Por Henrique Melo
Mais uma vez o SBT apostou na reprise de A Usurpadora,
contando com a ajudinha de Paola Brachio para bater de frente com O Rei do Gado. Diferentemente
da trama arrastada, porém emblemática, de Benedito Ruy Barbosa, o sucesso mexicano
é profundamente maniqueísta. Um alívio para aqueles que gostam de se deleitar
com as maldades dos vilões, verdadeiros promoters do inferno na vida dos
mocinhos.
Embora sejam rudes, perversos e traiçoeiros, os
antagonistas sempre acabam caindo no gosto popular. Curiosamente exercem
magnetismo sobre o espectador que pode não concordar com suas atitudes, mas
adora seus trejeitos, bordões e até mesmo o modo como se vestem. Eles são a
válvula propulsora da história, tiram os personagens bonzinhos da zona de
conforto e raramente demonstram algum sentimento positivo. Como em qualquer
obra de ficção, representam o arquétipo do mal e dão vida ao sentimentos mais
doentios da essência humana.
Talvez por isso o fascínio por essa galerinha Team Belezú.
Eles conversam com características das pessoas que os assistem, de carne e
osso. Ao contrário dos protagonistas, que beiram a chatice com discursos e
características pouco presentes na realidade, os vilões retratam as aflições da
psique humana que precisam ser sufocadas pelos conceitos de ética e moral.
Todos são passíveis do sentimento de inveja, ciúmes,
ganância, obsessão por alguém ou alguma coisa. Por não se sentirem
representados pelos heróis das histórias, os espectadores encontram nos vilões
os seus ídolos. Mesmo assim, não dá para alimentar sentimentos ruins, e a
torcida é sempre para que estes personagens paguem por suas maldades no
desfecho de tudo.
Saindo da televisão e cinema, os vilões ganharam também a Internet. Muitos memes são concebidos através de suas frases memoráveis.
Saindo da televisão e cinema, os vilões ganharam também a Internet. Muitos memes são concebidos através de suas frases memoráveis.
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Eles são os donos da cultura mainstream, propagando seu
estilo e filosofia de vida. E exercem papel fundamental na dramaturgia, o de
lembrar que fazer o mal não compensa, que empurrar pessoas escada abaixo não
vai te fazer feliz e que cortar a língua e arrancar os olhos daquele colega
chato de trabalho pode não ser o ideal. E, principalmente, que seres humanos são
dotados de um lado bom e ruim.
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