por José Vitor Rack
Eu (de vermelho) e Carlos Lombardi em Fevereiro de 2012 após a entrevista para o filme.
Escrevi o roteiro de um filme que
mostra o cotidiano e a vida de quatro autores de telenovelas. O filme está
sendo produzido e não sei dizer quando estará na praça.
Para escrever, entrevistamos
estes autores. Tomamos parte de seu convívio por algumas horas e ouvimos muitas
histórias.
Dá pra resumir o assunto dizendo
que escrever é insano.
Jorge Amado
E quando digo isso não me refiro
ao óbvio senso comum de que isso não costuma dar dinheiro além de lhe tornar
automaticamente esquisito aos olhos das pessoas ditas normais. Escrever é
insano, pois durante o período em que você está ali, em frente ao computador
vomitando aquele monte de coisas sobre o teclado, você deixa temporariamente de
ter controle sobre o que está pensando.
Você mergulha num fluxo de ideias
que vão surgindo diretamente na tela do monitor sem muito filtro. Quantas vezes
não reli o que havia escrito sem reconhecer o autor daquilo? É uma espécie de
psicografia do inconsciente. Você liga uma chave interior que o conecta a
coisas antes adormecidas e nunca sabe o que vai sair dali.
Para quem gosta de escrever por
hobby ou para quem identificou no ato de escrever essa deliciosa doença mental
incurável, o que posso dizer é que não se deve desistir jamais.
A insistência sempre rende
frutos. Neste momento falo de maneira absolutamente geral. Em amplo espectro.
Insista em seu texto até ele ficar bom. Estude, pesquise, estude mais, pesquise
mais e mais e, quando achar que escreve bem o suficiente, leia ainda mais e
estude o dobro. Insista com produtores, editores, leitores até conseguir o que
quer. Insista. Seja um cão fiel, defenda seu próprio trabalho e confie nele
mesmo quando ele ainda lhe pareça uma merda.
Li certa vez um manual de roteiro
que pregava a simplicidade acima de todas as coisas.
Ele dizia que não há nada mais
simples e direto do que Shakespeare ou do que a Bíblia Sagrada. Hoje uma
afirmação dessas parece estranha, já que o palavreado do teatro de Shakespeare
e os enigmas dos evangelhos nos parecem até inacessíveis. Mas em uma
perspectiva histórica, dá pra ver que na época se tratavam de textos
absolutamente contemporâneos e diretos.
Seja claro em sua proposta. Humor
é humor. Romance é romance. Melodrama é melodrama. Não tem muito mistério.
Assuma o que quer fazer e faça da maneira mais simples que puder. Não custa
lembrar que simples é diferente de simplório.
Seja claro na sua maneira de
colocar as coisas e tenha a audácia de ser você mesmo. Você não é Jorge Amado,
não é Fellini, não é Janete Clair, não é Albee nem Ibsen. Você é você e deve
permanecer assim. Estude, escreva com tenacidade, seja claro e confie no seu
jeito de fazer as coisas.
Paulo Coelho não mora na Suíça e
ganha com literatura o que muitos não ganharam com petróleo porque resolveu ser
erudito e escrever o que a academia curte. Ele é ele mesmo até quando isso
significa ser medíocre.
Isso não garante nada. Mas ajuda
muito.
FACEBOOK – josevitor.rack
TWITTER – @josevitorrack
E-MAIL – josevitorrack@gmail.com
Ual, texto maravilhoso e estimulante. Principalmente no trecho em que diz "Tenha a audácia de ser você mesmo". Como o Aguinaldo Silva diz: A gente escreve para ser feliz e não para sofrer". Acho que é bem isso, não se prender aos estilos dos grandes escritores, no sentido de ficar se comparando com eles, apenas os tendo como referencia. o Bom é se sentir livre para criar, escrever do seu jeito, sentir prazer em escrever e acreditar no que se escreve.
ResponderExcluirAbraços