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domingo, 4 de agosto de 2013

Sétimo Sentido - Por que não um remake?

Por Isaac Santos

O Astro abriu o horário de novelas das onze da TV Globo e até o momento se mantém como o projeto melhor sucedido em crítica e audiência. Vale destacar que a produção ganhou o prêmio de melhor telenovela no Emmy Internacional de 2012, o segundo conquistado pela emissora. O Astro foi feita com capricho textual e visual.


Gabriela e Saramandaia [ainda em exibição] ratificam a intenção da Globo de firmar o horário com versões atualizadas de seus grandes sucessos. Mas, estranhamente, o remake do original de Dias Gomes parece não estar sendo correspondido pelo público como se pretendia. É importante reconhecer que Saramandaia tem qualidades, elenco primoroso, imagens belíssimas e texto inteligente. Talvez tenham pecado pelo excesso de “modernização” da novela.


A mídia tem falado enfaticamente sobre a possibilidade de a Globo apostar nos remakes de Tieta, Pantanal e Xica da Silva, nos próximos anos.

Aguinaldo Silva, autor responsável pela adaptação do romance de Jorge Amado em 1989, não vê com bons olhos a ideia e descarta qualquer envolvimento seu com um remake de Tieta. O novelista já está trabalhando em sua próxima novela inédita, prevista para ir ao ar no segundo semestre de 2014.

Benedito Rui Barbosa, talvez o único autor de um grande sucesso [considerando audiência e repercussão] fora da TV Globo, também está às voltas com a escrita de sua próxima novela na emissora. Mas destoa da opinião de seu colega Aguinaldo Silva sobre escrever remake de uma de suas maiores obras. O novelista não esconde de ninguém o seu desejo de refazer a novela Pantanal, originalmente exibida na TV Manchete. Contudo, sempre ocorre algum impedimento e o projeto é engavetado.  

Walcyr Carrasco, um dos autores mais atuantes nos últimos anos, recentemente estreou a sua primeira novela das oito [Amor à Vida] na TV Globo. Mas não sem antes ter passado pelo horário das onze. É dele a autoria de Gabriela.

Em concordância com o pensamento de Benedito Rui Barbosa, o autor também se mostra bem disposto ao desenvolvimento de um remake de seu maior sucesso fora da Globo. Usando o pseudônimo de Ádamo Angel escreveu a novela Xica da Silva, exibida originalmente pela TV Manchete em 1996.

É aguardar pra ver!

No entanto, aproveito para compartilhar com vocês a impressão que tive ao ler uma postagem recente de André Araújo aqui no blog. Ele relembrava a novela Sétimo Sentido, exibida pela TV Globo no ano em que eu nasci, 1982. [leia aqui]


Inédita para mim. Vi com curiosidade poucos capítulos da novela pela internet. Pois bem... Por que não um remake de Sétimo SentidoJanete Clair, mais uma vez inspiradíssima ao escrever a trama. A história gira em torno de Luana Camará, uma jovem marroquina que volta ao Brasil para tentar recuperar a fortuna de sua família. E o que poderia ser uma novela desenvolvida sobre tramas óbvias se revela numa efervescência de acontecimentos. Sétimo Sentido é opulenta, instigante. Também por isso, a novela me parece ser uma ótima opção para um remake.


Tramas com reviravoltas, abordagens sobre paranormalidade, paixão arrebatadora, ambição, vingança, traição, clima de mistério, enfim, elementos que quando bem reunidos numa história são facilmente bem recebidos pelo público.


A novelista Janete Clair sempre teve que contar com os cortes feitos pela censura. Sétimo Sentido num remake não enfrentaria a mesma dificuldade. Hoje, fosse proposto fazê-lo, a equipe responsável teria muito maior liberdade de criação. Poderia ousar mais, sem perder, obviamente, a essência das tramas da autora.


E se a equipe responsável pelo remake de O Astro foi tão feliz em atualizar uma trama de Janete Clair, por que não reuni-la novamente num novo projeto com todas as condições de repetir o feito de 2011?

Bom... Antes que pareça presunçoso, o texto é apenas sugestivo.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Janete Clair e o seu instigante Sétimo Sentido

Por André Araújo

Janete Clair era como a própria se definia, uma incorrigível romântica. Mas não uma romântica morna. Suas histórias aconteciam de fato e não havia quem não se impressionasse com seus enredos. Janete era mestra também na arte de criar enredos envolvendo personagens duplos. Sempre funcionou. Escritora de vanguarda, já em seu primeiro trabalho para TV, a autora de “Véu de Noiva” (TV Globo, 1969), brincou com gêmeos, sósias, troca de personalidade, influenciada por Os Irmãos Karamazov de Dostoievsky. Foi assim com Lara e Diana de Irmãos Coragem, com Simone e Rosana de Selva de Pedra, com Hugo e Raul de O Semideus e, na sua última novela das oito, SÉTIMO SENTIDO, vieram as inesquecíveis Luana Camará e Priscila Caprice, que roubaram todas as atenções para si.

A novela era basicamente sobre a marroquina Luana Camará que volta ao Brasil para tentar recuperar sua fortuna, roubada pela família Rivoredo. No passado, Antônio Rivoredo passou para o seu nome os bens dos pais de Luana, quando estes foram obrigados a se exilar por problemas políticos, no período Vargas. O patrimônio da família Camará, no entanto, nunca foi devolvido pelo velho Rivoredo, que morreu devendo prestar essa conta.


A trama, tida por alguns como confusa, gerou polêmicas e a autora enfrentou graves problemas com a censura e a imprensa durante todo o período em que sua história esteve no ar, uma vez que o drama da  protagonista Luana Camará, uma paranormal tão bem interpretada por Regina Duarte, que sofria o transtorno da dupla personalidade, gerou muita controvérsia; a maior de todas: Luana Camará tinha seu corpo tomado pelo espírito da famosa atriz italiana Priscila Caprice, já falecida, que não só se recusava a ir embora, como também se casou com Tião Bento (Francisco Cuoco), arqui-inimigo da aparentemente frágil heroína.


Mestra em valorizar tramas paralelas de todas as suas novelas, desta vez, Janete Clair preferiu apostar tudo na trama principal e não fez feio. Apoiada pelo público, o Brasil inteiro se deliciou com a personagem Luana Camará que, aos vinte e sete anos, retorna ao Brasil, vinda de Casablanca, Marrocos, disposta a recuperar a fortuna de seu pai que, anos antes, havia sido roubado pela inescrupulosa família Rivoredo, os todo-poderosos de PEDRA LINDA (RJ), cenário principal da trama. Como se não bastasse sua luta em reaver tudo que sua família perdera, a pobre heroína se vê em apuros, uma vez que se apaixona pelo bonitão Rodolfo Rivoredo, o Rude (Carlos Alberto Ricelli), um dos três herdeiros do patrimônio que na realidade pertencem à Luana. 


Casado com a possessiva Helenice (Beth Goulart), Rude deixa a esposa para viver sua história de amor com Luana. [A censura não liberava as cenas de amor de Carlos Alberto com Regina Duarte se o personagem do ator não se separasse de fato].


Mesmo disposta a não desistir de sua luta em recuperar os bens que foram roubados de seu pai, Luana não obtém sucesso e se vê obrigada a voltar pro Marrocos. Algum tempo depois retorna, mas já possuída pelo espírito da falecida atriz Priscila Caprice. [A novela entra noutra fase acentuada pela nova personalidade de Luana, que se envolve com Tião Bento, o grande vilão da trama.] Numa cena inesquecível, Tião e Priscila se casam num ritual cigano.


Mas a felicidade dos dois não dura muito e uma nova reviravolta acontece na história: Luana volta a assumir seu corpo e se afasta de Tião, gerando novos conflitos. É quando surge na trama a parapsicóloga Célia (Jacqueline Lawrence), que desvenda o fenômeno vivido por Luana, usando a terapia de regressão de memória. Numa encarnação passada, Luana e Priscila, respectivamente  Luciana e Maria Pia, eram irmãs gêmeas e agora se reencontravam, 72 anos depois, para um acerto de contas, que seria a descoberta do paradeiro da pequena Cila (Isabela Bicalho), filha legítima de Priscila. E isto ocorre depois de um sonho revelador de Luana.

[Cenas do Vídeo Show / you tube]
Com o “desaparecimento” do espírito de Priscila Caprice, que acontece depois do reencontro com sua filha, Luana Camará assume de vez sua própria personalidade e passa a se relacionar novamente com Rude Rivoredo, mas Tião Bento, redimido e apaixonado pela heroína, resolve lutar pelo amor de Luana, que fica indecisa pelos dois. No final, Luana tem uma visão onde um homem é morto a tiro e acredita que se trata de Tião, que está na mira de Jorge (Otávio Augusto), funcionário desonesto das empresas comandadas pelo “marido” de Priscila Caprice. Ela então corre em socorro ao amado, gritando que o ama, mas quando se aproxima do vulto caído no chão entra em choque, pois quem está ali é Rude, que ouvira seus gritos de amor ao rival, optando por sair de cena. Rude, que ficou sabendo da armadilha preparada por Jorge, chegou ao local do encontro disposto a salvar Tião, mas foi confundido com o outro, levou o tiro em seu lugar. O personagem consegue escapar da morte.

[vídeo: Memória da TV]
Luana e Tião ficam juntos, criam a filha de Priscila e ainda se tornam pais de um bebê. Segundos antes da cena final, o espírito de Priscila Caprice aparece no jardim da casa do casal como se estivesse ali para se certificar da felicidade deles e desejar boa sorte. Com um largo sorriso, sua marca registrada, a atriz faz-se notar por Luana  e desaparece.

Mesmo perseguida pela censura Janete Clair levou sua história adiante com sucesso de audiência e muitos aplausos de todo o público. A novela foi exibida entre março e outubro de 1982. SÉTIMO SENTIDO foi a última novela das oito escrita pela novelista, que contou com a colaboração de Sílvio de Abreu em sua reta final.

Com uma média de sessenta pontos de audiência, Sétimo Sentido foi um grande sucesso, mais uma vez ratificando a autora Janete Clair como a grande dama do horário nobre da Rede Globo. Um dos maiores nomes da teledramaturgia brasileira. 
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