por José Vitor Rack
A televisão já está em nossos lares há mais de sessenta anos e ainda é muito discriminada pela intelectualidade brasileira como veículo de diversão e informação. Muitos torcem o nariz para a nossa programação desde a velha TV Tupi e não fazem a menor questão de lutar por sua melhoria.
Um dos efeitos deste desprezo está na crítica de televisão. Jornalistas, pela sua própria natureza, julgam-se seres acima do bem e do mal, capazes de colocarem o dedo em qualquer ferida sem consequências. Afinal, estamos numa democracia. Com tantas áreas apetitosas intelectualmente como política e economia, ou interessantes do ponto de vista pessoal como esportes ou gastronomia, sobra para a coluna de TV alguém que não é bom o bastante para mais nada na maioria das vezes.
Sem crítica, a programação segue como os donos de TV gostam. E o telespectador que os acompanhe ou vá para a internet passar horas no YouTube.
A grande alternativa a esta cilada seria a TV fechada, via cabo. Canais segmentados, sem muita publicidade, com apuro maior na qualidade visual e do conteúdo. A realidade mostra problemas técnicos terríveis (ao se trocar o canal você pode ter seus dois tímpanos estourados), mais publicidade do que muitos canas abertos, canais de notícias que apenas reprisam em outros horários o que você já viu na TV aberta desde ontem...
Todas as emissoras tem seus méritos, óbvio. A teledramaturgia da TV Globo é de primeiro mundo. A Cultura e seus infantis. A Band e seu mix de humorísticos e esportes. A Record trazendo a novidade de um contraponto ideológico à Globo no jornalismo. O SBT tem Marília Gabriela, garantia de diversão e informação, além de ser uma das poucas emissoras sem muito rabo para ser puxado. Até a RedeTV faz debates políticos de fim de noite e telejornais que merecem elogios. Mas no atacado a coisa é bem feia. E não é feia por incompetência, é feia por provincianismo, conservadorismo, falta de estímulo ao novo.
Os mesmos fazendo o mesmo nos mesmos canais para sempre amém. Surgem novidades, mas sempre enquadradas ao ritmo do IBOPE, do merchan, da classe C, do “não fale mal de fulano pois é ele quem renova nossa concessão”, etc e tal. Nossa TV não produz intercâmbio de artistas. Raras vezes você verá um ator da Record dando entrevistas no SBT, ou um jornalista da RedeTV elogiar um seriado da Globo. A Globo não mostrou imagens do Pan de Guadalajara (e provavelmente não mostrará imagens da Olimpíada em Londres) simplesmente para não mostrar o logo da Record no canto da tela. E não me ache anti-Globo, pois em situação oposta não é impossível qualquer outra emissora fazer o mesmo.
O problema é cultural. Chega às raias da grosseria.
Mas os comandantes destas emissoras são todos brasileiros. Nós, os brasileiros, temos a TV que merecemos. Feita por brasileiros, para brasileiros e do jeitinho que a gente gosta. Não somos essa Coca-Cola toda.
@josevitorrack
josevitorrack@gmail.com
O texto estabelece uma reflexão sobre o dispositivo, mas de forma pretensiosa e sem uma boa argumentação. As críticas a televisão são estabelecidas em diversas esferas, as quais não podemos simplesmente sintetizar como se fosse uma unidade sólida. Acredito que conteúdo,forma e distribuição devem ser avaliados separadamente para depois estabelecermos uma crítica do seu todo. Não temos a televisão que merecemos, temos a televisão que chega aos lares Brasileiros. A globo muitas vezes consegue apresentar um conteúdo interessante, mas peca na forma,ela subestima a capacidade do espectador de entender o conteúdo apresentado e acaba sendo extremamente didática e redundante, a globo prefere estabelecer uma "forma" totalmente padronizada do que ousar. A Record por sua vez peca no seu conteúdo, mas é ousada na forma, a exemplo disso temos as séries produzidas por ela que se não conseguem alcançar o desejado é uma infelicidade, mas pelo menos pretende. A televisão é uma evolução do rádio, tem sua própria linguagem, ela não pretende ser internet nem cinema, mas bebe nas duas fontes.A grande critica a televisão é a sua difusão, algo que se encontra na maioria dos lares Brasileiros deve ser levado mais a sério, e deve sim ter um cuidado redobrada a forma que os conteúdos são apresentado, pois NÓS somos de certa forma educados por essa televisão, eu assisto TV desde os 4 anos de idade, e até os 16 não tinha senso crítico pra entender que tudo aquilo apresentado passa pro processos subjetivos, onde são implementados o ponto de vista de quem apresenta, e que não existe imparcialidade nesta forma. O problema é cultural porque a Televisão é o maior meio difusor que temos e até mesmo a cultura é imposta por ela, que geralmente está liga 12 horas por dias na maioria dos nossos lares.
ResponderExcluirSim, o post era pretensioso. Mas reflete o que eu penso. Acho que conforme evoluirmos como país, nossa TV terá de nos acompanhar. Sempre temos o que merecemos, de uma forma ou de outra.
ExcluirExcelente reflexão, José Vitor. Texto muitíssimo pertinente ao momento da Televisão brasileira.
ResponderExcluirQue venham os próximos!
Realmente não entendo essa mania que os ditos 'intelectuais' têm de desmerecer nossa TV. A programação de TV no Brasil é uma das melhores do mundo. Tem lixo? Sim, tem. Infelizmente nossa TV não é 100% magnífica. Mas se os programas de gosto duvidoso ganham espaço, é porque o público tem consumido. Há um jogo de interesses que deixa a qualidade de lado e prefere colocar o foco em merchandising, Ibope, disputas pessoais etc. Quem sai perdendo é o povo, claro. O lixo começa a ser exaltado como produto de uma nova era e ganha status de moderno, democrático, livre... A maioria dos empresários não liga se o povo emburrece. Aliás, é até conveniente, pois quanto mais emburrecido, menos crítico. Isso facilita o consumo do lixo disfarçado de 'produto moderno'. José Vitor conseguiu destacar o que cada um dos nossos canais abertos tem de melhor. Pena que muitas vezes o lixo televisivo ofusca o que nossos canais têm de melhor. Não vamos, por isso, desqualificar toda a TV brasileira.
ResponderExcluir