Atuou nas novelas Mico Preto, Dona Beija, Ciranda de Pedra, O Casarão, Feijão Maravilha, Que Rei Sou Eu?, dentre outras tantas. Longe das novelas desde 2005, quando fez Prova de Amor, na TV Record, ele se prepara para voltar à telinha, na próxima das sete, Aquele Beijo, do Miguel Falabella. Confira!
Por Fábio Costa e Isaac Abda
Fábio Costa - Pode nos falar um pouco a respeito de seus primeiros trabalhos em televisão, na TV Tupi, antes de estrear na Rede Globo na novela de Janete Clair, Bravo!, em 1975?
Marcello Picchi - Aproveito a oportunidade para esclarecer uma coisa muito importante.
Minha carreira de ator começou em teatro1968. Somente em 1972 estreei na TV Tupi fazendo parte do elenco jovem da casa ao lado de Tony Ramos, Carlos Alberto Ricceli, Antônio Fagundes e outros. Lá fiz quatro novelas e vários programas.
Mas então já tinha acontecido na peça “Alzira Power” sob direção do Antônio Abujamra. A peça é histórica no panorama teatral brasileiro por sua importância no movimento tropicalista e por ter o primeiro nu masculino frontal do Brasil (eu).
Em 1974 fazia muito sucesso na peça ”Greta Garbo, quem diria, acabou no Irajá” ao lado de Raul Cortez quando a Globo me chamou para fazer “Gabriela” e não pude aceitar, mas assinei contrato e estreei na novela “Bravo” de Janete Clair no ano seguinte.
Fábio Costa - Principalmente dentre os primeiros, nos anos 70, há algum trabalho seu em televisão do qual gostaria de voltar a participar, caso fizessem uma nova versão dele?
Marcello Picchi - Sim, “Feijão Maravilha” do Bráulio Pedroso. Em outro papel, claro.
Fábio Costa - Existe algum personagem, seja em teatro, televisão ou cinema, que você poderia ter interpretado, mas teve de recusar por qualquer motivo à época e se arrependeu posteriormente, como se sabe que aconteceu com Betty Faria em relação à Viúva Porcina de Roque Santeiro, por exemplo?
Marcello Picchi - Sim: na novela “O Casarão”, ia fazer um revolucionário maravilhoso que teria um caso com Aracy Balabanian. A censura simplesmente cortou o papel.
Fábio Costa - Em 2009 o SBT reexibiu a novela Dona Beija, produção da Rede Manchete de 1986 na qual você interpretou o personagem João Carneiro de Mendonça, e atualmente o canal Viva traz novamente ao ar a novela Vamp, de 1991, cujo elenco você também integrou. Você acompanha essas reapresentações? Se sim, há aspectos do seu trabalho que pensou que gostaria de mudar se pudesse?
Marcello Picchi - Acompanhei a reexibição de Dona Beija. Sem falsa modéstia, achei meu trabalho um primor.
Isaac Abda - Um dos seus personagens mais marcantes, o Zé Maria de Mico Preto, novela exibida pela Rede Globo em 1990, é até hoje lembrado nas comunidades e fóruns da internet de teledramaturgia, pela parceria cômica com o Miguel Falabella. Quais as lembranças desse trabalho?
Marcello Picchi - Sim, fazíamos a história sem nos preocuparmos em ser engraçados. O cômico surgia das situações propostas pelo texto. Acho que isso é critério para um bom trabalho. Levávamos a sério as alegrias e frustrações dos personagens. Para nós, antes de serem gays, eram seres humanos; pessoas.
Fábio Costa - O que dizer do talento presente no sangue, que podemos ver nos trabalhos mais recentes de seus dois filhos atores, Thiago (Helinho em Ti-ti-ti, na Rede Globo) e Diogo (Padre Bento em Amor e Revolução, no SBT)? Uma pergunta comum a pais que têm filhos que seguiram a mesma carreira que eles, mas que no caso de atores tem todo um sabor diferente.
Marcello Picchi - Acho que ser criado no mesmo ambiente da profissão escolhida, já é uma grande vantagem. Sem dúvida queima etapas. Porém, entre a herança e a posse dela existe um abismo. São eles bravos guerreiros na conquista de seus espaços. É deles todo mérito e aplauso.
Fábio Costa - O que dizer a estudantes, em vias de decidir a primeira graduação ou já graduados, a respeito do curso de Filosofia, infelizmente desacreditado por muitos, que têm dele uma visão rasa e equivocada?
Marcello Picchi - Seguir a vocação é imperioso na vida de uma pessoa. O reconhecimento alheio é uma contingência.
Isaac Abda - Você teria declarado em algumas entrevistas que sempre entra em contato com todos os diretores na intenção de voltar à TV, mas não tem obtido êxito. O que o motiva a continuar tentando?
Marcello Picchi - Jamais dei tal declaração. Agora mesmo o Miguel Fallabella me disse que devo entrar em sua novela Aquele Beijo, depois dela começada.
Falar com diretores, oferecer trabalho é uma atitude normal para qualquer profissional liberal. A oferta é muito grande e é quase que um dever se fazer ser lembrado. Não há nenhum drama nisso.
Isaac Abda - Você acompanha as produções de teledramaturgia, atuais? Destacaria alguma em especial que tenha te chamado a atenção?
Marcello Picchi - Não sou fã de nenhuma produção em especial. Vejo mais sob o ponto de vista do trabalho do ator e tenho muito prazer em acompanhar a performance de alguns deles. Quando isso acontece acompanho a obra de cabo a rabo.
Por exemplo: Glória Pires (assisto a tudo onde ela está), Cassia Kiss, Lília Cabral, Dan Stulbach, Mateus Solano, a maravilhosa Fernanda Montenegro, a genial Marília Pêra, o Antônio Fagundes, Gabriel Braga Nunes, entre outros.
Isaac Abda - Alguma curiosidade de bastidores, ao longo de tantos anos de carreira e que queira compartilhar conosco?
Marcello Picchi - Eu vi Glória Pires e Geórgia Gomide (as duas bem ceguetas) entrarem distraidamente, passando o texto (da novela Mico Preto, exibida em 1990, pela Rede Globo), numa Kombi, que não era da produção, e serem transportadas, sabe-se lá pra onde. Só foram encontradas no final do dia. Naquela época não havia celular.
Glória Pires interpretava a Sarita, filha da Herotildes, vivida pela saudosa Geórgia Gomide |
Isaac Abda - O que você tem feito enquanto não surge um novo trabalho na Televisão?
Marcello Picchi -Leio muito. Agora estou lendo os clássicos da literatura universal. Creio ser esta uma grande fonte de inspiração pra quando for solicitado a trabalhar
Isaac Abda - O “Posso Contar Contigo?” agradece a gentileza e deseja que os seus projetos voltem a se concretizar!
Marcello Picchi - Agradeço a oportunidade. Abraços
eu gosto do Marcelo Picchi...não sabia de O Casarão. Era um ator bastante presente e acho que a separação da Savalla deve tê-lo prejudicado, pois o pessoal os via como um casal meio eterno.
ResponderExcluirEle estava ótimo mesmo em Dona Beija( como todo elenco)...acho uma pena bons atores estarem longe da tv.
lembrei que ele fez um par bem legal com a Christiane Torlone em Sem lenço , sem documento.
ResponderExcluirAcho que fazia mais sucesso que o par principal.
Gostei da entrevista dele!
ResponderExcluirParabéns Isaac e Fábio!
ABS
Fabio
www.ocabidefala.com
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ResponderExcluirUm ator que faz falta à televisão, muito bom conferir essa entrevista com o Picchi. 1 pena bons atores como ele não estarem tão presentes e outros não tão competentes-e mais estrelas do que atores-emendarem uma série de trabalhos.
ResponderExcluirEspero por sua participação na novela do Falabella e que novos papéis surjam.
Posto aqui um trecho do email enviado pelo ator Marcello Picchi: "CARO ISAAC,
ResponderExcluirMUITO OBRIGADO, FICOU ÓTIMO!
AGRADEÇO PELA OPORTUNIDADE E DESEJO BOA SORTE AO PROJETO, QUE CONTA COM A MINHA SIMPATIA E DE MUITOS ATORES, CERTAMENTE!
Muito boa a entrevista. Bom saber que ele vai voltar. Miguel Falabella está sempre dando chance para atores que foram esquecidos.
ResponderExcluirUm belo e ótimo ator que faz falta e precisa voltar à televisão e nela permanecer novamente. Adorei as respostas e conhecer um pouco mais de seu começo no teatro!
ResponderExcluirSucesso na nova novela das 19 horas, não vejo a hora do Picci aparecer!
Gosto muito do trabalho de Marcello Picchi, espero vê-lo mesmo em Aquele Beijo.
ResponderExcluirQue surpresa maravilhosa! Entrei no blog pra imprimir a postagem do dia, sobre Rosana Fiengo e acho essa entrevista, justamente no momento em que estou organizando todo o material disponível na net sobre "Sem Lenço Sem Documento (1977), onde o Marcello Picchi e a Christiane Torloni faziam um dos casaizinhos jovens principais.
ResponderExcluirQuando eu ainda nem engatinhava na teledramaturgia, encontrava diariamente o Marcello todo de preto, bermuda de ciclista (preta), parado, na bicicleta, na equina da República do Peru com a Barata Ribeiro, subindo pra academia de musculação e eu es-no-ba-va. Via nos olhos dele que ele queria me conhecer, modéstia pra lá de à parte, podem pensar que estou de surto maníaco, mas juro pela minha felicidade que é verdade.
Muitos anos mais tarde, soube há pouco que ele agora tem o rosto todo cheio de plástica porque seu cachorro o traiu e arrancou o belo rosto desse heroi das novelas dos anos 70, enquanto ele estava agachado no chão, brincando com o cão. Já está na fila da impressão.
Parabéns, Fábio. Depois vou querer saber mais desse contato teu, falô? Agora perdi o cara de vista. Como diz o ditado: "Deus não dá asas a cobra".