Ela nasceu em Praga, República
Tcheca, no início dos anos 50, durante o exílio de seus pais, Zélia Gattai
e Jorge Amado. Cidadã Soteropolitana, pela Assembléia Legislativa de Salvador. Dona
de uma “baianidade” [que muito nos orgulha] toda especial. Faz jus ao nome dos saudosos Jorge e Zélia,
perpetuando a arte da escrita. Autora de diversos livros, tem nas crianças o
seu público principal. É formada em psicologia pela PUC-RJ. A convidei para um
bate-papo, ela gentilmente topou e eu a agradeço. Confiram:
Por Isaac Santos
Estrangeira de nascimento, carioca de
vivência, mas baiana de alma, de raízes. Recentemente, de volta à Bahia. Sentiu
saudades?
Paloma nos braços do pai |
Paloma Jorge Amado – Sempre
me senti brasileira, aliás, sempre o fui. Quem é registrado na Embaixada, filho
de brasileiros, brasileiro é. Salvador foi
o lugar onde fui mais feliz na minha vida. Além disso, me deram o título de
cidadã Soteropolitana, do qual muito me orgulho. Fui para perto de minhas
filhas e netos, no Rio, quando minha mãe morreu. Morri de saudades da Bahia e
voltei.
Dona de uma bem sucedida carreira de
escritora de livros infantis. Já pensou em ter também o público adulto como
alvo?
Paloma Jorge Amado – Nunca
pensei em escrever ficção. Depois dos netos vieram os livros infantis. Agora
escrevi o argumento de um roteiro para cinema, que os que leram acham que deve
virar um romance. Mas não sei não. Gosto mesmo é de escrever crônicas.
Em algum momento já cobrou de si além do
que poderia, por ser filha de Jorge Amado e Zélia Gattai?
Paloma Jorge Amado – Não,
jamais. Ser filha deles nunca foi um problema para mim. Esta preocupação está
mais na cabeça dos outros do que na minha.
Paloma no colo da mãe |
Já houve proposta para que você mesma
adaptasse alguma obra do Jorge para a TV? Acredita que faria com louvor?
Paloma Jorge Amado – Não.
Já tive vontade de escrever para a TV (nunca fui convidada...), mas jamais uma
adaptação de livro de um de meus pais. Não teria flexibilidade para aceitar
mudanças radicais.
Das obras de sua mãe, qual você menos
aprecia? Há uma razão especial?
Paloma Jorge Amado – Gosto mais dos livros de memórias do que dos de ficção.
Das obras literárias de Jorge Amado
adaptadas para a TV, qual a que mais te marcou? Por quê?
Paloma Jorge Amado – Sem
dúvidas a primeira versão de Gabriela. Foi muito cuidada e bem interpretada.
Foi muito fiel ao livro, o que para mim é importante.
Certamente seja prazeroso falar sobre
Jorge Amado e Zélia Gattai, mas já ocorreu de tornar-se chato ter constantes
compromissos em torno do universo de seus pais, não tendo o seu como
prioridade?
Paloma Jorge Amado – Não.
Vivi toda minha vida no mesmo ambiente que eles. As pessoas, gostam de mim por
mim, e isso é ótimo. Nunca me chateia falar deles, tê-los como o centro das
atenções.
sendo entrevistada pelo jornalista José Raimundo para o Globo Repórter da TV Globo |
A novela Tieta está entre os maiores
sucessos da teledramaturgia brasileira. São incontáveis os seus fãs. A grande
maioria anseia pela reprise da novela no Canal Viva, mas estranhamente, sempre
que a possibilidade é ventilada, não se confirma a exibição. Há de fato algum
impedimento?
Paloma Jorge Amado – Realmente
não sei dizer. Imagino que não.
A Globo tem reservado o horário das onze
para a exibição de novas versões de seus grandes sucessos em teledramaturgia.
De Jorge Amado, há alguns meses se viu Gabriela e a mídia já fala num possível
remake de Tieta, em comemoração aos 50 anos da emissora. É procedente a
notícia? Independente de sê-la ou não, a ideia te agrada?
Paloma Jorge Amado – A
Globo tem várias opções entre os livros de papai, acredito que fará algo novo.
Mas é tudo "achismo"de minha parte. Tieta é um livro lindo, que daria
uma linda novela. Me agrada, é claro.
O Jorge Amado costumava acompanhar as
adaptações de suas obras seja em TV ou em Cinema? Emitia opinião sobre estar
contente ou chateado por algo em especial nessas produções?
Paloma Jorge Amado – Papai
não gostava de assistir novelas na TV, fossem dele ou de outro autor.
Geralmente via um ou dois capítulos e pronto. Cinema ele via, e de preferência
não emitia opinião. Sei que gostou muito de Dona Flor, do Bruno Barreto.
Alguma novidade sobre o projeto Memorial
Jorge Amado?
Paloma Jorge Amado – Existem
propostas que estão sendo estudadas. Espero que a coisa aconteça da melhor maneira.
Quais os seus projetos?
Paloma Jorge Amado – São
muitos, quase todos ligados à escrita e ao desenho, pois tenho feito
ilustrações também. Vamos ver se termino um dos muitos livros que comecei,
sobretudo uma série de futebol para crianças.
Obrigado pela solicitude. Desejo ainda
mais sucesso!
Paloma Jorge Amado – Eu
é que agradeço.
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