Por Leonardo Mello de Oliveira
Nunca na história da
televisão, os remakes de telenovelas ficaram tão em evidência, chegando até
mesmo a ter um horário próprio só pra eles. Odiados por uns, amados por outros,
remakes sempre parecem causar mais burburinho que novelas originais. Talvez
porque o remake venha com dois objetivos a cumprir: repercutir, assim como
qualquer novela, e fazer igual, ou até melhor, que a sua primeira versão. Ele
vai causar mais discussão, pois todos vão prestar mais atenção ao elenco (que
deve honrar o nome do elenco original), à história (sempre mais vigiada, pois
agora estamos em outro tempo, geralmente bem além de quando se passou a
primeira versão) e à audiência.
Um dos primeiros remakes de novelas brasileiras foi O Direito de Nascer, em 1978. A Tupi havia criado um verdadeiro fanatismo aos atores de novelas com a primeira versão deste clássico em 1964, e pretendia repetir o sucesso com este remake, reunindo boa parte de seu melhor casting. Porém o sucesso desta não podia nem ser comparado ao da original. Lembrando que a versão de 64 já era baseada na radionovela já exibida no Brasil que era um texto do cubano Félix Caignet já exibido no país de origem de seu autor. O Direito de Nascer ainda ganharia mais uma versão em 2001, dessa vez pelo SBT, porém passou quase que despercebida pelo público.
Talvez o primeiro
remake a ser um grande sucesso foi Amor com Amor se Paga (1984), de Ivani
Ribeiro, adaptação de Camomila e Bem-me-quer (1972), de mesma autoria. A partir
desta lembrada obra, onde Ary Fontoura deitou e rolou com seu Nonô Correia,
Ivani passou a apenas adaptar suas antigas novelas, a maioria com títulos
diferentes das originais. Em 1985 veio A Gata Comeu, adaptação de A Barba Azul
(1974), em 1987 veio Hipertensão, adaptação de Nossa Filha Gabriela (1971), em
89, O Sexo dos Anjos, adaptada de O Terceiro Pecado (1968), em 1993 vem
Mulheres de Areia, adaptação homônima de 1973, e em 1994, tivemos A Viagem,
remake também homônimo da novela de 1975. Todas alcançaram relevante sucesso,
porém A Gata Comeu, Mulheres de Areia e A Viagem superaram o sucesso de suas
primeiras versões, estourando na audiência e tendo direito a duas reprises no
Vale a Pena Ver de Novo posteriormente.
Janete Clair foi outra
autora que teve suas melhores obras adaptadas. Selva de Pedra foi uma das
novelas que ganharam remake pouco tempo depois do término da original. A
primeira versão foi em 1972, e a segunda em 86. Adaptada por Regina Braga e
Eloy Araújo, foi o único remake no horário nobre global, alcançando um relativo
sucesso. Em 95 e 98 foi a vez de Irmãos Coragem (1970) e Pecado Capital (1975)
ganharem uma nova cara. Porém, não alcançaram as metas esperadas. Além de terem
sido muito modificadas pelos adaptadores, foram exibidas no horário das seis, o
que descaracterizou as obras. Em 2011, O Astro (1977) ganhou seu remake,
inaugurando o horário das onze. A obra, muito bem escrita, interpretada e
dirigida, ganhou a crítica e o público e ainda homenageou o jeito Janete Clair
de se fazer novela, com muitas cenas de casais apaixonados e clima kitsch.
Nos anos 90, a TV se
viu inundada pelos remakes. Além dos já citados de obras de Janete Clair, o SBT
resolveu investir pesado em teledramaturgia e começou a produzir belíssimos
remakes de época. O primeiro experimento, Éramos Seis, em 1994, conquistou a
todos e tudo parecia seguir corretamente para o novo projeto da emissora de
Sílvio Santos. Continuou-se a produzir belíssimos remakes, como As Pupilas do
Senhor Reitor (1995), Sangue do Meu Sangue (1996) e Os Ossos do Barão (1997),
porém, não acompanharam o sucesso de Éramos Seis. Vale lembrar ainda Anjo Mau
(1997), adaptação muito bem feita por Maria Adelaide Amaral da original de
Cassiano Gabus Mendes.
Nos mais recentes
anos 2000, outros remakes foram exibidos, porém nenhum marcou realmente a
história da TV. Podemos citar alguns, como as adaptações de Edmara e Edilene
Barbosa para as obras de seu pai Benedito: Cabocla (2004), Sinhá Moça (2006) e
Paraíso (2009). Há também O Profeta (2006), remake da obra de Ivani Ribeiro
feita pela dupla Thelma Guedes e Duca Rachid, e A Escrava Isaura (2004), remake
de Thiago Santiago do clássico de 1976, feita pela Record.
Foi em 2010 que os
remakes voltaram com tudo, com Tititi. Maria Adelaide Amaral fusionou Tititi
(1985) e Plumas & Paetês (1980), duas novelas de Cassiano Gabus
Mendes. O grande êxito desta obra abriu
portas para outros remakes e, porque não dizer, para o horário das onze,
exclusivo dos remakes. Estreando com O Astro (2011), o horário ainda trouxe
duas grandes e bem feitas obras, remakes de clássicos dos anos 70: Gabriela
(2012) e Saramandaia (2013). Ainda tivemos Guerra dos Sexos (2012), adaptada da
clássica comédia de 83, escrita pelo autor original, Sílvio de Abreu. Diferente
dos outros remakes de seu tempo, não obteve êxito nem na crítica nem no público
por praticamente ter mantido o mesmo roteiro, que não cabia para os tempos
atuais.
Muitos dizem que o
remake estraga a obra original. Mas eu lhes pergunto: o que o remake vai
interferir no êxito já obtido pela sua primeira versão? Se ele der certo,
ótimo, temos mais uma boa novela na história da nossa teledramaturgia, se não
der, é uma pena. Cada um tire sua própria conclusão. A obra original continua
lá, continua sendo um clássico, lembrada do mesmo jeito. Outros ainda falam que
nunca o remake irá superar o primeiro. Mas este nem mesmo é o objetivo. O
objetivo é usar uma história já conhecida e criar algo novo a partir disso. Com
uma “batalha” de novelas que podem ganhar remake no horário das onze em 2014 e com
mais um remake de Benedito Ruy Barbosa, Meu Pedacinho de Chão, para o mesmo
ano, esperamos cada vez mais remakes de qualidade e que possam nos agradar
tanto quanto suas versões originais.
Eu particularmente sou muito fã de remakes. Adoro essa possibilidade de se contar uma história de sucesso com novos atores, uma história repaginada e com novos elementos adicionados pelos novos autores.
ResponderExcluirAcho um pouco de ignorância uma pessoa ser totalmente contra remakes, alegando que os atores da nova geração não tem capacidade de atuar (a gente sabe que existe atores e atrizes ruins, mas tem muita gente boa nessas novas gerações também) e além do mais, a trama original continua existindo para quem quiser ver.
Dito isso, estou ansioso pelo remake de "O Rebu". Espero que tenha mais êxito que "Saramandaia".
-Anon
Não gostei de nenhum remake das obras de Janete Clair. Nem mesmo de "O Astro", que foi elogiada.
ResponderExcluirAgora, Ivani Ribeiro é imbatível.
Oi!
ResponderExcluirGostaria de saber quem tem os direitos sobre as obras de Cassio Gabus Mendes
Se é a familia ou a Tv Globo!
Obrigada!