Por Leonardo Mello de Oliveira
A Rede Globo estreou sua nova
programação há mais ou menos dois meses e trouxe para o público uma nova leva
de programas, entre eles novelas, séries e reality shows. Apresentados em um
mal organizado Vem Aí, as novas atrações vêm estreando ao longo desses dois
meses, já criando assunto para muito debate televisivo. Vamos nos centrar em 5
novos programas globais: Meu Pedacinho de Chão, O Caçador, Superstar, Tá no Ar –
A TV na TV e Geração Brasil. Todos eles, apesar de apresentarem características
“revolucionárias”, têm, em sua essência, a mesma fórmula usada para outras atrações
do gênero.
Meu Pedacinho de Chão estreou
causando barulho. O visual diferente e excêntrico da novela chamou a atenção
inicialmente. Mesmo com todo o diferencial, a novela não anda bem de audiência.
Mas não falemos de ibope. A produção tem a mão inconfundível de Luiz Fernando
Carvalho, diretor conhecido por sua ousadia e originalidade. O texto, de um
inspirado Benedito Ruy Barbosa, voltando com tudo a escrever novelas, é ótimo e
casa bem com a proposta da direção. Apesar de tanta novidade, a novela tem sua
em sua essência marcas clássicas de teledramaturgia, como dramas, romances e
política. O grande diferencial da obra são as várias fontes de inspiração pegas
por Luiz Fernando para compor a novela, que vão desde animações da Pixar, como
Toy Story e Valente, passando por filmes western
até elementos de literatura infantil, como obras de Monteiro Lobato. Isso tudo
sem falar do elenco, com muitos estreantes e alguns medalhões, todos em
excelente sincronia.
O Caçador vem preencher o maior
buraco negro da programação global: o horário de sexta à noite. A série, que
tem José Alvarenga na direção e Marçal Aquino e Fernando Bonassi no roteiro,
tem se mostrado um dos poucos casos de qualidade e originalidade nas séries da
Globo. Um roteiro bem conduzido, personagens densos e uma boa direção são os
elementos que enchem os olhos de quem a assiste. O horário permite mais
ousadia, e é o que a produção nos apresenta. Além disso, atores nem sempre bem
vistos pelos críticos como Cauã Reymond, Cleo Pires e Ailton Graça conseguem
provar seu talento em personagens diferentes dos que costumam interpretar.
Outro fator importante é o fato da série não querer mostrar um estereótipo do
policial e do bandido brasileiro. Tudo parece mais real, mais tragável e menos
exagerado. É uma pena a produção não ter a evidência que merece.
Superstar foi proposto,
principalmente, para cobrir o buraco entre uma temporada de The Voice e outra.
O reality tem mostrado potencial, apresentando bandas com músicas de qualidade
e diversificadas. Mas não vem empolgando tanto quanto seu colega na emissora. A
Globo já declarou que o programa não terá uma segunda temporada. Uma lástima
para aqueles que curtem um programa musical de qualidade, coisa rara na
televisão atual. É claro que os problemas técnicos e as regras bem “flexíveis”
do reality diminuem seus atributos. Apesar do formato diferenciado, o programa
possui a espinha dorsal de um digno programa de calouros.
Tá no Ar – A TV na TV é, sem dúvida,
a maior ousadia já apresentada pela Globo há anos no quesito humor. Comandado e
criado por Marcelo Adnet e Marcius Melhem, Tá no Ar é o típico programa
humorístico que você nunca pensaria em encontrar na Globo: sátira de tudo o que
você pode imaginar, críticas ácidas e politicamente incorreto. Para o
tradicional conservadorismo da emissora, é um passo e tanto. Apesar das
comparações constantes com humorísticos semelhantes como TV Pirata e Casseta
& Planeta, Tá no Ar mostra toda sua originalidade com um humor inteligente
e crítico sem ser ofensivo, poucas vezes visto na televisão. Que o programa
tenha vida longa e que termine sem estar decante, o que geralmente acontece com
humorísticos do gênero.
Geração Brasil, a volta bem
anunciada de Filipe Miguez e Izabel de Oliveira como autores, tem a missão de
levantar o ibope do horário das sete, que vem mal das pernas desde o remake de
Guerra dos Sexos. A novela se mostra inovadora, aposta em temas “amaldiçoados”
na teledramaturgia, como tecnologia, e tem uma pegada over, com personagens
caricatos e exagerados. Além de mostrar um reality show dentro da novela
apresentado de maneira que se pareça com a transmissão de um reality de
verdade. O elenco é um primor, veteranos grandiosos e jovens atores já
consagrados pela crítica. A trama ainda está se desenrolando e tem muita coisa
ainda para acontecer. O que já se pode dizer é que Geração Brasil pode não
entrar na história como foi com Cheias de Charme, mas com certeza ficará na
cabeça de quem gosta de boa teledramaturgia.
A Globo vem tentando inovar este
ano, além de mostrar mais qualidade em suas novas produções. Depois de um negro
2013, a Vênus Platinada tem tentado consolidar sua liderança, ameaçada não
apenas por concorrentes, mas também por outras mídias, como a internet.
Esperamos mais produções de qualidade para 2014, e que a Globo continue
surpreendendo os adoradores da boa televisão.
Acho o "Superstar" um programa desnecessário na telinha, apesar de tê-lo visto poucas vezes. As novelas citadas são as que eu mais assisto. "Pedacinho" é interessante pela maneira como a história é contada, e seu visual a transforma realmente numa fábula. Já "Geração" ainda não mostrou a que veio, e tá difícil de se apegar, talvez pelo fato de ter em seu elenco boa parte da galera de "Cheias de Charme". A comparação é inevitável, até porque a Globo fez questão de dizer que as duas tramas são dos mesmos autores.
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