autor: Augusto Vale
CENA 01. SERRA LEOA - ÁFRICA. BARRACO. INT. DIA.
Continuação imediata da última cena do capítulo anterior. Um dos atiradores, muito mal encarado, mira a pistola em Kadu e Davi. Atiradores dialogam em inglês. Colocar tradução.
ATIRADOR 1: - Ora, ora, ora... Veja só o que eu encontrei aqui, parceiro.
ATIRADOR 2: - Duas bichas borrando as calças de medo.
Os dois caem na gargalhada. Kadu e Davi tensos. Alguém dispara um tiro e silencia a gargalhada. Um dos atiradores ingleses cai, então vemos um homem negro na porta, com uma pistola. O outro atirador inglês nem tem tempo de reagir e também é atingido. Estão mortos. Kadu e Davi se espremem dentro do baú, com medo de que alguma bala sobre pra eles. O novo atirador caminha até a mulher grávida e agora morta, ajoelha-se e chora. É o tempo que Kadu e Davi saem do baú e caem fora dali.
KADU: - Vamos, Davi. Esse documentário já tá virando filme de ação, e eu não gosto nada disso.
Corta para:
CENA 02. AVIÃO. INT. NOITE.
Kadu e Davi estão sentados, lado a lado. Comem alguma coisa. O avião ainda não decolou.
DAVI: - Tráfico de diamantes?
KADU: - Aquele terceiro atirador não passava de um pobre minerador... de diamantes, certamente. Observei alguns utensílios no barraco dele que me fizeram concluir isso. Ele devia ter negócios com aqueles dois ingleses. Dois contrabandistas, suponho. Acabou daquele jeito.
DAVI: - Que aventura hein?! No próximo documentário, vamos pra Bariloche. Mais perto, menos perigoso, menos quente... (pausa, mudando de assunto) E a Alessandra? Quando a noivinha chega da Espanha?
KADU: - Essa semana. O noivado é na sexta... e eu tô sem cabeça nenhuma pra festa, sabia?!
Celular de Kadu vibra. No display se lê “Dona Leonor”.
DAVI: (risinho) - Xiiiii... Melhor atender a toda-poderosa.
KADU: - Já é a quinta vez hoje. (Telefone) Fala, mãe. Seja rápida, o avião já vai sair.
Corta para:
CENA 03. APART. DE TIA SOFIA. COZINHA. INT. NOITE.
Júlia e Tia Sofia estão sentadas à mesa. Belita mexe um mingau ou coisa assim no fogão, sem se intrometer na conversa. Júlia mente.
JÚLIA: - Ele era um marido carinhoso, mas dado à farra, bebida... Descobri que estava me traindo com a secretária. Não perdoei, pedi o divórcio.
TIA SOFIA: - Eu sinto muito, minha filha. Mas homem é mesmo bicho ruim. Quando não é mulherengo, é viciado em jogo, bebida... Depois que o seu tio Euclides foi dessa pra uma melhor, nem passou pela minha cabeça casar novamente. Deus me livre! E eu ainda estava nova, tudo em cima, boazuda mesmo.
Júlia e Belita sorriem e trocam um olhar de confidência.
TIA SOFIA: - Você pode ficar aqui o tempo que precisar, minha sobrinha. Só peço que me ajude nas despesas, porque essa aposentadoria de professora mal dá pra eu passar o mês.
JÚLIA: - Claro, tia. Tinha certeza que a senhora não me deixaria na mão.
TIA SOFIA: (beijando a testa de Júlia) - Jamais, minha filha. Agora, deixa eu ir ver minha novela. É hoje que o Murilo Benício descobre que a Cláudia Raia é a maior pilantra. Adoro esses fuzuê. Fiquem à vontade. (sai)
JÚLIA: (para Belita) – Não podia dizer que matei meu marido.
BELITA: (aperta o braço de Júlia, como quem dá força) – Claro, senhora Júlia.
JÚLIA: - Como é que é?
BELITA: - Júlia! Prometo que vou me acostumar.
As duas sorriem. Corta para:
CENA 04. APART. DE TIA SOFIA. BANHEIRO. INT. NOITE.
Júlia sai do banho. Troca o curativo do ferimento no pescoço, próximo à nuca, onde o cabelo consegue esconder totalmente. Olha pro espelho. Entra insert do momento que Lorenzo fere o pescoço de Júlia (cena 10 do cap. 01). Volta pra ela. Entra insert do momento que Júlia empurra Lorenzo, que cai pela janela. Volta pra ela em definitivo.
JÚLIA: (pro seu reflexo no espelho) – Maldito!
Fade out. Corta para:
CENA 05. RIO DE JANEIRO. EXT. DIA.
Música: Passarinhos - Emicida & Vanessa da Mata. Dia amanhecendo. Pessoas fazendo caminhada, se exercitando. Selecionar outras imagens que ilustrem um novo dia. Corta para:
CENA 06. MANSÃO DE LEONOR GALVÃO. QUARTO DE LEONOR. INT. DIA.
Continuar música da cena anterior por alguns segundos. Mostrar fachada da mansão, sugerindo o poder da família Galvão. Agora, em close, se vê Leonor calçando um sapato. Ainda em close, põe anel, pulseira e blazer. Muito luxo. Passa um batom e, finalmente, se vê pronta no espelho.
KADU: (em off, mas logo entrando) – Dona Leonor?
LEONOR: - Carlos Eduardo? Aqui está a mamãe, seu filho desnaturado. (abraçando-o) Como é que você faz uma coisa dessas comigo? África, meu filho? Aquilo é lugar de gente? Você sabe muito bem que sou terminantemente contra esse seu documentário. A nossa produtora tem uma porção de fotógrafos, você não tinha nada que se meter a fazer isso.
KADU: - Ai, ai, ai... É assim que você recebe seu filho querido, depois de um mês longe dele? Além do mais, você sabe que eu faço isso por prazer. Esse documentário na Serra Leoa me trouxe experiências novas, sabia?
LEONOR: - Espero que, junto com essas novas experiências, não tenha trazido alguma doença também. Ebola, já ouviu falar? Deus me livre...
KADU: - Para, mãe. Cadê o papai?
LEONOR: - No golfe, como sempre. Mas não mude de assunto... Não quero mais te ver cometendo essas loucuras. Quer fotografar? Vai pra Paris. Agora vai, vai tomar um banho, comer alguma coisa, descansar... Estou indo pra produtora e quando chegar quero conversar com você sobre a sua festa de noivado. Falta acertar alguns detalhes. É na sexta, espero que não tenha esquecido. A Alessandra também chega no sexta, em cima da hora. Mandou refazer o vestido. Coisas da Alessandra, você sabe. Ela ficou muito preocupada com você, sabia? Encheu minha paciência. Cria juízo, menino.
Na expressão crítica de Kadu, corta para:
CENA 07. APART. DE TIA SOFIA. SALA. INT. DIA.
Tia Sofia assiste TV, acariciando um gato. Júlia chega, festiva:
JÚLIA: - A senhora não vai acreditar. Consegui um emprego!
TIA SOFIA: - Não acredito! No primeiro dia que saiu à procura? Que maravilha, minha filha! Dá cá um abraço. (abraçam-se) Onde é?
JÚLIA: - Num buffet. Coisa chique. Cheio de etiquetas. Não pagam muito bem, mas não tô podendo escolher, ne tia?! Eles vão servir na festa de noivado de um ricaço nesse fim de semana, tão contratando mais gente, e eu dei sorte. (contentamento)
Belita chega da cozinha, trazendo Javier.
BELITA: - Que alegria é essa?
TIA SOFIA: - Minha sobrinha conseguiu um trabalho. Na crise que estamos vivendo, é motivo pra comemorar mesmo, com fogos e o que tiver direito.
BELITA: - Que boa notícia, senhora Júlia! Digo, Júlia.
Na alegria de Júlia, corta para:
Música: Passarinhos - Emicida & Vanessa da Mata. Dia amanhecendo. Pessoas fazendo caminhada, se exercitando. Selecionar outras imagens que ilustrem um novo dia. Corta para:
CENA 06. MANSÃO DE LEONOR GALVÃO. QUARTO DE LEONOR. INT. DIA.
Continuar música da cena anterior por alguns segundos. Mostrar fachada da mansão, sugerindo o poder da família Galvão. Agora, em close, se vê Leonor calçando um sapato. Ainda em close, põe anel, pulseira e blazer. Muito luxo. Passa um batom e, finalmente, se vê pronta no espelho.
KADU: (em off, mas logo entrando) – Dona Leonor?
LEONOR: - Carlos Eduardo? Aqui está a mamãe, seu filho desnaturado. (abraçando-o) Como é que você faz uma coisa dessas comigo? África, meu filho? Aquilo é lugar de gente? Você sabe muito bem que sou terminantemente contra esse seu documentário. A nossa produtora tem uma porção de fotógrafos, você não tinha nada que se meter a fazer isso.
KADU: - Ai, ai, ai... É assim que você recebe seu filho querido, depois de um mês longe dele? Além do mais, você sabe que eu faço isso por prazer. Esse documentário na Serra Leoa me trouxe experiências novas, sabia?
LEONOR: - Espero que, junto com essas novas experiências, não tenha trazido alguma doença também. Ebola, já ouviu falar? Deus me livre...
KADU: - Para, mãe. Cadê o papai?
LEONOR: - No golfe, como sempre. Mas não mude de assunto... Não quero mais te ver cometendo essas loucuras. Quer fotografar? Vai pra Paris. Agora vai, vai tomar um banho, comer alguma coisa, descansar... Estou indo pra produtora e quando chegar quero conversar com você sobre a sua festa de noivado. Falta acertar alguns detalhes. É na sexta, espero que não tenha esquecido. A Alessandra também chega no sexta, em cima da hora. Mandou refazer o vestido. Coisas da Alessandra, você sabe. Ela ficou muito preocupada com você, sabia? Encheu minha paciência. Cria juízo, menino.
Na expressão crítica de Kadu, corta para:
CENA 07. APART. DE TIA SOFIA. SALA. INT. DIA.
Tia Sofia assiste TV, acariciando um gato. Júlia chega, festiva:
JÚLIA: - A senhora não vai acreditar. Consegui um emprego!
TIA SOFIA: - Não acredito! No primeiro dia que saiu à procura? Que maravilha, minha filha! Dá cá um abraço. (abraçam-se) Onde é?
JÚLIA: - Num buffet. Coisa chique. Cheio de etiquetas. Não pagam muito bem, mas não tô podendo escolher, ne tia?! Eles vão servir na festa de noivado de um ricaço nesse fim de semana, tão contratando mais gente, e eu dei sorte. (contentamento)
Belita chega da cozinha, trazendo Javier.
BELITA: - Que alegria é essa?
TIA SOFIA: - Minha sobrinha conseguiu um trabalho. Na crise que estamos vivendo, é motivo pra comemorar mesmo, com fogos e o que tiver direito.
BELITA: - Que boa notícia, senhora Júlia! Digo, Júlia.
Na alegria de Júlia, corta para:
CENA 08. RIO DE JANEIRO. EXT. DIA/NOITE.
Música: Waiting For Love – Avicii. Imagens que ilustrem passagem de tempo de três dias, situando o telespectador na sexta de manhã. Não usar letreiro. Corta para:
CENA 09. AEROPORTO. INT. DIA.
Stock-shot de um aeroporto. Seguindo com a música da cena anterior por alguns segundos. Kadu e Davi aguardam alguém. Toda produzida, Alessandra aparece, acaba de chegar da Espanha.
ALESSANDRA: (muito contente) - Iron man! Ai que saudade de você, honey. (abraçando Kadu)
KADU: - Como foi a viagem?
ALESSANDRA: - Tiresome! Cansativa demais. Onde está a comunidade científica que ainda não inventou um jeito de chegar sem ter de ir? Não dá pra entender. Isso cansa a minha beleza. (para Davi) E você, Davi, quanto tempo! Fiquei sabendo que você é o maior garanhão do Rio de Janeiro. Não está desvirtuando meu shy-guy, está?
Kadu e Davi entreolham-se e esboçam um risinho.
KADU: - Vamos, Alê. A dona Leonor tá surtando com os preparativos da festa. Algumas coisas só você pode decidir.
ALESSANDRA: - Oh my God! É o dia do nosso noivado, meu amor! Estou tão feliz! Happy day! I love it!
Na expressão de Alessandra, fade out. Corta para:
CENA 10. MANSÃO DE LEONOR. QUARTO DE LEONOR. INT. NOITE.
Mostrar jardim da mansão. Acontece uma grande festa. Música. Bebida. Figuração de convidados. Corta para o quarto de Leonor. Horácio está sentado em uma poltrona. Leonor se arruma para a festa.
HORÁCIO: - 150 convidados? Pra quê isso tudo, Leonor? É só uma festa de noivado, ainda não é o casamento.
LEONOR: - Bem se vê que você não entende nada de convenções sociais, Horácio. É o noivado do nosso único filho... um Galvão! Deixe de me irritar, desça e receba os convidados. Pega mal os empregados fazendo as vezes de anfitriões. (virando-se a ele) Faça alguma coisa útil.
Horácio sai resmungando, enquanto a empregada Zezé entra.
ZEZÉ: - Dona Leonor, a Alessandra e os pais dela chegaram.
No rosto de Leonor, volta para o jardim. Muito bonita, Alessandra chega de carro com seus pais, Tavinho e Narcisa Cavalcante.
NARCISA: (crítica) - A Leonor e a sua velha mania de grandeza.
TAVINHO: - Uma festa digna da nossa filha.
Fotógrafos registram a chegada. Com uma taça de bebida, Kadu se aproxima da noiva, deixando Davi pra trás.
KADU: - Mas tá uma princesa essa minha noiva!
Beijo rápido. Kadu cumprimenta os futuros sogros. CAM em Dolly out, ampliando. Corta para:
CENA 11. MANSÃO DE LEONOR. COZINHA. INT. NOITE.
Abre nos doces sendo confeitados. CAM recua. Vemos que Júlia está confeitando. Cozinha cheia de empregados do buffet. Todos devidamente uniformizados. Entra um empregado, o chefe de todos os outros.
CHEFE: - A noiva chegou. Dois garçons não apareceram até agora. Infelizes! Vão se ver comigo depois. (para Júlia) Você, pega aquela bandeja e vá servir os convidados.
JÚLIA: - Mas senhor...
CHEFE: - Não discuta comigo!
Corta para:
CENA 12. MANSÃO DE LEONOR. JARDIM. EXT. NOITE.
Segue a festa. Júlia carrega uma bandeja com taças de champanhe, servindo os convidados. Zezé passa coordenadas para os empregados. O DJ anima. Uma turma jovem dança. Leonor se aproxima de Alessandra, Tavinho e Narcisa, que estão juntos a Kadu e Horácio.
LEONOR: - Demorei? Mil perdões. (para Alessandra) Minha querida! Você está deslumbrante. Se está assim no noivado, imagine no casamento.
ALESSANDRA: - Por falar no casamento, já me antecipei e encomendei o vestido, Leonor. Adivinha quem vai fazer? Ream Acra, meu amor. A estilista da Eva Longoria.
LEONOR: - Uau!
NARCISA: - A festa está muito bonita, Leonor. Dessa vez, você se superou.
LEONOR: - Obrigada, querida. Os nossos filhinhos merecem, não é mesmo?
HORÁCIO: - A Leonor quer manchete, quer aparecer mais que a rainha da Inglaterra.
LEONOR: - A rainha da Inglaterra jamais seria casada com o bobo da corte, meu querido.
Todos sorriem, menos Horácio, que fica sem graça. Posam para os fotógrafos.
KADU: - Vou pegar minha câmera. Eu mesmo quero fazer umas fotos de vocês.
ALESSANDRA: - Mas honey...
KADU: - Não demoro.
Kadu sai. Cumprimenta alguns convidados. Toma distância do ponto anterior. De repente, sem olhar pra frente, esbarra em Júlia, que entorna a bandeja de champanhe nele. Usar efeito suave. Close alternados nos olhos de Kadu e Júlia. Parecem estar encantados. Desfaz-se o efeito.
JÚLIA: - Me perdoe, perdoe... Eu sou muito desastrada.
KADU: - Não há o que perdoar, a culpa foi minha, que não estava olhando pra frente. Você se machucou?
JÚLIA: - Não, não... Mas você está todo ensopado de champanhe.
KADU: (olhando o estrago em sua roupa) - É, você caprichou.
Os dois esboçam um sorriso. Mais encantamento.
JÚLIA: - Venha comigo, eu dou um jeito nisso. (dá dois passos e vê que Kadu ainda está parado, fascinado) Vamos! (puxa-o)
Eles vão em direção a mansão. Mostrar que Davi assiste a cena e dá risada. Corta rápido para:
CENA 13. MANSÃO DE LEONOR. QUARTO DE KADU. INT. NOITE.
Júlia passa um ferro na camisa de Kadu. Ele já está saindo do banho, enrolado em uma toalha. Júlia não deixa de notar que o rapaz tem um corpo de encher os olhos.
KADU: - E então, conseguiu secar a camisa?
JÚLIA: - Sim, está salva. Felizmente foi só champanhe. Mas também se não fosse, você deve ter dezenas de camisas tão bonitas quanto esta...
KADU: (aproximando-se, olhando Júlia nos olhos e cortando a fala dela) – Obrigado.
Os olhares ficam mais intensos. Entra música: When You Say Nothing At All - Ronan Keating. Clima. Kadu toca delicadamente o rosto de Júlia. Química. Os dois se beijam.
No beijo do casal, efeito e corta para:
FINAL DO CAPÍTULO 02
Música: Waiting For Love – Avicii. Imagens que ilustrem passagem de tempo de três dias, situando o telespectador na sexta de manhã. Não usar letreiro. Corta para:
CENA 09. AEROPORTO. INT. DIA.
Stock-shot de um aeroporto. Seguindo com a música da cena anterior por alguns segundos. Kadu e Davi aguardam alguém. Toda produzida, Alessandra aparece, acaba de chegar da Espanha.
ALESSANDRA: (muito contente) - Iron man! Ai que saudade de você, honey. (abraçando Kadu)
KADU: - Como foi a viagem?
ALESSANDRA: - Tiresome! Cansativa demais. Onde está a comunidade científica que ainda não inventou um jeito de chegar sem ter de ir? Não dá pra entender. Isso cansa a minha beleza. (para Davi) E você, Davi, quanto tempo! Fiquei sabendo que você é o maior garanhão do Rio de Janeiro. Não está desvirtuando meu shy-guy, está?
Kadu e Davi entreolham-se e esboçam um risinho.
KADU: - Vamos, Alê. A dona Leonor tá surtando com os preparativos da festa. Algumas coisas só você pode decidir.
ALESSANDRA: - Oh my God! É o dia do nosso noivado, meu amor! Estou tão feliz! Happy day! I love it!
Na expressão de Alessandra, fade out. Corta para:
CENA 10. MANSÃO DE LEONOR. QUARTO DE LEONOR. INT. NOITE.
Mostrar jardim da mansão. Acontece uma grande festa. Música. Bebida. Figuração de convidados. Corta para o quarto de Leonor. Horácio está sentado em uma poltrona. Leonor se arruma para a festa.
HORÁCIO: - 150 convidados? Pra quê isso tudo, Leonor? É só uma festa de noivado, ainda não é o casamento.
LEONOR: - Bem se vê que você não entende nada de convenções sociais, Horácio. É o noivado do nosso único filho... um Galvão! Deixe de me irritar, desça e receba os convidados. Pega mal os empregados fazendo as vezes de anfitriões. (virando-se a ele) Faça alguma coisa útil.
Horácio sai resmungando, enquanto a empregada Zezé entra.
ZEZÉ: - Dona Leonor, a Alessandra e os pais dela chegaram.
No rosto de Leonor, volta para o jardim. Muito bonita, Alessandra chega de carro com seus pais, Tavinho e Narcisa Cavalcante.
NARCISA: (crítica) - A Leonor e a sua velha mania de grandeza.
TAVINHO: - Uma festa digna da nossa filha.
Fotógrafos registram a chegada. Com uma taça de bebida, Kadu se aproxima da noiva, deixando Davi pra trás.
KADU: - Mas tá uma princesa essa minha noiva!
Beijo rápido. Kadu cumprimenta os futuros sogros. CAM em Dolly out, ampliando. Corta para:
CENA 11. MANSÃO DE LEONOR. COZINHA. INT. NOITE.
Abre nos doces sendo confeitados. CAM recua. Vemos que Júlia está confeitando. Cozinha cheia de empregados do buffet. Todos devidamente uniformizados. Entra um empregado, o chefe de todos os outros.
CHEFE: - A noiva chegou. Dois garçons não apareceram até agora. Infelizes! Vão se ver comigo depois. (para Júlia) Você, pega aquela bandeja e vá servir os convidados.
JÚLIA: - Mas senhor...
CHEFE: - Não discuta comigo!
Corta para:
CENA 12. MANSÃO DE LEONOR. JARDIM. EXT. NOITE.
Segue a festa. Júlia carrega uma bandeja com taças de champanhe, servindo os convidados. Zezé passa coordenadas para os empregados. O DJ anima. Uma turma jovem dança. Leonor se aproxima de Alessandra, Tavinho e Narcisa, que estão juntos a Kadu e Horácio.
LEONOR: - Demorei? Mil perdões. (para Alessandra) Minha querida! Você está deslumbrante. Se está assim no noivado, imagine no casamento.
ALESSANDRA: - Por falar no casamento, já me antecipei e encomendei o vestido, Leonor. Adivinha quem vai fazer? Ream Acra, meu amor. A estilista da Eva Longoria.
LEONOR: - Uau!
NARCISA: - A festa está muito bonita, Leonor. Dessa vez, você se superou.
LEONOR: - Obrigada, querida. Os nossos filhinhos merecem, não é mesmo?
HORÁCIO: - A Leonor quer manchete, quer aparecer mais que a rainha da Inglaterra.
LEONOR: - A rainha da Inglaterra jamais seria casada com o bobo da corte, meu querido.
Todos sorriem, menos Horácio, que fica sem graça. Posam para os fotógrafos.
KADU: - Vou pegar minha câmera. Eu mesmo quero fazer umas fotos de vocês.
ALESSANDRA: - Mas honey...
KADU: - Não demoro.
Kadu sai. Cumprimenta alguns convidados. Toma distância do ponto anterior. De repente, sem olhar pra frente, esbarra em Júlia, que entorna a bandeja de champanhe nele. Usar efeito suave. Close alternados nos olhos de Kadu e Júlia. Parecem estar encantados. Desfaz-se o efeito.
JÚLIA: - Me perdoe, perdoe... Eu sou muito desastrada.
KADU: - Não há o que perdoar, a culpa foi minha, que não estava olhando pra frente. Você se machucou?
JÚLIA: - Não, não... Mas você está todo ensopado de champanhe.
KADU: (olhando o estrago em sua roupa) - É, você caprichou.
Os dois esboçam um sorriso. Mais encantamento.
JÚLIA: - Venha comigo, eu dou um jeito nisso. (dá dois passos e vê que Kadu ainda está parado, fascinado) Vamos! (puxa-o)
Eles vão em direção a mansão. Mostrar que Davi assiste a cena e dá risada. Corta rápido para:
CENA 13. MANSÃO DE LEONOR. QUARTO DE KADU. INT. NOITE.
Júlia passa um ferro na camisa de Kadu. Ele já está saindo do banho, enrolado em uma toalha. Júlia não deixa de notar que o rapaz tem um corpo de encher os olhos.
KADU: - E então, conseguiu secar a camisa?
JÚLIA: - Sim, está salva. Felizmente foi só champanhe. Mas também se não fosse, você deve ter dezenas de camisas tão bonitas quanto esta...
KADU: (aproximando-se, olhando Júlia nos olhos e cortando a fala dela) – Obrigado.
Os olhares ficam mais intensos. Entra música: When You Say Nothing At All - Ronan Keating. Clima. Kadu toca delicadamente o rosto de Júlia. Química. Os dois se beijam.
No beijo do casal, efeito e corta para:
FINAL DO CAPÍTULO 02
Uau! Olha que juntando o primeiro com o segundo, dá um primeiro capítulo de novela magnífico! Lógico, quando a gente escreve ainda está preso em algum didatismo (eu sinto isso em mim), mas é falta de feeling. Mas no quesito criatividade, tá sensacional! Eu acho que o teu trunfo está na construção das personagens. Alessandra e Leonor são ótimas, tudo pra ser aquela dupla de vilãs esnobes que o público adora...
ResponderExcluirExatamente isso que tenho em mente: o Kadu e a Júlia se conhecendo no primeiro capítulo, como qualquer casal protagonista normal. Mas nesse formato aqui ficaria um texto longo demais. Do didatismo a gente sempre procura fugir, mas é complicado. Nessas horas é que eu entendo o Walcyr Carrasco, rs. Que bom que esteja curtindo, Lucas. Vem surpresas por aí.
ExcluirReconheço que é difícil de fugir do didatismo. Eu vejo meus textos e penso muito nisso. Mas como eu disse, é porque no nosso caso, falta feeling. Já no caso de alguns autores, bem, prefiro dizer que é estilo pra não comprar briga com ninguém hehehe...
ExcluirExcelente como o primeiro! Não vejo nada que macule este capítulo! A Leonor, de fato, promete ser uma vilã das boas, já a Alessandra é fresquinha acima da média, mais enjoada que mel em excesso! Quanto à Júlia, pelo que li até agora, será a mocinha da história. Pelo menos é isso que está aparentando, mas como eu não sou chegado a mocinhas, estou achando que vou é torcer mesmo pela vilãzona, rs!
ResponderExcluirGancho romântico: essência do folhetim. Estou adorando a trama.
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