: André Spina, vulgo Jacques Laclair, e seu inimigo de morte
Ariclenes Martins, que ficou conhecido nos tabloides de fofoca como Victor
Valentim. Enquanto um não tinha o menor talento para ser estilista, se
aproveitando de sua amante Jacqueline Maldonado para poder criar modelos
fashions, o outro nunca tinha pegado em uma agulha na vida, copiando descaradamente os vestidos que a morada de rua Cecília, a quem passa a ajudar, criava para suas bonecas.
Atualmente, temos um exemplo de anti-heroína clássica na novela das 21h global, a Inês de Babilônia. Determinada a se vingar de sua amiga de adolescência, Beatriz, que se envolveu com seu pai quando as duas ainda eram jovens e foi responsável por sua prisão. Eu, particularmente, estou aguardando com imensa ansiedade o momento em que Inês irá fazer sua rival pagar pelos crimes que cometeu. E espero que isso movimente a audiência da novela que, até agora, tem se mostrado inexpressiva.
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