Folhetim de Lucas Andrade
CAPÍTULO 2
CENA 01. HOSPITAL. UTI. INTERIOR. DIA.
Continuação imediata da cena anterior. Lúcio entra no quarto
do paciente e olha para o homem, faz algumas verificações rotineiras enquanto
conversa com ele.
Lúcio - Fique calmo. Eu sou médico, você está num
hospital. Você deve estar se perguntando o que aconteceu, porque você está
aqui... Descansa. Você precisa descansar nesse momento.
O homem se acalma. Lúcio sai e se encontra novamente com
Dominique.
Dominique - Ele pareceu assustado.
Lúcio - Acordar de uma hora pra outra num hospital... É
de se esperar...
Dominique - Sei lá,
eu se acordo assim de uma hora pra outra no hospital, primeira coisa que vou
pensar é que passei dessa pra melhor, que fui parar no Nosso Lar...
Lúcio - Não
conhecia esse teu lado espiritualista!
Dominique - Não é
lado espiritualista! É medo mesmo! Vai que eu me encontro com um dos seis
maridos que tive!
Lúcio - Você
teve seis maridos?
Dominique - Olha, se
eu contar o Vanessão, seriam sete! Só que ela também morreu!
Lúcio - E nunca
te investigaram por assassinato, não? Eu, hein...
Dominique - Escada
não deixa rastro. Aprendi com um tio meu, Aguinaldo. Saudades dele! Esse sim eu
gostaria de rever!
Lúcio - Ele
morreu?
Dominique - Meu tio
Aguinaldo? Não! Que é isso! Ele tá bem! Há boatos que abriu um restaurante em
Portugal!
Lúcio - Mudou de
vida e resolveu fazer algo diferente. Entendi!
Corta para:
CENA 02. CASA DE VIRGÍNIA. SALA. INTERIOR. DIA.
Freddy entra, deixa alguns livros no sofá, senta-se e abre o
notebook, atento tanto nos trabalhos quanto na conversa com a mãe, que entra na
sala, preparando-se para sair.
Virgínia - De novo nesse computador?
Freddy - Tenho uma pesquisa. (entusiasmado) Você nem
sabe: chegou um baleado lá no hospital. O Lúcio que levou.
Virgínia - (assustado) Baleado?
Freddy - A bala no lobo temporal, mãe. Coisa linda de
ver! E eu que fiz a cirurgia da retirada do projétil. Teve uma hora que baixou
a pressão, o Declan se atrapalhou pra injetar a adrenalina, foi me passando
soro fisiológico. Olha a patetice! Mas deu tudo certo.
Virgínia - Meu Deus!
Freddy - E a
minha mão ali, firme. Tô até agora sentindo aquele cheiro de osso, de
cauterização.
Virgínia - Ah, eu
não servia pra medicina!
Freddy - Eu amo
muito tudo isso! Se eu pudesse, morava no hospital! Mas como nem só de cirurgia
vive o cirurgião, mas de toda pesquisa a ser realizada... Já estou aqui nessa
parte chata, envolvido com artigo.
Virgínia - Mas o
paciente tá bem?
Freddy - Esperar
acordar agora, né? Tomara que acorde. E que não dê complicação nenhuma, não
quero que o Lúcio perca a confiança em mim!
Virgínia - O jeito
que você fala... Nem parece que tá lidando com ser humano. Esse homem tinha uma
história! Uma família!
Freddy - E daí?
Salvei a vida dele! É o que importa, não?
Virgínia - Desde
aquela vez que a Luana/
Freddy - (interrompe)
Pode parar! Não vem apelar que eu perdi a sensibilidade pelo que aconteceu
comigo e com a Luana. Essa não cola mais!
Virgínia - Tá certo
então... Não tá mais aqui quem falou!
Freddy - (muda o
assunto) E o pai?
Virgínia - Tô indo
me encontrar com ele. Tá vendo um negócio aí, parece que é um apartamento!
Freddy - Boa
sorte!
Virgínia - Indo
nessa! Novidade eu te ligo!
Virgínia sai. Freddy olha para a sala para ter certeza que não
há ninguém em casa. Liga a webcam e vê Yuri. Conversa segue pelo computador.
Yuri - (cam) Tá
atrasado!
Freddy - (cam)
Minha mãe tava aqui.
Yuri - Quando é
que você vai me ver?
Freddy - (sorri)
Espero que logo, né?
Yuri - Eu estou
ansioso!
Freddy - Eu
também. Mas tenho muita coisa pra estudar ainda, tá difícil encontrar uma brecha
pra ir pra Curitiba.
Yuri - Eu não
sei o que eu faria se não tivesse te encontrado.
Freddy - Nem eu.
De uma hora pra outra, você virou a minha vida pelo avesso.
Conversa segue em off e corta para:
CENA 03. CASA DE ESTELA. SALA. INTERIOR. DIA.
Estela observa a fotografia de Luana. Entra flashback da morte
de Luana, atingida por um tiro durante um assalto. Estela atormentada. Fabiana
a segura. Tensão.
Fabiana - Calma, Estela!
Estela - Me
solta, Fabiana!
Fabiana - Fica
calma!
Estela - Como
posso ficar calma? Minha filha tá morta! Luana tá morta, a culpa é do Lúcio!
O Lúcio
tinha que ter salvado a Luana, não é justo!
Fabiana - Você não
pode voltar no tempo!
Estela - Perdi
minha filha, perdi minha paz interior! E perdi meu marido também! Ele tem
outra, Fabiana! Ele me traí, você tem noção?
Fabiana - O Lúcio
não tinha o direito de fazer isso com você!
Estela - Não
tinha! Ele não podia me expor dessa maneira! Eu sei que todo mundo sabe que eu
não consigo seguir em frente... Ele devia estar comigo, me apoiando, mas vai
encontrar o consolo pra viver com a culpa pela morte da filha nos braços de
outra!
Fabiana - Você não
pode se deixar vencer!
Estela - (se
solta) Eu não vou! E eu também não posso deixar o Lúcio me humilhar desse
jeito! Não posso!
Estela pega a chave do carro de cima de uma mesa.
Fabiana - O que
vai fazer?
Tensão. Corta rápido para:
CENA 04. HOSPITAL. CONSULTÓRIO DE LÚCIO. INTERIOR. DIA.
Estela invade o consultório e fica cara a cara com Lúcio. A
secretária entra em seguida, se desculpando.
Secretária - Eu não consegui impedir/
Lúcio - Pode deixar!
Secretária - Com licença (sai).
Lúcio - Veio fazer escândalo de novo?
Estela - Eu sei do seu caso com a Celina!
Tensão. Corta para:
ABERTURA
CENA 05. HOSPITAL. CONSULTÓRIO DE LÚCIO. INTERIOR. DIA.
Continuação imediata da cena anterior. Tensão. Estela quase
histérica, enquanto Lúcio tenta manter a calma.
Lúcio - A gente precisa conversar!
Estela - Não tem
conversa! A traída aqui sou eu! Por que você está acabando com a minha vida?
Lúcio - As
coisas não são como você pensa que são, Estela!
Estela -
(surtada) Eu ouvi! Ontem, eu ouvi você falando com ela no telefone. Foi a
certeza que eu tive, você e a Celina têm um caso! Meu Deus! Há quantos anos? Eu
lembro... Naquela festa da Virgínia e do Amoroso.... Vocês já estavam juntos,
não estavam? Como você pôde continuar com ela depois de tudo o que aconteceu? A
gente perdeu a Luana! A nossa filha, você devia estar comigo, me dando suporte!
Lúcio - E o que
você acha que eu tenho feito nesse tempo todo? Tenho aguentado você, cada dia
mais desiquilibrada!
Estela -
Aguentado? Que canalha você! Que tipo de homem é você que abandona a mulher
quando mais precisa? Não, eu não estou usando a morte da nossa filha como
justificativa para ter você do meu lado, mas ao menos a decência de pedir o
divórcio se não quer a desequilibrada da sua mulher do seu lado!
Lúcio - (pega o
telefone) Traz um calmante e um copo d’água, faz o favor!
Estela - Que
calmante? Que copo d’água coisa nenhuma! Acha que assim você vai se livrar de
mim, não vai! Não vai, Lúcio, não vai, não vai, não vai!
Fora de si, Estela
caminha em direção à porta, derruba a água e o calmante que a secretária traz
enquanto entra e sai do consultório. Lúcio pega o celular e envia uma mensagem.
Secretária - Que é
isso? (assustada) Ela não tá nada bem!
Lúcio - Nem
precisa ser médico pra saber! Traz outro calmante, mas dessa vez pra mim.
Secretária - Com
licença!
A secretária sai e Lúcio
senta-se em sua poltrona, exausto. Olha para a foto de Luana e Freddy. Com Lúcio
levemente emocionado, corta para:
CENA 05. HOSPITAL. CORREDORES. INTERIOR. DIA.
Estela caminha descontrolada no meio dos pacientes. Ela não
sabe o que fazer. Encontra Fabiana numa sala de espera e se aproxima.
Estela - Vamos embora daqui!
Fabiana - Mas o que houve? Olha seu estado!
Estela - Me tira daqui!
Fabiana - Você não
pode sair desse jeito!
Dominique chega e
suspira aliviada.
Dominique - Ah, você está aqui!
Estela - O que
você quer?
Dominique - O Lúcio
me avisou. Vem comigo.
Estela - Eu não
preciso de você!
Dominique - Precisa
sim!
Estela - Você vai
me dopar de novo, eu sei!
Dominique - Não, eu
só quero te mostrar uma coisa. Vem comigo!
Com receio, Estela olha para Fabiana que, com o olhar,
concorda que Estela vá com Dominique. Na confiança que Dominique passa à
Estela, corta para:
CENA 06. HOSPITAL. UTI. INTERIOR. DIA.
Dominique mostra a Estela através do vidro o paciente
desconhecido que Lúcio e Freddy atenderam. Estela mais calma e Dominique sempre
serena.
Dominique - Aquele paciente ali, está vendo?
Estela - Estou!
Dominique - Lúcio e
Freddy salvaram a vida dele. Ele tomou um tiro num assalto ontem à noite, mas
não se lembra de nada por enquanto. Talvez nunca lembre nem do assalto nem da
vida, a bala atingiu uma parte do cérebro responsável pela memória.
Estela - Lúcio
salva a vida de um desconhecido, mas da própria filha não salvou! Ele não
salvou a vida da Luana!
Dominique - Você
está sendo injusta! Todos aqui fizemos o possível e o impossível pra recuperar
a Luana.
Estela - Eu
queria a minha filha viva, comigo! Eu queria a minha vida como sempre foi!
Sempre foi feliz ao lado do Lúcio! Sempre!
Dominique - O Lúcio
não queria que você visse esse paciente. Mas eu acho que você precisa ver
para... Para confiar mais nele!
Estela - Confiar?
Você sabe que ele tem um caso com a Celina e quer que eu confie nele? Nesse
traidor?
Dominique - Porque
você não segue em frente? Sabe, você tem que superar o que aconteceu!
Estela - Eu não
vou esquecer nunca! Nunca! Eu queria ser igual aquele homem: um completo
desconhecido. Desconhecido da vida e de mim. (pensa) Eu... Eu posso vê-lo mais
de perto?
Dominique - Claro!
Corta para:
CENA 07. IMOBILIÁRIA. INTERIOR. DIA.
Amoroso assina um documento e beija Virgínia.
Amoroso - Mais um apartamento pra nossa coleção, honey!
Virgínia - Hora de
comemorar!
Na felicidade dos dois, corta para:
CENA 08. GRAMADO. EXTERIOR. DIA.
Amoroso dirige pelas ruas da cidade e estaciona perto de uma
sex shop. Ambos envergonhados.
Amoroso - Tá com vergonha?
Virgínia - Será?
Amoroso - Eu nunca
entrei numa sex shop na vida! Como será que é lá dentro?
Virgínia -
(maliciosa) O importante não é como é lá dentro, mas sim se tem o que a gente
quer!
Amoroso - Ai,
assim você mata o papai!
Virgínia - (olha
para a loja) Então? A gente entra juntos?
Na dúvida do casal, corta para:
CENA 09. HOSPITAL. UTI. INTERIOR. DIA.
Estela se aproxima do homem desconhecido. Ele dorme.
Estela - Um assalto! Um outro assalto! Você teve sorte!
A minha filha não teve!
Estela olha atentamente o homem desconhecido. Está angustiada.
Entra flashback da morte de Luana.
Estela começa a se sentir estranha. Presta bem atenção no rosto do homem
enquanto lembra da morte de Luana. Lembra do homem que deu o tiro em Luana.
Lembra da movimentação no posto de gasolina. Estela percebe: o homem que Lúcio
salvou é o mesmo homem que tirou a vida de Luana. Abalada com a descoberta,
Estela não sabe o que fazer.
Estela - O Lúcio... Ele salvou... Ele salvou a vida do
assassino da Luana!
Tensão. Closes alternados entre Estela e o homem desconhecido.
Corta.
Uau, bom gancho hein rs! Como Lúcio vai reagir ao saber que salvou a vida do cara que matou sua filha? Aguardando os próximos capítulos =)
ResponderExcluirAbraços
Muito bom o gancho. To gostando bastante da história!
ResponderExcluirparabéns Lucas
Pensei muito rápido na história! O título "Pedido de ilusão" estava num arquivo com vários títulos pra histórias que eu tenho no computador, apenas encaixei hehe... Pra montar os cinco capítulos, a primeira coisa que pensei foram nos ganchos de abertura e no gancho final! Tô muito feliz que estejam acompanhando a webnovela! Abraços!!! :D
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