domingo, 24 de março de 2013

Salve Jorge, ame ou odeie!

Por André Cavalini

A novela Salve Jorge, desde a sua estréia chamou mais a atenção pelas polêmicas do que pela própria história.

Já na escolha da protagonista, a autora Glória Perez teve que enfrentar a ira daqueles que torceram o nariz ao ver o nome de Nanda Costa ser o escolhido. Quanto a isso, os que julgaram tiveram que morder a língua, pois a menina está dando conta do recado, marcando a personagem com uma interpretação muito bem feita na minha opinião. Morena pode não ser a personagem mais legal dos últimos tempos, mas a atriz deu a ela o precisava. É uma típica garota do morro, com caras e bocas que passam essa realidade e nos convence, principalmente quando o sangue sobe a seus olhos.

Depois vieram os milhares de personagens que tentavam ganhar o público, ao mesmo tempo que nos confundiam. Era tanta gente que demorei mais de quinze dias pra guardar o nome de cada um e saber a que núcleo pertenciam. Um desperdício de talentos.

Sobre o casal de protagonistas, não senti química, não vi beleza e mudo o canal em todas as cenas que aparece o capitão Téo, de tão chato que Rodrigo Lombardi está no papel. Tão chato, mas tão chato, que nem mesmo pegando todas as gostosas da história, me faz ficar seu fã.


Vieram também as criticas à vilã de Cláudia Raia, que segundo alguns, não tinha brilho de vilã e por isso foi ofuscada por Wanda [Totia Meireles]. Essa sim, despertando no público aquela vontade de encontrá-la na esquina para dar uma boa sova. Eu, particularmente acho que Cláudia está bem no papel. Desde o principio ela disse que sua Livia seria uma vilã “bege”, e é isso que vemos. As criticas, acredito, são porque estávamos acostumados com a deliciosa interpretação de Adriana Esteves e sua marcante Carminha. Tínhamos esperança de que Livia herdasse alguma coisa da megera do Divino. Mas devemos relevar, afinal, Carminha gostava era de encher a cabeça do marido de chifre, e não a Turquia de traficadas.


Com o tempo, fomos aprendendo a engolir a novela. Saboreando belas imagens da Turquia e nos surpreendendo com presentes como a extensão da personagem de Carolina Dickman, que era pra sair logo e ficou bastante tempo na história, especulando-se que tomaria o lugar de Morena. Ponto para Carolina que mostrou a grande atriz que é. 

Outro presente é a delegada  Helô, de Giovana Antonele, que pra mim, roubou a atenção pra ela e hoje é a personagem principal, segurando a trama e despertando em nós aquela vontade de ligar a TV no horário nobre. Destacaria também Dira Paes e sua Lucimar, que já vinha me agradando, mas que me ganhou na cena em que descobre a morte da filha, uma das mais bem feitas até agora.

Também devemos agradecer a autora por nos trazer a realidade o tema do tráfico humano.
No entanto, o que me chama a atenção em toda a construção de Salve Jorge são as constantes falhas da produção de continuidade e no roteiro.
Quem nunca percebeu a mudança dos cabelos de Morena, que ao correr pela Capadócia estavam encaracolados, e na cena seguinte escovados. Em uma das cenas deixaram o furo da mesma personagem , já grávida, correr pelos campos turcos sem barriga.
Ontem o mesmo erro aconteceu, mas com a personagem Irina. Ela aparece com os cabelos ondulados  na cena em que Russo dá uns bons tapas na cara de Rosângela e logo em seguida, quando vai trancar a traficada no quarto, os cabelos estão lisos e escorridos.

Pode parecer implicância, mas não é. Estamos falando do padrão globo de qualidade, e erros infantis como esses, derrubam esse padrão, nos fazendo acreditar que a emissora platinada já não é mais a mesma.

Assim como parece que Glória Perez, única autora do Brasil a ter um prêmio Emmy por uma telenovela, também não é mais a mesma. Vira e mexe, vemos furos na história que nos levam a pensar que Glória está se perdendo, sem contar a barriga* que temos que aguentar para ver simples coisas acontecerem. Vale ressaltar aqui o fato de Barros se “esquecer” que conhecia Wanda. Quando percebe furos grandes, a autora tenta consertar mais adiante. A ideia é válida, mas a essa altura, as críticas mais uma vez ofuscaram o brilho da história. Sem falar em cenas desnecessárias que nada acrescentam à trama, como por exemplo a fuga de Morena do restaurante para ter a filha sozinha nas cavernas. Pra que? Pra nos perguntarmos quem cortou o cordão umbilical do bebê? Ou até mesmo a ingenuidade dos advogados Stenio e Aroldo que contam detalhes de casos confidenciais para suas clientes. Ou então Livia matar Raquel em um elevador sendo que hoje em dia não se acha mais um elevador sem câmera filmadora... Esse ultimo caso, me lembra Nina não se recordar, em pleno séc XXI de um pen-drive para guardar suas fotos... Avenida Brasil também teve as suas falhas! 


Entendo que a maioria do público de uma novela não se liga em detalhes como estes. Quer mais é ver uma boa história e pronto. Mas uma novela também é assistida por aqueles que a observam com olhares mais técnicos, e é justamente para este público, que a obra precisa ser perfeita, e apresentar o mínimo possível de falhas.
Entendo que o desgaste acontece na dura jornada de vida de uma trama das 20h. E por isso os erros são perdoados. Mas é preciso ter cuidado, porque quando os erros começam a ser mais comentados do que a própria história, é possível que a novela seja lembrada mais com gargalhadas que com admiração.
E é por tudo isso, e muito mais, que não sei ao certo se amo ou odeio a novela.

*chamamos de barriga o fato de uma história enrolar em determinado momento, onde as coisas acontecem, acontecem e continua tudo na mesma.

4 comentários:

  1. Gloria perez se perdeu nessa novela. A história parecia boa,mas foi muito mal contada,mal desenvolvida. A Morena nunca combinou com o Theo. O público já torceu a cara...o que melhorou um pouco essa relação foi a musica do "cara sou eu". E quando o casal principal desanda fica complicado manter o resto da históra, que diga-se de passagem não é lá essas coisas. Aliás nao é coisa alguma. De cara foi uma das piores tramas da Gloria...e ela deve saber disso...quando viu q não dava mais pra melhorar...deve ter continuado a escrever meio q "nas coxas" e acabou relevando esses erros de continuidade e coerencia. Ela tem que fazer a hist andar...e os esforços estão meio que esgotados.

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  2. Olha, eu não amo, mas também não odeio. Gostei muito do texto, apontou as falhas, mas também falou sobre os pontos positivos que o faz ter vontade de ligar a tv em horário nobre. Salve Jorge tem sim muitos problemas, e a meu ver o maior pecado da novela é a direção, que apresenta tudo de forma muito artificial. Eu acho que Salve Jorge melhorou se comparada com o seu inicio, pois os núcleos não são mais tão aleatórios entre si, tudo gira em torno do tráfico humano. Glória tem apostado em ganchos fortes e cenas tensas, movimentado a novela com a investigação em torno do tráfico. E o melhor de tudo, apostando na melhor personagem da novela, Dona Helô. Tudo isso nem lembra a pasmaceira do inicio. Mas essas mudanças foram ignoradas pelos que criticam, e acho que nessa tentativa de agradar a qualquer custo, é que Glória acaba derrapando e cometendo esses deslizes no roteiro, que muitas vezes acaba banalizando uma cena importante e o assunto do tráfico que é tão sério. Por outro lado, eu acho que a pressão em cima de Salve Jorge é muito grande, tem os que assistem a novela só para ver os erros e detonar depois, e é impressionante a proporção com que Salve Jorge é criticada, qualquer detalhe vira vergonha alheia, piada e tiração de sarro na internet, como se fosse a primeira novela a cometer furo, inverossimilhança, com atores demais e etc. Eu tenho gostado de assistir a novela, pois não curto essa de ver só para falar mal, mas essas falhas incomodam e muito. Infelizmente Salve é uma novela com rejeição muito grande, ja desde antes da estreia e Glória não conseguiu reverter isso.

    Abraços

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  3. Ou ame, ou odeie, ou ame odiar... Realmente, essa novela não tem meio-termo...
    Lucas - www.cascudeando.zip.net

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  4. Glória Perez não foi a única autora brasileira a receber um Emmy. Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro também receberam o prêmio pelo remake de "O Astro" no ano passado.

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