É uma honra poder contar com o Vitor de Oliveira como o 1º entrevistado deste espaço. Ele é um Professor, Pesquisador, Autor Roteirista da Rede Globo, e se descreve como um noveleiro apaixonado desde criança. O seu blog Eu Prefiro Melão é um sucesso de crítica e de audiência. Sobre isto e mais um pouco você lê a seguir:
Quem é Vitor Santos de Oliveira?
Vitor – É uma pergunta que a gente nunca sabe responder direito, pois somos tantos e com tantas contradições... mas de um modo geral, sou uma pessoa que sonha, persiste e procura atingir seus objetivos.
O seu blog euprefiromelao.blogspot.com é um dos poucos capazes de manter um público fiel. Como surgiu e qual a dica pra quem tá começando a blogar?
Vitor – A ideia surgiu quando eu possuía um blog de cinema e outro de assuntos gerais e me dei conta de que não tinha um espaço para falar de meu assunto favorito: teledramaturgia. Começou de maneira despretensiosa e hoje obtém reconhecimento por parte de gente que gosta e entende do assunto. O segredo pra manter o público fiel é também ser fiel a ele, mantendo sempre o conteúdo atualizado e buscando sempre novidades.
Deixando o blogueiro de lado. Desde quando, a vontade de ser roteirista?
Vitor – Sou noveleiro desde sempre e escrevia minhas “novelinhas” desde pequeno. Mas esse desejo foi se esvaindo com o tempo. Anos mais tarde, quando fiz meu primeiro curso de roteiro de uma maneira bastante despretensiosa, com Maria Carmem Barbosa, vislumbrei a possibilidade de fazer disso uma carreira, já que tanto o magistério quanto a carreira acadêmica, não me traziam tanta satisfação. Investi em mais cursos e hoje posso dizer que sou roteirista profissional em início de carreira.
O que falavam as pessoas mais próximas, sobre este desejo?
Vitor – Muitas pessoas viam esse meu desejo como algo inatingível, quase impossível de ser alcançado. Quando começaram a ver que o negócio era sério, passaram a me dar um pouco mais de crédito (risos). Brincadeiras à parte, o fato é que eu jamais teria conseguido sem o apoio delas.
Provavelmente você tenha encontrado dificuldades no início de tudo. Pode nos contar sobre isso?
Vitor – A grande dificuldade no início foi conciliar a vida profissional e acadêmica com os cursos que eu pretendia fazer. Tive que abrir mão de um Mestrado quase em conclusão pra isso. Mas hoje vejo que essa “loucura” foi a melhor coisa que fiz na vida. Outra dificuldade foi a financeira, já que os cursos não são baratos. Também há a dificuldade de se destacar em meio a centenas de pessoas que querem o mesmo sonho que você. Não conhecia quase ninguém do meio (e continuo não conhecendo tanta gente assim), e nessa profissão, é fundamental ter uma rede de contatos.
Recentemente você foi contratado pela Globo. O que podemos esperar do Vitor, agora no seleto grupo de roteiristas desta emissora?
Vitor – Inicialmente, um colaborador que vai procurar contar, da melhor maneira possível, uma estória criada por outra pessoa. Espero construir uma carreira sólida para que, em breve, possa começar a contar minhas próprias estórias. Seja como for, podem esperar um trabalho com muito profissionalismo e, principalmente, com grande paixão.
Vitor e Alcides Nogueira |
Há por parte de uma maioria de autores da Globo, uma discriminação velada com o que é produzido fora dela, principalmente com a Rede Record. O que pensa sobre isso?
Vitor – Sinceramente, nunca percebi isso por parte dos autores, pelo menos da esmagadora maioria com quem tive a oportunidade de conversar. Há dois anos, faço parte da AR- Associação dos Roteiristas, cujo presidente é Marcílio Moraes, que já foi meu professor e atualmente trabalha na Rede Record. Posso dizer que entre os profissionais da escrita, a produção teledramatúrgica produzida por outras emissoras é vista com muito bons olhos, pois amplia o mercado de trabalho e gera oportunidade para muitos talentos que não teriam o devido espaço se a produção de roteiros de TV ficasse restrita a apenas uma emissora. Lógico que a Globo possui um know-how construído por mais de 45 anos de produção ininterrupta e ainda é a grande geradora de empregos na área. Mas quanto mais se investir em teledramaturgia por parte das outras emissoras, mais gera crescimento para a própria profissão.
As novelas do horário nobre passam por uma crise de audiência e de crítica especializada também. Como você observa este quadro?
Vitor – Penso que estamos passando por um período de transição e que novos caminhos estão sendo buscados. Vejo a Rede Globo bastante interessada em produzir conteúdo transmídia e investir na formação do profissional no que diz respeito a esse conteúdo. A audiência também se fragmenta porque o poder aquisitivo do brasileiro aumentou e as possibilidades de lazer também. Mas se você perceber, a audiência da TV aberta caiu como um todo e a telenovela continua sendo o produto mais assistido do país. No que diz respeito ao conteúdo propriamente dito, acho que falta um pouco de ousadia. O público é ávido por novidade. Tanto que, quando surge uma “A favorita”, o gênero ganha um novo fôlego. Com relação á crítica, ela não acompanha o nível do que se produz, nem em qualidade, nem em conhecimento. Tenho dúzias de amigos, apaixonados por novela, que fariam muito melhor e com muito mais competência. Basta pesquisar alguns blogs por aí, como por exemplo, o recém-criado “Agora é que são eles”. Acho que os críticos dos grandes jornais deveriam se inspirar nos blogueiros pra aprender como se faz.
Vitor e Gilberto Braga |
A teledramaturgia tem se repetido demais. Com relação ao elenco, dá pra fazer uma análise sobre a postura de alguns autores/diretores que reservam os seus preferidos, muitos destes emendando um trabalho no outro, enquanto tantos bons atores continuam desempregados?
Vitor – Não sei responder ao certo por que isso acontece. Mas desconfio de que a produção de uma novela nem sempre conta com um grande tempo e, por isso, talvez eles prefiram trabalhar com pessoas com as quais já estejam habituados. Mas concordo com você: como telespectador, gostaria de ver muita gente talentosa e competente de volta ao lugar de onde nunca deveriam ter saído.
O que pensar sobre a supremacia do culto à beleza, da sobreposição da “vitrine comercial” em detrimento do talento?
Vitor – Penso que isso é um reflexo da própria preferência do público. Desde pequeno ouço comentários do tipo “nossa, como fulana está velha”, “como cicrano engordou”. Infelizmente, isso é uma mentalidade geral em nossa sociedade. Mas só beleza e juventude não garantem o sucesso. Há sempre profissionais experientes e talentosos em todas as produções. Sem eles, não há boa história que sobreviva.
Você pode elencar as suas preferências?
- Ator/atriz – Betty Faria e Tony Ramos.
- Cantor/cantora – Maria Bethânia e Ney Matogrosso.
- Autor/autora – Gilberto Braga, Alcides Nogueira, Aguinaldo Silva e dúzias de outros.
- Diretor/diretora – Denis Carvalho, Denise Saraceni, Roberto Talma.
- Novela da Globo, das 18:00/novela das 19:00/novela das 21:00 (desde os anos 70) – Bambolê, Guerra dos Sexos e Tieta.
- 01 novela da Record (de todos os tempos) – Essas Mulheres
- 01 novela da Manchete (de todos os tempos) – Xica Da Silva
- 01 novela da Band (de todos os tempos) – A idade da Loba
- 01 novela do SBT (de todos os tempos) – Éramos Seis
- Site especializado em teledramaturgia – www.teledramaturgia.com.br, de Nilson Xavier.
- Romance dentre os de Jorge Amado – Tieta do Agreste.
- Filme dentre os concorrentes ao Oscar 2011 – dos que assisti, Cisne Negro.
O Posso Contar Contigo? agradece a atenção e te deseja boa sorte em tudo o que virá por aí!
Vitor – Eu é que agradeço a oportunidade e sucesso com o blog!
No vídeo abaixo a cena curiosa da novela Meu Bem Meu Mal, que serviu de inspiração para o Vitor: "O nome é uma homenagem ao Cassiano Gabus Mendes. Faço uma alusão à famosa fala de Dom Lázaro Venturini (Lima Duarte) em “Meu bem meu mal”, que após sofrer um derrame e ficar meses sem falar, ao ser perguntado pela enfermeira se preferia mamão ou melão dá essa resposta para surpresa dela e do público. Acho que muita gente que viu essa cena já imitou o Dom Lázaro com boca torta e tudo dizendo “eu prefiro melão”... rs!"
fonte: trecho de entrevista concedida ao blog Eu Prefiro Melão
veja a entrevista cedida pelo Vitor ao "Super Cult" clicando aqui
para acessar a mais recente, click aqui e veja no "Entulho Musical"
ou aqui, para ver a entrevista postada no "Eu Prefiro Melão"
Oi Vitor, parabéns pela entrevista. Já computei meu voto na escolha da vilã (apesar da minha preferida estar bem abaixo das outras).
ResponderExcluirUm grande abraço
ALESSANDRO
(by ASDigital)
Mais uma vez agradeço o espaço e a oportunidade e vida longa para seu blog!
ResponderExcluirÓtima entrevista com o Vítor. Ainda vamos ouvir falar muito dele. Talentoso, inteligente e uma pessoa admirável!
ResponderExcluirA cada nova entrevista, a gente descobre um pouco mais o Vitor. O gostoso é que é sempre uma surpresa boa.
ResponderExcluirTenho certeza que ainda vamos ouvir falar muito dele. Não só ouvir, como ver. Vitor tem garra, talento e, principalmente, humildade.
Vai longe esse Melão!!
que delicia de entrevista! dificil comentar p quem ja conhece o entrevistado de amizade intima! mas mesmo assim é maravilhoso ter essas opiniões registradas na rede! obrigado ao POSSO CONTAR CONTIGO? e Vitor, pode contar comigo! bjs
ResponderExcluirVítorrrrrrrr meu amigo meus parabéns vindo de você meu amigo só poderia vir coisa bacana , otima entrevista ..te desejo milhões de anos de Melão !
ResponderExcluirBruna
Foi uma honra, Vitor!
ResponderExcluirVoltem sempre, Alessandro, Walter, Eddy, Ivan, Bruna!!!
Ler os escritos do Vitor só não é melhor do que conversar com ele, por meio de uma entrevista. Parabéns a você e ao Isaac, pela iniciativa!
ResponderExcluirEsse menino parece-me muito generoso, só por isso tenho certeza que ele vai muito longe, muito mesmo.
ResponderExcluirOlá, adorei a entrevista do Vitor!
ResponderExcluirÓtima!!!
abraços
Jéfferson Balbino
www.jeffersonbalbino.zip.net
Bela entrevista! Parabéns, Vitor; parabéns, Isaac!
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