terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Um Mito Vivo da Sétima Arte


Por Emerson Felipe

E na 84ª cerimônia de entrega do Oscar, o prêmio máximo do cinema, a atriz norte-americana Meryl Streep fez história: após um jejum de quase 30 anos, ganhou a tão almejada terceira estatueta de melhor atriz  pela elogiado atuação como a ex-primeira ministra britânica Margareth Tatcher no longa "A Dama de Ferro". Conhecida por desempenhos meticulosamente estudados, pela incrível presença e expressão em cena, Meryl Streep é considerada por muitos críticos como a maior atriz em atividade, consagrando-se com interpretações que vão desde a comédia ao mais denso drama, construindo uma respeitável trajetória cinematográfica de 35 anos que atrai fidelíssimos fãs de várias gerações.

Meryl Streep ganha o terceiro Oscar com filme A Dama de Ferro.
A atriz detém o recorde de nomeações ao Oscar, seja de atriz principal, seja de coadjuvante, totalizando 17 indicações compreendidas entre 1978 e 2012. Marca esta superior a de  grandes mitos do cinema como Katharine Hepburn (12 indicações) e Bette Davis (10 indicações). Foi também indicada 26 vezes ao Globo de Ouro, tendo faturado oito prêmios, entre papéis dramáticos e cômicos. Constam ainda do estelar currículo da atriz outros prêmios importantes da indústria do entretenimento, como 02 Emmy, 02 BAFTA, 05 indicações ao Grammy e 01 Tony.

Meryl Streep empunha o Oscar recebido por Kramer vs Kramer.
Após um bem sucedido começo no teatro,  posterior à  graduação na Escola de Drama da Universidade de Yale, Meryl Streep estreou na telona em 1977 com uma ponta no filme "Julia", dirigido por Fred Zinnemann, estrelado por Jane Fonda e Vanessa Redgrave. Em 1978, no drama sobre A Guerra do Vietnã "O Franco Atirador", recebeu sua primeira indicação ao Oscar de melhor atriz coadjuvante. No ano seguinte, recebe a segunda indicação e o primeiro Oscar, de melhor atriz coadjuvante, pelo papel de Joanna Kramer em "Kramer vs Kramer", a esposa que abandona o marido (Dustin Hoffman) e o filho, e posteriormente retorna, exigindo perante a Justiça a guarda da criança.

  Em 1983, com o Oscar recebido por A Escolha de Sofia.
Em 1982 recebe sua primeira indicação para o Oscar de melhor atriz principal pelo filme "A Mulher do Tenente Francês", adaptado do romance de John Fowles, contracenando com Jeremy Irons, tendo perdido para a consagrada Katharine Hepburn em "Num Lago Dourado".

Mas, ainda naquele ano, viria aquela que é considerada a grande atuação da carreira de Meryl Streep e uma das maiores intepretações femininas da história: "A Escolha de Sofia", dirigido por Alan J. Pakulla. Neste intenso e doloroso drama sobre traumas, sentimento de culpa e autodestruição, Meryl faz o papel de Sophie Zawistowski, uma polonesa sobrevivente de um campo de concentração, que tenta reconstruir sua vida nos Estados Unidos da América. Uma interpretação emocionante que lhe rendeu o primeiro Oscar de atriz principal em 1983, e que demandou intenso trabalho de pesquisa e caracterização - a atriz precisou aprender polonês e alemão, bem como emagrecer e cortar os cabelos para realizar as cenas  do campo de concentração. A contundente cena que justifica o título do filme é de um assombro e emoção tremenda por parte de Meryl Streep, que protagonizou uma das momentos mais intensos e dramáticos já vistos no cinema.
Meryl Streep em magnífica interpretação no longa A Escolha de Sofia.
Meryl retornaria ao tapete vermelho do Oscar em outras ocasiões, como em 1984 por "Silkwood"(filme baseado em fatos reais em que a artista intepreta uma funcionária que é perseguida ao denunciar a falta de segurança de uma usina nuclear); em 1986 pela super produção "Entre Dois Amores", de Sidney Pollack (que narra a paixão da escritora Karen Blixen pelo continente africano e pelo piloto do exército britânico Denys Finch Hatton, vivido por Robert Redford); em 1988 pelo drama "Ironweed" (em que vive uma alcóolatra ao lado de Jack Nicholson) e em 1989 por "Gritos no Escuro" (no papel da mãe que tenta provar sua inocência ao ser acusada da morte da filha, sofrendo, ainda, com a pressão sensacionalista da mídia). Não ganhou a estatueta por nenhum desses.

Meryl Streep como Karen Blixen na super produção Entre Dois Amores.
Nos anos 90, a aparição de Meryl Streep na cerimônia do prêmio mais cobiçado do cinema foi bissexta, se comparada às constantes indicações dos anos 80. Destaca-se nesse período a sensível atuação no drama romântico"As Pontes de Madison", de 1995, em que foi dirigida e contracenou com Clint Eastwood, no papel de uma imigrante italiana casada e com filhos que vive um intenso caso extraconjugal com um fotógrafo de Washington. A emocionante atuação de Meryl Streep, no entanto, não foi agraciada com o Oscar, que acabou sendo concedido à também excelente interpretação de Susan Saradon em "Os Últimos Passos de um Homem". Outras indicações ocorreram pelos filmes "Lembranças de Hollywood" e "Um Amor Verdadeiro". 

Meryl Streep contracenando com Clint Eastwood no sensível As Pontes de Madison.
Já no ano 2000, Meryl retorna ao tapete vermelho indicada como atriz principal pelo filme "Música do Coração" (em que teve de aprender a tocar violino), perdendo para Hilary Swank em "Meninos Não Choram". Outras nomeações sem vitória aconteceram por "Adaptação" (2003), "O Diabo Veste Prada" (onde Meryl deu o que falar com a arrogante e autoritária editora de uma conceituada revista de moda, Miranda Priestley, em 2007), "Dúvida" (a atriz brilhou com uma meticulosa interpetação de um conservadora e implacável freira que promove uma campanha contra um padre de quem suspeita ser pedófilo, em 2009) e "Julie & Julia (2011). Finalmente em 2012, após 29 anos de espera, sob uma impressionante maquiagem e reproduzindo perfeitamente os trejeitos de Margareth Tatcher, Meryl Streep ganha o terceiro Oscar da carreira pelo filme "A Dama de Ferro": super emocionada, foi ovacionada de pé pela plateia e no discurso agradeceu a todos os colegas e fãs, encerrando-o dizendo "acho que nunca mais estarei aqui de novo”.

Meryl Streep em impressionante caracterização como Margareth Tatcher em A Dama de Ferro.
As 17 indicações de Meryl Streep, incrível marca que dificilmente será alcançada durante um bom tempo por outra atriz, corroboram a credibilidade e prestígio que a atriz goza como profissional e como pessoa junto à indústria cinematográfica. E os três Oscars recebidos fizeram história: Meryl Streep iguala a sua marca de prêmios à do mito Indrig Bergman (a eterna Ilsa Lund do clássico "Casablanca"), também agraciada com 02 estatuetas de melhor atriz e 01 de atriz coadjuvante, ficando atrás apenas da iconoclástica Katharine Hepburn, detentora de 04 Oscars.

Meryl Streep, a arrogante Miranda Priestly de O Diabo Veste Prada.
Com um carisma inconfundível e um talento descomunal, Meryl Streep se consagra como uma das grandes/ maiores atrizes da história do cinema, arrebatando fãs de todo o mundo. Uma atriz que ilumina a tela e irradia emoção, seja em papéis dramáticos ou românticos, seja em personagens cômicos ou de caráter duvidoso. Meryl Streep é mais que uma atriz de cinema: é um mito, uma lenda viva da sétima arte.

5 comentários:

  1. Realmente, de uns tempos para cá Meryl Streep não tem parado... É blockbuster atras de blockbuster. Diabo Veste Prada, Julie & Julia, Mamma Mia... Muita coisa. Estava torcendo e comentei no meu site também sobre sua atuação.
    Seu post, claro esta de parabéns!

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  2. Ótimo post, Emerson. Meryl é a melhor. Das atrizes vivas, ela é minha favorita. E seu terceiro Oscar - mais que merecido - me deixou muito feliz. Ela merece. É uma atriz completa, não tem nada que ela não encare e que não faça com perfeição.

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  3. Emerson, mais uma vez tu estás de PARABÉNS pelo teu brilhante texto. Simplesmente irretocável, maravilhosamente bem escrito e colocado. PARABÉNS!!!
    É isso aí mesmo: em tudo o que Meryl Streep toca vira ouro. Impressionante! Ela é capaz de transformar o razoável(sim, não o achei tão ruim assim) "A Dama de Ferro" em um filme inesquecível, única e exclusivamente por causa de sua belíssima atuação. Uma interpretação que foi muito além da imagem; foi todo um belíssimo trabalho de construção: sotaque britânico preciso, modo de caminhar(com destaque para a Margareth velhinha, caminhando bem devagarzinho e com a coluna encurvada), trejeitos e força expressiva no olhar. Simplesmente um deleite!
    Realmente, foi mais do que merecido este Oscar, assim como também acho que a segunda melhor no quesito "atriz principal" nem foi a Viola Davis, e sim a Glenn Close pelo igualmente ótimo trabalho de construção em Albert Nobbs, que foi também uma atuação digna de ser aplaudida de pé, diga-se de passagem.
    Adorei o teu post, Emerson!!!
    Forte abraço e tudo de bom! :)

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  4. Muito bom o texto!!! Meryl Streep é diva e digna de todas as homenagens.

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  5. Ótimo texto Emerson... Concordo em gênero, numero e grau... Meryl além de mega talentosa, é uma das atrizes mais carismáticas...

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