quarta-feira, 16 de maio de 2012

Entrevista Exclusiva com o Autor Lauro Cesar Muniz - Sem "Máscaras"!



Por Isaac Abda e José Vitor Rack 

José Vitor Rack – Referências a Ionesco (A Cantora Careca), Fellini, ao materialismo... “Máscaras” é claramente uma novela que retrata fielmente seu autor. Isso foi plenamente consciente ou foi involuntário?

Lauro Cesar Muniz – Quando fiz as contas de quantos anos eu teria na próxima novela cheguei à conclusão de que “Máscaras” seria a última. Tenho feito novelas de dois em dois anos na TV Record, logo, ao terminar a que está atualmente no ar, eu teria 75 anos. Mais dois seriam 77! Com meus 74 anos atuais já estou bastante desgastado logo no início do trabalho, o que poderia acontecer aos 77?

Então resolvi fazer citações em Máscaras das minhas paixões literárias, dos meus filmes cults, das peças teatrais. De uma forma orgânica, ou seja, sem gratuidade. Por isso criei algumas tramas e citei algumas obras primas como “E La Nave vá” de Fellini, “A Cantora Careca” de Ionesco, “Quem tem medo de Virgínia Woolf” de Edward Albee, “Profissão Repórter” de Antonioni, sempre de forma jocosa, distorcendo as bases originais.


José Vitor Rack – A verdadeira história de Nameless se cruza com a de Otávio Benaro ou se trata de um encontro armado pelo destino mesmo?

Lauro Cesar Muniz – Nada é armado pelo destino nessa história. Trata-se claramente de um encontro marcado com objetivos claros. Nameless (depois batizada como Eliza) por uma organização internacional, tem uma clara missão de atravessar na vida de Martim Salles, mas acaba, sem saber se ligando a Otávio Benaro, que assumiu a identidade do cunhado Martim.


Isaac Abda – Há um mês sendo exibida, além da audiência abaixo do esperado pela emissora, “Máscaras” tem sofrido críticas pela ousadia/sofisticação do texto, que em determinados momentos parece confuso, ao menos para alguns. Imagino que um autor experiente saiba lidar com diferentes possibilidades de resposta do telespectador, prevendo-as inclusive. Qual a sua análise sobre a novela? Acredita que o produto esteja sendo injustiçado? De que modo você pretende alcançar também esse público que ainda não “comprou” a proposta da novela?

Lauro Cesar Muniz – Muitas vezes se confunde a palavra texto com diálogo. Texto é o conjunto da criação escrita, com idéia, temas, estruturas, rubricas e até diálogos.

Eu quis evitar fazer um diálogo plano que apenas levasse à ação dramática, então, com todo o cuidado para não generalizar os temas, mas ligá-lo com clareza aos personagens, me propus a discutir assuntos candentes do momento como ideologia, religião (de forma cuidadosa), estética, sempre em função da vida dos personagens. Nunca impondo regras ou fechando questões sobre qualquer tema. Uma espécie de levantar a bola para discussão. Para isso eu precisaria ter atores e atrizes com pleno domínio desses temas, o que não aconteceu.  Quando um ator emite uma opinião sobre um tema que desconhece parece uma frase descosida, um elemento estranho, sem vida, decorado.

Eu acho que me empolguei demais em criar uma trama policial cheia de mistérios e cometi o grave erro de abrir esses mistérios sem fechá-los em pouco tempo. Isso deu a sensação de trama sem clareza. No ar, a maioria das respostas está sendo dada, mas talvez seja tarde. O público tem pressa. Como eu não tinha quando escrevi – a novela ainda não estava no ar – eu perdi essa perspectiva. Foi o erro mais grave que eu cometi.

Meus diálogos são simples e realistas. Se, dão a alguns a impressão de serem “literários” (no mau sentido) é porque a direção da novela se equivocou no tom, dando aos atores certa solenidade. Por mais que eu alertasse, no início, não obtive a atenção dos diretores, pois estavam envolvidos com uma gravação dificílima em um navio. Ao voltar havia um atraso considerável e as reuniões não sanaram este problema.

Não me sinto injustiçado, não. Ao contrário me sinto “justiçado” – cometi um erro grave e estou pagando por isso. É uma pena que eu tenha errado em minha última novela. “Máscaras” vai para meu rol de equívocos como “Os Gigantes”.  Eu gostaria de acordar desse pesadelo.


Isaac Abda – Se em ‘Poder Paralelo’ sobraram críticas elogiosas à direção do Ignácio Coqueiro, o mesmo não acontece com o seu atual trabalho na emissora. ‘Máscaras’ é sempre discutida nas redes sociais, e há quem defenda a tese de que a novela é boa, mas mal realizada. Certamente que você assistiu aos primeiros capítulos antes de a novela estrear. E o que tem ido ao ar tá dentro do desejado por você? Caso haja necessidade, existe a hipótese de mudança na direção geral da novela, tal qual aconteceu em Cidadão Brasileiro?

Lauro Cesar Muniz – Eu jamais mudaria o diretor de minha novela, como não fiz isso em “Cidadão Brasileiro”. Corre uma idéia de que em “Cidadão” fui eu que troquei o diretor. Engano. Fui o último a aceitar a idéia da troca. Admiti o clamor geral quando não havia mais condições. O diretor estava sendo muito cobrado e reagia de forma desequilibrada.

O Ignácio Coqueiro, diretor de Máscaras, encontrou muitas dificuldades durante a produção. Gravar no navio foi extremamente difícil. Na volta havia atrasos na produção e ele nem teve tempo de reunir seus diretores para dar um tom bem definido como qualquer novela exige. Até hoje não acertaram o passo e a cada dia os problemas se agravam mais. A novela poderia ter tido muito mais tempo para a preparação. Entreguei o projeto ainda em 2010.


Isaac Abda – Óbvio que sendo uma obra aberta, estando apenas no início, tudo é passível de alterações. O que vem por aí em “Máscaras”?  

Lauro Cesar Muniz – Estou lutando mais para corrigir os muitos erros cometidos por mim, pela direção e pela produção, do que olhar para o futuro próximo. Tenho uma boa trama e o público, amante de policiais, vai seguir daqui para frente, desde que sejam sanados todos os erros. É possível. Já perdi grandes sucessos que estavam em minhas mãos e me surpreendi com novelas que começaram equivocadas e depois encontraram seu caminho, até recordes de audiência. Minha carreira é longa e seria exaustivo nomear exemplos aqui.

Foi ótimo poder desabafar em um blog de boa qualidade como este.

Posso Contar Contigo? – Nós nos sentimos honrados por tê-lo mais uma vez como entrevistado. Obrigado pela deferência. Saiba que torcemos pela resolução de todos os problemas envolvendo ‘Máscaras’, e que isto ocorra em tempo hábil.   


Imagens: Portal R7.com

28 comentários:

  1. Torço pelo sucesso do Mestre Lauro! Excelente entrevista. Parabéns!

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  2. Adorei a entrevista e os esclarecimentos do Lauro!

    Parabéns Lauro e equipe do Posso Contar Contigo!

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  3. O Lauro é admirável! Reconhece os erros, torço para q ele consiga corrigi-los. Parabéns ao blog, entrevista MARAVILHOSA.

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  4. muito boa a entrevista! O Lauro esta seguro de si!!!!

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  5. A novela é excelente, pena que o público gosta de textos burrinhos - aqueles que pensam pelo público, tipo a mulher sofrida que deu a volta por cima ou de um homem que roubou a namorada do outro-

    No Brasil há poucos inteligentes!

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  6. nossa, que franqueza..acabou com os atores da novela, mas tem alguns que estão péssimos mesmo. Agora não entendi qto à trama realista...só se for a do sequestro, mas com essa incursão da klux klux klan achei meio patético.Uma pena, pois estava esperando uma grande novela, mas ainda vejo e acho que mudanças virão..quem sabe um terremoto ou algo parecido?

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  7. PARABÉNS ISAAC pela exclusividade do desabafo de Lauro César Muniz!

    SHOW!

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  8. Nunca assisti nem um minuto da novela, mas pela entrevista percebe-se que o texto é uma pretenciosa colagem de referências cult que deixaram a direção da novela perdidinha da silva.

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    1. Só acho estranho que quem critique referências cult esteja com a foto de Clockwork Orange em seu avatar... No mínimo contraditório.

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  9. Acompanhei alguns capítulos pelo Youtube, e percebi um cero arrasto nas cenas e o didatismo nas falas de algumas personagens ou na inflexão dos atores, porém a trama me chamou bastante a atenção, o clima policial, a mãe que supostamente teria tentado contra a vida do filho, a ama de leite que não está acima de qualquer suspeita (por hora, vi apenas três capítulos)...enfim. Lauro continua fiel ao seu estilo. Bem sabemos que uma novela não depende apenas de seu autor e que corrigir erros a medida que se escreve capítulos não é uma tarefa fácil. Mas como telespectador posso dizer que a trama é interessante, mas teve um começo dífícil... Essas teorias de conspiração, que constam no enredo, me lembram outra obra do autor, O Salvador da Pátria, que vim a realmente gostar à época de sua reprise, ou seja, ainda há tempo pra renascer uma nova novela.

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  10. Análise mais do que coerente do LCM.

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  11. Uma pena o Lauro se despedir dessa forma... com uma de suas piores obras.

    Agora me surpreende a Record, que teve UM ano pra produzir de forma digna, fazer ás pressas a novela...

    Parabéns pela entrevista!

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  12. Show de entrevista,

    Lauro é um grande autor, e parece estar sabendo lhe dar muito bem com as criticas e a baixa audiência da trama. O importante é ele reconhecer que errou, e tentar consertar da melhor forma possível esses erros. A novela tem uma proposta boa, e pelo que tenho lido, os conflitos estão muito bem armados e construídos, falta desenvolve-los da melhor maneira possível. Torço para que ele encerre sua carreira com um grande sucesso.

    Parabéns pela entrevista.

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  13. Lauro é um autor inteligentíssimo, digno de todas as honras em razão da qualidade de seu texto e suas nada convencionais e sim vanguardistas novelas como O Casarão e Espelho Mágico.
    Mas não há texto excelente que se mostre interessante em telenovela quando uma direção por vezes amadora e inconsistente o transforma em cenas equivocadas. E esse, infelizmente, é o caso de Máscaras.

    Parabéns à equipe do Posso Contar!

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  14. Entrevista excelente. O melhor é a capacidade do Lauro de reconhecer seus erros. Máscaras é uma boa novela, apesar dos equívocos. Torço pela sua guinada na audiência. Abraços!

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  15. Valeu pela audiência e comentários, rapazes. Abraço!

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  16. Desde de quando esse senhor é humilde assim? será porque sua obra desce ladeira abaixo, pouco antes da estreia de sua novela, falou barbaridades contra o publico alvo, contra a Globo e João Emanuel Carneiro e agora se faz de vitima? Não nego q ele tenha feito obras maravilhosas, O Salvador da Pátria foi a melhor, mas não justifica ele se banhar da arrogância do veiculo que ele trabalha e seguir a cartilha da Record, humildade nunca fez mal a ninguém e pra mim não colou essa entrevista, me passa a imagem de tentativa de limpar o nome.

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  17. Fosse ele este grande autor, como se acha, é óbvio q a Globo jamais teria permitido sua saida de lá. Lauro tem um texto arrastado, chato mesmo. Tentei acompanhar Cidadão Brasileiro e achava um saco. Fora que a emissora que ele trabalha que se acha a BBC do Universo ainda é precária nos quesitos, iluminação, cenografia, figurinos... E ainda contam com um elenco risível, boa parte atores que faziam, salvo algumas raras exceções, coadjuvantes na Globo. A Record é o típico exemplo de que com dinheiro não se compra tudo.

    Uma vez alguém escreveu que o SBT era uma TV medíocre porque o negócio deles era vender carnê do Baú. Enquanto a Record ficar nessa obsessão angariada pelo seu presidente, o tal bispo, de se vingar da Globo ela ficará nessa categoria de TV medíocre também. Tivessem seguido o propósito de só simplesmente fazerem TELEVISÃO já teriam chegado a liderança.

    Enquanto isso a Globo, com todos os seus defeitos, ainda continua nadando de braçada diante da incompetência das suas concorrentes.

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  18. Parabéns Isaac por esta bela entrevista com o Lauro Cesar Muniz.Ela repercutiu bastante entre os blogs como o do Mauricio Stycer do UOL através do link: http://mauriciostycer.blogosfera.uol.com.br/2012/05/19/lauro-cesar-muniz-ve-mascaras-como-equivoco-e-pesadelo/ .
    Um abraço,

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    1. Obrigado pela sua audiência. Não sabia do texto do excelente jornalista Maurício Stycer, comentando a entrevista. Ótima dica, fico contente e agradecido por isso!

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  19. Olá!

    Cheguei ao blog por meio do link disponibilizado pelo post do Mauricio Stycer. Gostei muito da entrevista! Acho o Lauro César Muniz um bom roteirista. "Poder Paralelo" foi a melhor novela que ele fez na Record e, na minha modesta opinião, da carreira dele.

    O que falta em "Máscaras" é um colorido, um bom núcleo de humor, um núcleo com uma trama mais popular e uma organização da história principal. Assisti os três primeiros capítulos e achei tudo muito confuso, o público não tinha para quem torcer, não conseguia criar identificação. Não entendi como o Lauro e a direção da Record deixaram isso ir ao ar.

    O primeiro capítulo não apresentou a novela, e sim uma das tramas principais que mais parecia de núcleo secundário. Lauro está sendo arrogante de querer pensar em mudar só depois do capítulo 40.

    Na segunda semana ele já tinha que ter reunido todo o elenco e falar: vamos começar do zero. Janete Clair fez isso quando pegou uma novela para escrever que estava mal das pernas. O roteirista tem que está consciente que a novela também é do público, não pode apenas satisfazer o seu ego.

    No mais, parabéns pela entrevista e pelo blog.

    Abraços,

    http://cafecomnoticias.blogspot.com

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    1. Torçamos para que ele encontre a tão desejada solução pros problemas da novela. Valeu pela visita, Wander!

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  20. Sou fã do Lauro Cesar Muniz! O que eu acho é que ele tem uma certa dificuldade em trabalhar com humor. E essa novela peca por isso. Suas outras obras tb foram assim. Cidadão Brasileiro foi excelente, adorei, principalmente a primeira fase. O meio, ele se perdeu. Mas se encontrou no final, mostrando brilhantemente a Guerrilha do Araguaia, aliás, escreveu uma das mais emocionantes cenas de novela, a morte da Eleni (Mayte Piragibe) com a brilhante interpretação de Luiza Tomé, segurando a filha morta nos braços! Mas Cidadão tb carecia de humor. Em Poder Paralelo, ele teve dificuldade em criar um núcleo popular, que era de uma pensão. Tanto foi, que pouco aparecia. Agora em Máscaras, ele tenta fazer humor com um casal esquisito (Barbara Bruno e Roberto Bontempo). Sinceramente, eu não entendi qual é a desse casal. E porisso não me faz rir. Acho eles chatos demais. E as Damas da Távola Redonda, não seria um aproveitamento de personagens de um projeto de novela que ele apresentou a Record a alguns anos atrás, que tinha o título de "AS LOBAS"? No mais,continuo aconpanhando a novela e espero que ela reverta a situação. Aliás, temos vários casos, como o de Bela, a Feia, que de 5 pontos no incio, fechou com 18. Parabéns pelo blog, que eu nao conhecia e parabens tb pela excelente entrevista. Abraços a vcs e ao Lauro Cesar.

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  21. Não gosto dos textos dele, mas ñ creio ser esse o motivo do desastre.
    A produção é fraca, pra não dizer tosca.
    Tudo é muito primitivo, amador.
    É de uma disparidade assustadora.
    O elenco até que é bom, mas tudo é meio perdido e anovela não tem nada que chame atenção.
    Ao menos positivamente.

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  22. Nossa, que honra para este blog ter sido o escolhido para esse desabafo. E tirei o chapéu pro autor, pois é difícil vermos um novelista admitindo problemas em tramas que estão no ar.

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  23. Parabéns, Isaac e José Vítor pela entrevista! Fantástica essa transparência do Lauro César. Difícil encontrar isso nos novelistas. Assumir dificuldades é tão nobre quando relembrar os sucessos. É uma prova de humildade, e de preocupação com o trabalho e com o público.

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