sexta-feira, 3 de abril de 2015

Por que os vilões nos fascinam?


Por Henrique Melo

Mais uma vez o SBT apostou na reprise de A Usurpadora, contando com a ajudinha de Paola Brachio para bater de frente com O Rei do Gado. Diferentemente da trama arrastada, porém emblemática, de Benedito Ruy Barbosa, o sucesso mexicano é profundamente maniqueísta. Um alívio para aqueles que gostam de se deleitar com as maldades dos vilões, verdadeiros promoters do inferno na vida dos mocinhos.
Embora sejam rudes, perversos e traiçoeiros, os antagonistas sempre acabam caindo no gosto popular. Curiosamente exercem magnetismo sobre o espectador que pode não concordar com suas atitudes, mas adora seus trejeitos, bordões e até mesmo o modo como se vestem. Eles são a válvula propulsora da história, tiram os personagens bonzinhos da zona de conforto e raramente demonstram algum sentimento positivo. Como em qualquer obra de ficção, representam o arquétipo do mal e dão vida ao sentimentos mais doentios da essência humana.


Talvez por isso o fascínio por essa galerinha Team Belezú. Eles conversam com características das pessoas que os assistem, de carne e osso. Ao contrário dos protagonistas, que beiram a chatice com discursos e características pouco presentes na realidade, os vilões retratam as aflições da psique humana que precisam ser sufocadas pelos conceitos de ética e moral.

Todos são passíveis do sentimento de inveja, ciúmes, ganância, obsessão por alguém ou alguma coisa. Por não se sentirem representados pelos heróis das histórias, os espectadores encontram nos vilões os seus ídolos. Mesmo assim, não dá para alimentar sentimentos ruins, e a torcida é sempre para que estes personagens paguem por suas maldades no desfecho de tudo. 

Saindo da televisão e cinema, os vilões ganharam também a Internet. Muitos memes são concebidos através de suas frases memoráveis.

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Eles são os donos da cultura mainstream, propagando seu estilo e filosofia de vida. E exercem papel fundamental na dramaturgia, o de lembrar que fazer o mal não compensa, que empurrar pessoas escada abaixo não vai te fazer feliz e que cortar a língua e arrancar os olhos daquele colega chato de trabalho pode não ser o ideal. E, principalmente, que seres humanos são dotados de um lado bom e ruim. 



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