quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Trinta anos de novelas no SBT - Parte II


Por FÁBIO COSTA

Na primeira parte, falei da primeira leva de produções da teledramaturgia do SBT, entre 1982 e 1985. Entre 1990 e 1991, a emissora reprisou algumas dessas novelas dos primórdios à tarde e no início da noite, enquanto preparava a retomada do departamento sob a batuta de Walter Avancini, que ainda em 1990 estreou Brasileiras e Brasileiros, texto seu em parceria com Carlos Alberto Soffredini.

A proposta era fazer uma novela cuja trama fosse centrada nas camadas mais baixas da população e seus problemas de sobrevivência. Os protagonistas eram Ângelo (Fúlvio Stefanini) e Totó (Edson Celulari), que para subirem na vida resolvem promover luta livre entre mulheres, treinando beldades para as disputas, dentre as quais Tereza de Ogum (Isadora Ribeiro). Falar apenas dos pobres não deu muito certo e pouco tempo depois da estreia entraram novos personagens, com destaque para a trama da jornalista Paula (Lucélia Santos) e seu romance com o milionário Ramiro (Rubens de Falco). Tendo perambulado pela grade da emissora em diversos horários, a novela terminou como um grande insucesso que em outras circunstâncias talvez tivesse vingado.

Pela mesma época foram planejadas outras novelas, mas nenhuma foi ao ar. As outras produções de teledramaturgia foram duas séries: o revival de Alô, Doçura com Virgínia Novicki e César Filho e a ótima O Grande Pai, original argentino de Gustavo Barrios (o mesmo de Chiquititas) com Flávio Galvão e Débora Duarte.

Foi em 1994 que houve enfim a verdadeira retomada do setor de teledramaturgia do SBT, sob o comando de Nilton Travesso. Desta vez o caminho escolhido foi o dos remakes, resgatando histórias conhecidas do grande público, tendo assim garantia de interesse e de uma parcela da audiência. A novela escolhida para inaugurar o novo ciclo foi Éramos Seis, adaptação de Sílvio de Abreu e Rubens Ewald Filho do romance homônimo de Maria José Dupré, que até ali já havia ganhado outras três versões para a TV.

Dirigida por Travesso, Henrique Martins e Del Rangel, a novela estreou em maio de 1994 trazendo Irene Ravache na pele de Dona Lola, mulher sofrida que vive ao lado do marido Júlio (Othon Bastos) e dos quatro filhos: Carlos (Jandir Ferrari/Caio Blat), Alfredo (Tarcísio Filho/Wagner Santisteban), Isabel (Luciana Braga/Carolina Vasconcelos) e Julinho (Leonardo Brício/Rafael Pardo). A história acompanha a vida da família por anos e fio, tendo como pano de fundo a transformação de São Paulo e os acontecimentos da vida da cidade entre as décadas de 1910 e 1940. Foi muito bem produzida e consagrou-se como uma das melhores novelas da emissora (a melhor, para alguns) e mesmo da teledramaturgia brasileira.


Em dezembro de 1994 estreou As Pupilas do Senhor Reitor, cuja base era o romance homônimo de Júlio Dinis, em adaptação de Bosco Brasil, Ismael Fernandes e Aziz Bajur contando ainda com a versão escrita por Lauro César Muniz para a TV Record em 1970/71 como ponto de partida e referência. Juca de Oliveira viveu o Padre Antônio, o “Reitor”, responsável pela tutela das jovens Guida (Débora Bloch) e Clara (Luciana Braga), apaixonadas pelos filhos do sitiante José das Dornas (Elias Gleizer): o médico Daniel (Eduardo Moscovis) e o rústico Pedro (Tuca Andrada). Outra produção muito bem cuidada e de grande qualidade, recriando uma aldeia portuguesa no século XIX em detalhes.



Em julho de 1995 foi a vez de estrear Sangue do Meu Sangue, nova versão da novela escrita por Vicente Sesso para a TV Excelsior em 1969/70. No final do Segundo Reinado (ou seja, na década de 1880), Carlos Rezende (Jayme Periard) sobrevive a um atentado e pretende desmascarar o vilão Clóvis Camargo (Osmar Prado), que aplicara um golpe no banco de propriedade de seu sogro, Mário Albuquerque Soares (Rubens de Falco). Clóvis não ama a esposa Júlia (Lucélia Santos) e quer que todos pensem que ela está louca, para que possa se livrar dela. O filho mais velho de Carlos, Lúcio (Tarcísio Filho), se envolve com a atriz Pola Renon (Bia Seidl), que no passado fora amante de seu pai. Outra novela muito bem feita, mas que não conservou uma “graça” especial da versão original, em que Carlos e Lúcio eram interpretados pelo mesmo ator, Francisco Cuoco, enquanto aqui cada personagem teve um intérprete diverso.



Em 1996 o SBT estreou três produções no mesmo dia, 6 de maio. Às 18h30, Colégio Brasil, de Yoya Wursch e Roberto Talma, dirigida por este, fruto de uma parceria com a produtora independente JPO. No colégio do título, as trajetórias dos alunos, professores e funcionários, que se relacionam entre si. Algumas relações têm base no passado, como a do professor Lancellotti (Giuseppe Oristânio) com a inspetora de alunos Nair (Maria Padilha). O diretor é Edmo (Edwin Luisi), boa-gente, mas muito sério, pai de Tininha (Ana Kutner), moça que se envolve com o tímido Manoel Boi (Taumaturgo Ferreira), agregado da escola.



Às 20h era a vez de Antonio Alves, Taxista, adaptada por Ronaldo Ciambroni de original de Alberto Migré (o mesmo autor da primeira novela diária brasileira, 2-5499 Ocupado, exibida aqui em versão de Dulce Santucci em 1963). Outra parceria, aqui com a argentina Ronda Studios, inclusive com os trabalhos sendo feitos na Argentina. Fábio Jr. era Antonio Alves, o taxista que cuidava da família e se apaixonava por Mônica (Guilhermina Guinle), enquanto despertava a cobiça da madrasta da jovem, Claudine (Branca de Camargo, em papel inicialmente destinado a Sônia Braga).




Em seguida ia ao ar Razão de Viver, que era uma adaptação de Meus Filhos, Minha Vida, que tão bons resultados obteve em 1984/85. Analy Alvarez e Zeno Wilde foram os responsáveis pelas modificações no texto de Ismael Fernandes, com direção geral de Nilton Travesso e Henrique Martins. A sofrida Dona Luzia era agora Irene Ravache, que de certa forma revivia sua Dona Lola. Os filhos eram Marco Ricca (André), Petrônio Gontijo (Pedro) e Gabriel Braga Nunes (Mário).


No final de 1996 estreou Dona Anja, adaptação do romance de Josué Guimarães que se passa na década de 1970 numa cidade do interior gaúcho em que os problemas sexuais e afetivos dos moradores se mesclam à discussão em torno do divórcio no país e a situação política nacional, ainda em pleno regime militar. Dona Anja (Lucélia Santos), ao enviuvar do Coronel Quineu Castilhos (Jonas Mello), passa a se entregar aos homens da cidade, a fim de aplacar seu apetite sexual insaciável.





1997 foi o ano de Os Ossos do Barão, escrita por Walter George Durst a partir da obra de Jorge Andrade, que de peça teatral originou uma telenovela global em 1973/74. Antenor Taques Redon (Leonardo Villar), um velho quatrocentão falido e caduco, assiste às transformações sociais do Brasil dos anos 50, com imigrantes como seu ex-colono italiano Egisto Ghirotto (Juca de Oliveira) tomando as rédeas da economia. O sonho de Egisto é possuir um título de nobreza e ser aceito entre a alta sociedade paulista por quem é e não apenas pelo dinheiro, que já possui em quantidade. O casamento de seu filho Martino (Tarcísio Filho) com Izabel (Ana Paula Arósio), neta de Antenor e bisneta do Barão de Jaraguá, torna seu sonho realidade. Ainda no elenco Cleyde Yaconis, Othon Bastos, Clarisse Abujamra, Petrônio Gontijo, Bia Seidl, Laerte Morrone, Denise Del Vecchio, Mayara Magri, Daniela Camargo, Dalton Vigh, Imara Reis, Ewerton de Castro, Jussara Freire e Rubens de Falco.

Ainda em 1997 estreou Chiquititas, sucesso infantojuvenil que permaneceria no ar até 2002, com sucessivas temporadas, e era gravado na Argentina, terra de origem da história. Uma parceria do SBT com a Telefe, emissora local. Flávia Monteiro interpretava Carolina, a jovem diretora do Orfanato Raio de Luz, verdadeira mãe para as crianças que lá viviam. Foram aqui revelados diversos talentos que hoje prosseguem carreira em outras emissoras, como Fernanda Souza, Carla Diaz, Sthefany Brito, Kayky Brito e Paulo Nigro.



Enquanto iam ao ar seguidas temporadas de Chiquititas, ou seja, entre o fim dos anos 90 e o começo da década de 2000, o SBT produziu outras novelas, além de ter prosseguido com a exibição das mexicanas dubladas. Mas esta fase, que vem até os dias de hoje, abordarei na próxima (e última) parte. Até lá!

2 comentários:

  1. Até que enfim Nilton Travesso irá para o SBT, a emissora não ´poderia deixar de ter este grande mestre na sua teledramaturgia.

    Parabéns SBT

    ResponderExcluir

  2. Prabéns SBT por ter devolta este grande mestre da televisao brasioleira que é Nilton Travesso.

    Gilmar de Almeida - Ator que estará de volta com o espetáculo A ARMADILHA em 12 de julho no -

    Teatro ETA, Rua: Major Diogo-Bela Vista -SP

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...