sexta-feira, 6 de abril de 2012

ENTREVISTA COM A ESCRITORA LEILA REGO


por Denis Pessoa

A escritora Leila Rego

É um fato que o chick-lit é um estilo literário em constante crescimento, e que tem se provado extremamente rentável. A prova disso são os nomes que surgem de tempos em tempos, de escritoras dedicadas a esta divertida, e certamente rica forma de literatura. O que prende o leitor é a feliz combinação de drama e comédia, que algumas escritoras, como Marian Keyes, talvez a maior referência no gênero, tem aprimorado a cada novo livro lançado. Temas densos, pertinentes a princípio às mulheres, mas, na verdade, comuns à realidade de muita gente geram uma especial identificação. O estilo, a cada ano que passa, quebra barreiras, derruba preconceitos, ganha respeito da crítica, e conquista mais leitores carentes de boas histórias.

No Brasil, já ganhamos algumas escritoras que, ou arriscaram escrever textos do gênero, ou, então, viram no chick-it a oportunidade de criar uma sólida carreira literária. Não é, porém, tão fácil quanto possa parecer: embora seja um gênero que demonstra grande potencial comercial, exige grande comprometimento. Chick-lits seguem certas fórmulas, que, como tudo que agrada, precisa ser mantido e modificado, em doses que não tornem os textos clichês, mas que também não fujam do que o leitor está procurando na leitura: divertimento e emoção.

Há cerca de três anos, surgiu um nome que tem-se tornado uma das referências do gênero por aqui: Leila Rego.

Em 2009, lançou, de forma independente, seu primeiro livro: Pobre Não Tem Sorte, cuja protagonista, Mariana, começa a perder a noção de realidade ao ficar noiva do homem de seus sonhos. O sucesso não demorou, graças, em parte, a intensa divulgação feita através da internet, repleta de leitores ávidos por novidades. Não demorou, e o livro ganhou uma segunda edição, e a continuação de sua história, entitulada Pobre Não Tem Sorte 2, contando as novas aventuras da personagem que cativou o público, e garantiu à autora um grupo de leitores fiéis e admiradores de seu trabalho, que, em uma de suas características importantes, valoriza o nosso país, ambientando as tramas de ambos os livros em locais próximos à nossa realidade: Presidente Prudente, São Paulo.

Como é comum aos chick-lits, a história, embora engraçada, toca, de forma respeitosa e mais delicada em assuntos mais sérios. O drama é sempre amenizado pelo humor.

Hoje, os leitores pedem à escritora um novo capítulo da história de Mari, e Leila, realizada em sua carreira de escritora, é uma promessa, e um investimento forte neste gênero literário que só tende a crescer.

Abaixo, segue uma entrevista com a escritora, que foi muito gentil. Mais uma vez, agradeço à Leila por sua atenção em responder as perguntas para o blog.

Ao final, não deixem de visitar o site da escritora, onde poderão encontrar imagens, informações sobre a escritora e seus livros, ler os primeiros capítulos de ambos, ou adquiri-los.

Boa leitura!


Você já publicou dois livros. Existiu alguma preparação para isso em relação a técnica narrativa (embora seja algo muito vasto e por vezes subjetivo), ou, no começo você simplesmente seguiu os seus “instintos”?

Eu não utilizo uma técnica específica para escrever. Sigo minha inspiração e vou desenvolvendo a história conforme “pedem” as personagens. Mesmo tendo escrito 3 livros, e um quarto em andamento, eu continuo escrevendo dessa forma.  Acho que dá ao leitor uma interessante quebra de padrão, ainda que da mesma escritora.

Ainda falando de técnica narrativa, hoje, depois de dois livros publicados e um terceiro em andamento, qual é a maior diferença que você vê em relação a sua escrita no começo do primeiro livro e atualmente?

Nós amadurecemos e melhoramos em tudo aquilo que fazemos. Isso é natural do ser humano. Me vejo mais criteriosa, pesquiso mais, procuro colocar dados relevantes e significativos para tornar a leitura mais real e prazerosa. Mas, fora isso, não vejo muita diferença ainda.

De que ingredientes você dispõe para prender a atenção do leitor a cada capítulo?

Busco o simples. Falo do cotidiano das mulheres, dos seus problemas e rotinas e acho que isso por si só já prende a atenção do leitor que curte o estilo.  Procuro também sempre inserir mensagens importantes nas histórias que crio. Lições de vida, temas para reflexão, de forma a tornar o livro mais do que uma simples leitura, mas também um instrumento que auxilia as pessoas a evoluir.

O chick-lit é um gênero em crescente sucesso. Muitos homens leem assiduamente, mas alguns ainda possuem certas ressalvas em assumir isso abertamente. Um chick-lit, na sua opinião, é escrito visando o público feminino exclusivamente, ou é um gênero para todos os públicos?
Eu tenho vários leitores do sexo masculino também.  E sempre recebi elogios deles. Claro que a maioria ainda é feminina. Eu fico superfeliz quando um menino lê meus livros. Eles dizem que  lendo chick-lit estão conhecendo mais o universo feminino.

Uma das escritoras de chick-lit internacionais mais conhecidas é a Marian Keyes, e em entrevistas, você já declarou gostar do trabalho dela. O que mais lhe agrada na obra da autora, e por quê?

A Marian tem um espécie de humor ácido que me agrada. E também, às vezes ela explora assuntos pesados com muita leveza. É isso que me encanta e que procuro também espelhar em meus livros.

Marian Keyes tem se aprimorado em tocar em temas muito dificeis sem perder o bom humor de seus textos, que é a grande marca dos chick-lits. Temas densos pertinentes às mulheres tem sido tocadospor ela, como o luto e a violência doméstica. Você sente o desejo de falar sobre assuntos mais difíceis em seus livros, ou se considera uma escritora mais leve? E que tipo de assunto mais “sério” você gostaria de ler ou escrever em um chick-lit?

É exatamente por isso que gosto dos livros dela. No meu terceiro livro eu falo de depressão e um conflito em mãe e filha. No quarto, vou tratar de um assunto mais polêmico. Sem perder o humor, mostrando que a mulher pode tirar de letra todos os problemas do cotidiano.  Isso se tiver força de vontade e uma boa dose de humor. Rir de si mesmo é um excelente começo para fazer dos limões, que a vida nos oferece, uma doce limonada.

Quais as suas autoras nacionais de chick-lit favoritas, e oque você pode ressaltar a respeito daforma com que elas abordam o gênero?

Gosto da Fernanda França, minha colega de Novas Letras. Li apenas o primeiro livro dela e gostei muito da maneira leve e engraçada que ela escreve.

E o que você pensa sobre homens escrevendo chick-lits? Uma boa possibilidade, ou algo estranho e improvável?

Ainda não li nem um chick-lit escrito por um homem. Mas, acho que seria interessante ler o mundinho típico feminino através dos olhos masculinos. Aceito indicações. =D

Sente desejo de escrever para outros meios de comunicação, como teatro e TV?

No momento não. Ainda estou no início da minha carreira. Acho que é preciso muito arroz com feijão para se aventurar por outros mares.

Pra você, seria interessante ver uma adaptação teatral de PNTS? Que atriz você imaginaria para interpretar a Mari, sua protagonista?
Imaginar a personagem ganhando vida por uma atriz é uma delícia. Teria que ser alguém bastante descontraído, desinibido e com um ar de patricinha. Acho que a Regiane Alves faria bem o papel da Mari. E vocês? O que acham?

Conte o que é projeto Novas Letras, e sobre o que ele tem alcançado recentemente.
O “Novas Letras” nasceu no Twitter. Estávamos trocando figurinhas sobre literatura e surgiu a ideia de fundarmos um grupo.  O grupo é formado por 5 escritores com estilos diferentes.  Somos bem   heterogêneos, mas bastante unidos.  Nossos eventos têm formato de bate-papo.  Adoro fazer parte do grupo. É um orgulho para mim.

Em que fase está a produção do seu terceiro livro? Pode adiantar alguma coisa a respeito da história?

O livro está sendo revisado e a previsão é o primeiro semestre de 2012. O que posso adiantar é que o livro fala de amizades, determinação, união… Amigos se ajudando mutuamente com alegria e amor... As 3 personagens principais são amigas de infância e são“legionárias” ( fãs da banda Legião Urbana – quem aí é fã levanta a mão!  o/). O livro traz curiosidades da banda e a trilha sonora que é composta pelas músicas inesquecíveis, de letras marcantes desta banda imortal.  Também é um chick-lit.

Como está a divulgação dos seus livros atualmente? Anunciefuturos eventos envolvendo PNTS e o Novas Letras.

Toda a parte de divulgação eu deixo para a minha assessoria, exceto o que faço no twitter, no site e no facebook.  Estamos atualmente aguardando o livro novo ser lançado. Existe também uma negociação em andamento para a série “PNTS”, mas não posso abrir maiores detalhes ainda. Somente que pode acabar por realizar o meu sonho, e de vários leitores que pediram, que é o PNTS3.

Quais os trechos de seus livros que mais te trazem orgulho de ter escrito?

Honestamente, conseguir terminar um livro já é um motivo de orgulho. Sempre admirei a criatividade dos escritores e, sendo capaz de fazer o mesmo, é uma realização. O terceiro livro – que ainda não posso contar o título – foi uma delícia de se escrever. Me diverti demais com as personagens. Lá tem uma cena de um passeio de balão que eu viajei (literalmente) com eles. No PNTS2 tem uma cena onde a Mari vai fazer um bico como promoter de supermercado, essa também foi divertida de se escrever.

Qual é sua rotina quando está escrevendo um livro?

Eu escrevo de manhã, quando meus filhos estão na escola. Gosto de estar em completo silêncio no meu escritório. Ás vezes coloco uma música... Mas, nada além disso.  O importante é ter disciplina de sentar em frente ao computador e esperar vir a inspiração.  Se não se forçar a isso, o livro não sai.

Conte um pouco sobre o seu relacionamento com seus leitores.

Procuro ser acessível sempre. Leio e respondo todos os e-mails, as mensagens no twitter, Orkut e Facebook.  Gosto e acho importante ter esse contato para saber o que os leitores estão pensando sobre literatura de uma forma geral e, também, sobre meus livros.

Faça uma síntese de sua carreira como escritora até aqui.
Estou bastante satisfeita com meu trabalho e com meus livros. Acho que ainda tenho muito chão para percorrer e penso em fazê-lo com bastante garra e humildade. Aliás, quero aproveitar a oportunidade de estar aqui falando do meu trabalho e livros e deixar meu site, para quem quiser saber mais: www.leilarego.com.br
Beijos,
Leila







3 comentários:

  1. Realmente o chick-lits é um dos meus estilos de livros favoritos e adoraria ler um chick-lits masculino :D

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  2. parabéns pela entrevista, Denis... que venham outras Leilas Regos!

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  3. meu sonho é ter um assim gay....tem de macho, do nick hornby e de mulheres mil, mas nenhum menos denso pras bee....e antes que me perguntem eu nã escrevo porque não tenho disciplina pra isso. Em tempo, adoro a marian Keys li o férias nas férias e torço pra que nunca seja adaptado pro cinema.

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