Por Daniel Couri
Como noveleiro assumido, ano passado pude me deliciar com o lançamento da novela Dancin' Days em DVD. Já havia assistido alguns capítulos em vídeo, há muitos anos, graças a um amigo português que gravou para mim direto da TV portuguesa. Com o tempo, as fitas se deterioraram. Surgiu o Youtube. Novamente pude assistir mais capítulos. Depois descobri um blog onde era possível baixar a novela quase toda, embora a qualidade (tanto visual quanto sonora) fosse terrível. Em meio a isso tudo, o Video Show sempre relembra cenas de Dancin' Days. Mas nada se compara ao prazer de poder assistir a novela na sequência certa, de uma vez só, e com ótima qualidade.
O mais engraçado é que eu nasci no ano em que Dancin' Days terminou (1979). Ou seja, não assisti na época. Lembro-me vagamente de algumas músicas e imagens por causa da reprise de 1982, mas obviamente era novo demais para acompanhar uma novela. Ao longo de toda minha infância e adolescência, por incrível que pareça, sempre ouvi falar muito de Dancin' Days e tinha enorme curiosidade para vê-la. É uma novela que faz parte do imaginário coletivo dos brasileiros e de um jeito ou de outro, sempre esteve na boca do povo. O curioso é que mais de 30 anos após sua exibição, a novela de Gilberto Braga, agora em DVD, continua despertando o interesse de novas gerações e matando a saudade de quem pôde assisti-la ainda nos anos 70.
Sonia Braga e Glória Pires em Dancin' Days |
O tema havia sido sugerido pela autora Janete Clair, depois que ela assistiu a um Globo Repórter sobre a vida de mulheres numa penitenciária. O filme Os Embalos de Sábado à Noite (1977), estrelado por John Travolta, também serviu de inspiração, já que a moda das discotecas explodia no mundo todo. Dancin' Days chegou a ser assunto de uma reportagem da revista americana Newsweek, em novembro de 1978. A matéria falava sobre a influência da novela nos hábitos de consumo dos telespectadores, como, por exemplo, o sucesso das meias coloridas de lurex entre as mulheres da época.
Para se ter uma ideia de sua força, Dancin' Days mobilizou milhares de telespectadores em todo o Brasil. Além de lançar modismos, a trama de Gilberto Braga acabou gerando alguns produtos como águas de colônia, sandálias de salto fino e a boneca Pepa, companheira da personagem de Pepita Rodrigues. Era o “merchandising de novela” em seus primórdios. A fábrica chegou a vender 400 mil unidades do brinquedo. Isso sem falar nas altas cifras geradas pela trilha sonora, que figura entre as mais vendidas de todos os tempos.
LP internacional de Dancin' Days |
Joana Fomm, Reginaldo Faria e Sonia Braga |
O longa-metragem de Odilon nos traz novamente Dancin' Days. O filme – o primeiro do diretor – se passa em 1978 e gira em torno de Amanda (Vanessa Giácomo), uma prostituta de luxo vaidosa, fútil e fanática por Dancin’ Days, e sua empregada Dora (Claudia Ohana). Tudo que Amanda quer é abrir as asas, soltar as feras e dançar ao som de disco music na boate que dava nome à novela. Dora é uma ex-militante que vive na clandestinidade em plena ditadura militar. As duas são obrigadas a fugir de São Paulo depois de um incidente fatal e partem para o Rio de Janeiro. Durante a jornada, o destino de ambas vai cruzar o caminho de várias pessoas, entre elas o diplomata João Paulo (Mateus Solano).
Na matéria de capa da Revista da Cultura deste mês, Odilon afirmou: “Dancin’ Days foi a novela que mais influenciou o comportamento da nação. Gilberto Braga e Daniel Filho criaram uma obra pós-moderna: eles trouxeram pra ficção a realidade e vice-versa. A boate realmente existiu em 1976, na Gávea, e teve duas novas versões em 1978, uma na fantasia do folhetim e a outra na vida real, quando Nelson Motta reabriu a discoteca no Morro da Urca. Essa linha tênue entre ficção e realidade me interessa muito e é presença constante em meu trabalho”.
Outra prova de que Dancin' Days está sempre marcando presença na memória afetiva dos brasileiros e voltando ao presente é a coincidência da participação de Claudia Ohana em A Novela das 8. A atriz começou fazendo figuração justamente em Dancin' Days, ainda adolescente, e agora revisita aquele universo: “Fazer esse filme foi voltar a uma época da minha vida que é exatamente quando fiz 15 anos e tudo mudou. Comecei fazendo figuração. É impressionante como o mundo gira e a gente volta às coisas. Foi incrível, foi uma volta ao passado”, contou Claudia duas semanas atrás, em uma coletiva de imprensa para divulgação do filme.
Claudia Ohana e Vanessa Giácomo em A Novela das 8 |
Quero assistir o filme,
ResponderExcluire como queria ter nascido uns 20 anos atras, perdi uma das melhores fases das telenovelas.
http://brincdeescrever.blogspot.com.br/
Dancin Days é um simbolo da narrativa moderna da telenovela, grandes atuações e um aprofundamento de personagens( principalmente Cacá, um alter ego de Gilberto Braga, o primeiro da linhagem entre aqueles que estão entre vocação e boa situação financeira). essa novela pra mim é uma obra-prima, falava diretamente com os jovens , adolescentes e crianças da época. Estou louco pra ver novela das oito....aliás, um ótimo título pra uma novela também. Muito bom texto, Daniel!
ResponderExcluirIsaaaaaaaaaaaac que layout lindo!
ResponderExcluirShow, parabéns!
Realmente ficou muito bom, o melhor layout que vi por aqui.
ResponderExcluirConvido todos a visitar meu blog.
ResponderExcluirhttp://brincdeescrever.blogspot.com.br/
para quem gostava de fina estampa, não pode deixar de conferir o final que escrevi para novela. Imperdível.
Fiquei curioso por ler esse final alternativo, Rafael... Fernanda, Zac, há quanto tempo que não aparecem por aqui. Contente que tenham gostado do novo layout... obra do Fábio Dias, rs.
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