sexta-feira, 13 de junho de 2014

O que tiver de ser - capítulo 3


O QUE TIVER DE SER

CAPÍTULO 3

WEB NOVELA DE
LEANDRO BRASIL


ESCRITA COM A COLABORAÇÃO DE:

ISAAC SANTOS
RAFAEL BARBOSA
RAUL FELIPE SENNGER


CENA 01. APTO LETÍCIA. QUARTO. INTERIOR. NOITE.
Continuação imediata. Letícia muito surpresa com a proposta de Júlio.
LETÍCIA            - Olha, Júlio, quando eu te convidei pra morar comigo eu tava pensando em você vir pra cá e não/
JÚLIO               - (corta) Acontece que eu não ia me sentir bem morando num apartamento comprado pelo teu ex-marido.
LETÍCIA            - (ri) Se o problema é esse, pode ficar tranquilo. Esse apartamento é alugado.
JÚLIO               - Mas quem paga o aluguel é ele.
LETÍCIA            - Sim, mas a partir de agora eu e você podemos pagar. Eu e o Gustavo, a gente tá acabando de construir a nossa casa no Jardim Paulista. Agora provavelmente ela vai ser vendida e o dinheiro dividido, já que nós casamos com comunhão de bens. Eu posso usar a minha parte pra/
JÚLIO               - (corta) Nada disso, Letícia. Esse dinheiro você vai guardar pra sua filha. Você tem que pensar no futuro dela.
LETÍCIA            - (impaciente) Tudo bem, Júlio, mas a gente não precisa sair daqui. Eu tô mesmo querendo começar a dar as minhas aulas, a gente divide as despesas, pronto.
JÚLIO               - Letícia, por favor. Será que você ainda não percebeu que... (pausa) Você viu a casa da minha mãe? Viu a merreca que eu ganho naquele banco? Nem carro eu tenho, Letícia. Esse apartamento aqui é de luxo, tá completamente acima das minhas possibilidades! (T) Se você quer realmente morar comigo, vai ter que se acostumar a viver de acordo com o padrão de vida que eu posso te oferecer. Nós vamos pra um apartamento menor e você vai ter que trabalhar sim, porque eu não tenho condições de te sustentar sozinho. A verdade é essa!
Os dois ficam em silêncio um pouco. Letícia pensativa. Finalmente fala:
LETÍCIA            - Eu não vou mentir pra você, Júlio. Eu quero recomeçar a minha vida ao seu lado, mas não é fácil abrir mão de todo o conforto que eu tenho aqui. Seria hipocrisia da minha parte, dizer que não tô nem aí pra dinheiro, conforto! Essas coisas são importantes! E depois tem a Sofia e/
JÚLIO               - (sorri) Eu te entendo, mas eu quero que você entenda o meu lado também. Olha, não precisa decidir nada agora, não tem pressa. Pode pensar o tempo que você quiser.
Corta rápido para:

CENA 02. CLÍNICA DE MASSAGEM. INTERIOR. DIA.
Letícia e Soninha deitadas nas macas uma ao lado da outra, recebendo massagem. Câmera filma por baixo a cara de Soninha relaxada. A primeira fala dela praticamente se sobrepõe à última fala de Júlio na cena anterior.
SONINHA        - Não tem que pensar nada, Letícia. Tem é que aceitar na hora, sem titubear.
LETÍCIA            - O Júlio é um amor, Soninha. Mas eu não sei se eu quero morar com ele agora. Eu fiz esse convite num momento em que eu tava com muita raiva do Gustavo.
SONINHA        - O Gustavo já tá reconstruindo a vida dele e você devia deixar de ser boba e fazer o mesmo.
LETÍCIA            - (indecisa) Mas mudar daquele apartamento... Não sei.
SONINHA        - Essa é a melhor maneira de provar pro Gustavo e pra você mesma que ele não te faz a mínima falta, que você pode muito bem ser feliz com outra pessoa.
LETÍCIA            - (esperançosa) Você acha que ele ia sentir ciúme?
SONINHA        - (irritada) Esquece o Gustavo, Letícia! Pensa em você, na sua felicidade! Não é todo dia que aparece alguém como o Júlio na vida da gente. Não deixa passar essa chance!
Letícia pensativa. Soninha bem relaxada com a massagem.
SONINHA        - Ai, que delícia. Assim! (sente alguma dor) Ai, cuidado!
MASSAGISTA - Desculpe, dona Soninha.
SONINHA        - (irritada) Foi só eu elogiar que a coisa desandou. Toma mais cuidado, menina! (relaxa outra vez) Isso, assim.
Câmera fecha em Letícia, pensativa. Corta para:

CENA 03. APTO JÚLIO E LETÍCIA. INTERIOR. DIA.
Legenda: Um mês depois. Júlio mostrando um apartamento de classe média para Letícia. Ela olha meio desconfortável.
JÚLIO               - Isso é o que eu posso pagar por enquanto. Mas quando você começar a trabalhar a gente pode arranjar um apartamento maior. (T) E então? Gostou?
LETÍCIA            - (disfarça) Gostei. É bem... aconchegante.
JÚLIO               - (feliz) Vem cá, deixa eu te mostrar o resto.
Júlio pega na mão de Letícia e a puxa, mostrando tudo, bem entusiasmado. Música abafa o que ele diz. Letícia tenta se mostrar entusiasmada, apesar de sua decepção. Corta para:

CENA 04. SEQUÊNCIA DE PASSAGEM DE TEMPO.
Música que começou na cena anterior permanece ao longo de toda essa sequência de passagem de tempo:
A – SÃO PAULO. STOCK-SHOTS. EXT. NOITE/ DIA. Imagens variadas da cidade.
B – APTO JÚLIO E LETÍCIA. SALA. INT. DIA. Júlio e Letícia arrumando a mudança. Ele põe o sofá num lugar, ela não gosta. Corte descontínuo. O sofá já em outro lugar. Letícia aprova. Corte descontínuo. A sala já toda arrumada. Júlio feliz, beija Letícia. Ela sorri, mas olha desanimada para o lugar apertado.
C – APTO ANDRÉA. SALA. INT. DIA. Andréa feliz abrindo a porta para Gustavo, que entra com sua mala na mão. Os dois se beijam e ela o conduz para o quarto, feliz por ele ter vindo morar com ela.
D – SHOPPING. LOJA. INT. DIA. Soninha com Marcelo em uma loja de roupas de grife. Cortes descontínuos de Marcelo experimentando algumas roupas, com Soninha aprovando ou não. Corte descontínuo. Soninha já pagando a conta. Ela e Marcelo saem da loja, ele cheio de sacolas. Dá um selinho nela, enquanto as funcionárias olham e cochicham.
E – SHOPPING. INT. DIA. Soninha e Marcelo andando abraçados e olhando as vitrines das lojas. Passam em frente a uma joalheria. Ele vê um lindo relógio na vitrine e o mostra a Soninha, que sorri. Corte descontínuo. Soninha e Marcelo já saindo da joalheria. Ele com o relógio no braço. Dá outro selinho nela, que se derrete.
F – ESCOLINHA INFANTIL. PÁTIO. EXTERIOR. DIA. Letícia andando com a diretora da escolinha, que lhe mostra o ambiente. As duas observam várias crianças brincando no recreio. Conversam alguma coisa e apertam as mãos, entrando em um acordo.
G – ESCOLINHA. SALA DE AULA. INT. DIA. Crianças correndo pela sala, jogando papel umas nas outras, etc. Letícia entrando na sala com livros e cadernos, pronta para dar sua aula. Olha desanimada para as crianças.
H – SHOPPING. LANCHONETE. INT. DIA. Andréa, Gustavo e Sofia animados, acabando de comer um lanche. Os três saem da lanchonete e se dirigem apressados ao cinema do shopping. Andréa de mãos dadas com Sofia, as duas aparentemente se dando muito bem.
I – BOATE. SALA DE RUBENS. INT. NOITE. Rubens se agarrando com uma mulher. Os dois caem em um sofá velho e já começam a tirar as roupas.
J – CASA DE PAOLA. QUARTO CASAL. INT. NOITE. Paola de camisola, entra animada no quarto e vai até Rubens. Ela o beija e se decepciona ao ver que ele dorme. Paola ainda tenta acordá-lo, mas Rubens tem “sono pesado”. Desanimada, ela deita ao lado dele. Close de Rubens abrindo os olhos e voltando a fingir que dorme.
K – FÓRUM. INT. DIA. Letícia e Gustavo com seus respectivos advogados em frente ao juiz assinando os papéis do divórcio. Depois de tudo assinado, Gustavo tenta apertar a mão dela amigavelmente, mas ela lhe dá as costas e vai embora, irritada. Fim da sequência.

CENA 05. APTO JÚLIO E LETÍCIA. SALA. INTERIOR. DIA.
Letícia sentada no sofá, dando uma organizada na mochila de Sofia.
SOFIA               - (off) Só faltou a escova de dente, mãe?
LETÍCIA            - Sim, anda logo, filha.
Júlio vem da cozinha, mordendo uma maçã. Sofia entra com o estojo higiênico.
JÚLIO               - Tô indo buscar o Lucas.
LETÍCIA            - Vou comprar o bolo de chocolate que ele adora.
SOFIA               - (a Letícia) Vê se guarda um pedaço pra sua filha, né?
JÚLIO               - Parece que tem gente com ciúme por aqui.
Todos sorriem. Júlio beija as duas, dá tchau e sai.
LETÍCIA            - Você fala assim, mas eu tenho certeza que a mulher do teu pai te enche de doces, de sobremesa/
SOFIA               - (corta) Ah, mãe, ela me trata bem. Eu gosto dela!
LETÍCIA            - (dissimulada) Mas você sabia que foi por causa dessa mulher que o teu pai se separou de mim? Foi ela que roubou o Gustavo da gente e fez ele sair de casa, Sofia!
SOFIA               - (surpresa, triste) Isso é verdade, mãe? (T) Então eu não vou mais lá. Prefiro ficar com você.
LETÍCIA            - Nem pense nisso, filha. Eu nem devia ter te contado isso. Você é só uma criança. (tom) Não comenta com ninguém, tá bom? Senão o teu pai vai se irritar comigo!
Campainha toca. Letícia vai abrir a porta. Gustavo entra, cumprimenta Letícia e beija Sofia. Ele percebe o ar estranho da filha.
GUSTAVO       - (a Letícia) Aconteceu alguma coisa?
LETÍCIA            - Bobagem. Ela tava inventando de trocar de roupa em cima da hora. Eu disse que não, não dava tempo.
GUSTAVO       - E o Júlio... Como é que vocês estão?
LETÍCIA            - O Júlio foi um acerto na minha vida. (T) Imagino que você não possa dizer o mesmo com relação à Andréa!
GUSTAVO       - (ignora) Dá um abraço no Júlio. (a Sofia) Vamos, filha?
Sofia se despede de Letícia e sai com Gustavo. Letícia furiosa.  Corta para:

CENA 06. CASA DE PAOLA. QUARTO LUCAS. INTERIOR. DIA.
Lucas sentado na cama, guardando suas coisas na mochila. Entra Rubens.
RUBENS         - Já vai se encontrar com o papaizinho? Diga a ele que qualquer dia desses eu vou convidá-lo pra bater uma bola comigo e uns amigos meus. (T) Pensando bem, não diga nada... Lembrei que é coisa pra cabra macho
LUCAS             - Mas acho que nem daria mesmo. Meu pai gosta é de jogar xadrez com amigos do mesmo nível intelectual que ele, o que não é o seu caso.
Irritado, Rubens parte pra cima de Lucas. Lucas apenas tenta se defender da surra. Paola entra e flagra a agressão.
PAOLA             - O que é isso, Rubens?
RUBENS         - (solta Lucas) Esse moleque... Vive me dizendo desaforos, não me respeita. Não admito isso!
Rubens sai do quarto batendo a porta com ignorância. Paola vai atrás dele. Lucas, num canto, chora.  Corta rápido para:

CENA 07. CASA DE PAOLA. SALA. INTERIOR. DIA.
Paola e Rubens frente a frente. Discutem muito.
PAOLA             - (alterada) Não, eu nunca lhe dei esse direito.
RUBENS         - Calma! Eu já disse o que aconteceu. 
PAOLA             - Ele ficou lá chorando. (T) O filho é meu! Eu não quero que você encoste um dedo nele!
RUBENS         - (dissimulado) Já entendi tudo. Por mais que eu tente, me esforce pra educar o garoto como um pai faz com o filho que ama, você sempre faz questão de me deixar à margem com relação ao Lucas.
PAOLA             - Não é isso, Rubens. Eu sei que o Lucas às vezes passa dos limites. E é claro que ele te deve respeito. Mas é que eu e o pai dele nunca levantamos a mão pra ele. (T) Não vamos brigar por causa disso, não. Desculpa, vai!
Rubens continua bancando o ofendido. Paola o abraça. Corta para:

CENA 08. CASA DE PAOLA. QUARTO LUCAS. INTERIOR. DIA.
Lucas está deitado em sua cama. Paola entra.
PAOLA             - Vamo levantando daí, Lucas!
LUCAS             - Meu pai já chegou?
PAOLA             - Não, mas deve chegar daqui a pouco. Termine logo de arrumar sua mochila. (T) Eu quero que você peça desculpas ao Rubens... E nada de continuar tratando ele mal.
LUCAS             - Mas foi ele que/
PAOLA             - (corta) Não me interessa. Você tem que respeitá-lo! E nem uma palavra com seu pai sobre isso. Tá me ouvindo?
Na expressão triste de Lucas, Corta para:

CENA 09. SALÃO DE BELEZA. INTERIOR. DIA.
Letícia, Rosália e Soninha cuidando dos cabelos. As três sentadas perto uma da outra. Em conversa avançada.
LETÍCIA            - Mas mãe, eu tô me queixando é da rotina da sala de aula, daquele monte de criança mal educada. Não tem nada a ver com o Júlio.
ROSÁLIA         - Tem tudo a ver, minha filha! Foi trocar o homem maravilhoso que é o Gustavo por um Júlio qualquer, deu nisso: já começaram as reclamações.
LETÍCIA            - Para com isso, mãe. (lembra) E ó, eu faço questão da sua presença no jantar de logo mais. Quero a família toda reunida!
SONINHA        - Ah, mas se você quer contar comigo, trate de incluir o Marcelo na sua lista, maninha!
ROSÁLIA         - Eu ainda vou ter que sentar à mesa com um gigolô também?
SONINHA        - (irritada) A senhora não conhece o Marcelo o bastante pra dizer o que ele é ou deixa de ser, mamãe/
LETÍCIA            - (corta) Pode levar o Marcelo, Soninha... É bom que ele vá aprendendo a lidar com a sogrinha!
Letícia e Soninha riem. Rosália faz cara de quem não gostou. Corta para:

CENA 10. SÃO PAULO. STOCK-SHOTS. EXTERIOR. DIA.
Belas imagens, terminando numa sinaleira da Consolação. Corta para:

CENA 11. RUAS. EXTERIOR. DIA.
Vemos Júlio e Lucas, entre outros pedestres, esperando o sinal abrir. Abre. Eles atravessam e seguem por uma calçada.
JÚLIO               - Você viu como a gente tem que prestar atenção na hora de atravessar? (Lucas movimenta a cabeça positivamente) Se a gente não olha direito, corre sérios riscos... Com os estudos é mais ou menos assim que funciona. É por isso que eu sempre peço pra você se esforçar, prestar atenção nas aulas, participar...
LUCAS             - É, eu sei, pai. Eu tenho prestado bastante atenção, sim.
Júlio percebe que Lucas não está bem. Para, se abaixa e olha nos olhos dele.
JÚLIO               - O que é que você tem, filho?
LUCAS             - Não tenho nada!
JÚLIO               - Pô, Lucas, eu sou seu pai, seu amigo... Pode se abrir comigo.
LUCAS             - Mas eu já disse, pai... Tá tudo bem!
JÚLIO               - (tom) Não, não tá mesmo. Eu te conheço, filho! Você vai me contar agora o que tá acontecendo!
Corte rápido para:

CENA 12. CASA DE PAOLA. SALA/ COZINHA. INTERIOR. DIA.
Campainha tocando. Rubens vai atender, mal humorado, e é surpreendido por Júlio, que lhe dá um grande soco no rosto. Rubens cai, levanta, mas antes mesmo de tentar revidar, Júlio lhe dá outro soco ainda maior, que o faz esbarrar numa mesinha ao lado do sofá, quebrando-a.
      JULIO         - Seu desgraçado!
Corta para a Cozinha, onde Paola arruma talheres numa bandeja. Ela ouve o barulho e vai rápido para a sala. Ao chegar lá, Paola encontra Rubens ainda no chão. Júlio furioso.
    PAOLA         - (assustada, para Júlio) O quê que tá acontecendo aqui?!
    JULIO           - Eu é que pergunto, Paola. Esse canalha bateu no nosso filho, ou será que você não percebeu?
Rubens se levanta com a mão no rosto, a boca sangrando. Paola o ajuda.
RUBENS         - (avançado na direção de Júlio) Sai da minha casa agora!
PAOLA             – (segura Rubens) Calma, vocês dois.  Eu já sei o que aconteceu, Júlio. Foi só uma discussão.
JULIO               - Isso não foi um caso isolado, Paola. Há muito tempo eu tô achando o Lucas triste, esquisito, já vi até manchas no corpo dele. Esse desgraçado vive agredindo o nosso filho!
PAOLA             - Não é nada disso, Júlio/
JULIO               – (corta, furioso) Mas eu não vou permitir que isso continue acontecendo! Eu vou pedir a guarda do Lucas e tirar ele dessa casa. Eu quero o meu filho bem longe de vocês!
PAOLA             - (surpresa, assustada) Ficou louco? Você não pode fazer isso.
JULIO               – Ah, não? Vamos ver se eu posso ou não. (para Rubens). E olha aqui, se você voltar a encostar um dedo no meu filho, eu acabo com você!
Júlio sai, batendo a porta furiosamente. Paola encara Rubens, que continua sangrando perto da boca. Corta para:

CENA 13. APTO JÚLIO E LETÍCIA. SALA. INTERIOR. DIA.
Júlio e Lucas chegando. Letícia vinda do corredor.
LETÍCIA            - (para Lucas, surpresa) Oi.
Letícia nota o semblante sério de Júlio.
LETÍCIA            - O que aconteceu?
Corta para:
CENA 14. APTO JÚLIO E LETÍCIA. QUARTO DO CASAL. INT. DIA
Letícia sentada na cama, Júlio anda nervoso de um lado pro outro.
JULIO               - (revoltado) Agora, eu te pergunto: tem como eu deixar as coisas assim, Letícia? Eu não posso deixar o meu filho naquela casa. Eu tenho que entrar com o pedido de guarda o quanto antes.
LETÍCIA            - (surpresa) Você quer trazer o Lucas pra morar aqui?
JULIO               - (senta ao lado dela) Algum problema pra você?
LETÍCIA            - (pensativa) Não, claro que não. Problema nenhum.
Em Letícia disfarçando sua irritação com a notícia,  corta para:

CENA 15. APTO GUSTAVO E ANDRÉA. SALA. INTERIOR. TARDE.
Gustavo, Andréa e Sofia acabaram de chegar em casa. Gustavo senta-se no sofá com Sofia. Andréa na poltrona ao lado.
GUSTAVO       - (para Sofia) Ufa. Foi ótimo o nosso passeio, não foi?
Sofia não diz nada.
ANDRÉA         - Foi, foi bem legal mesmo.
GUSTAVO       - (para Sofia) Mas você, filha, parece que não gostou. Não disse nada durante o dia todo, não curtiu o filme. Não era o que você queria tanto ir ver?
SOFIA               - (sem olhar para Gustavo, olhando pra frente, séria) Era.
GUSTAVO       - E você não achou legal?
SOFIA               – Um pouco.
Andréa percebe o jeito de Sofia.
ANDRÉA         - (voz calma, amigável) Pois, então... Tudo foi ótimo: o passeio, o cinema, o milk shake, tudo. Agora é hora de descansar. Sofia, meu amor, você não acha melhor tomar um banho, trocar de roupa?
SOFIA               – (para Andréa) Não.
Gustavo e Andréa se entreolham.
GUSTAVO       – A Andréa tem razão, Sofia. Vai tomar um banho pra descansar, colocar um pijama bem gostoso.
SOFIA               – Ainda é cedo pra pijama, e eu não quero tomar banho agora. (para Andréa) E ela... Ela não é a minha mãe.
Gustavo se ajeita no sofá, sério.
GUSTAVO       - Sofia, presta atenção: agora a Andréa é a namorada do papai e você precisa respeitá-la, entendeu?
SOFIA               - Ela é tua namorada, não minha. Eu não devo obediência a ela. E eu não quero fazer nada aqui. Nada!
Sofia sai correndo.
GUSTAVO       - (levanta-se) Sofia, volta aqui! Sofia!
ANDRÉA         - Senta. Deixa ela. Brigar agora só vai piorar.
Gustavo senta-se mais uma vez. Está irritado.
GUSTAVO       - Eu não acredito que ela tá fazendo isso.
ANDRÉA         - É normal, Gustavo. Ela ainda é uma criança.
GUSTAVO       - Criança? Eu não me refiro à Sofia. É da Letícia que eu tô falando.
Em Gustavo sério e pensativo corta para:

CENA 16. APTO JÚLIO E LETÍCIA. SALA JANTAR. INT. NOITE.
Júlio, Letícia, Soninha, Rosália e Violeta jantando em família. Certo clima desconfortável no ar.
Júlio incomodado. Desconforto geral. Soninha quebra o silêncio:
Soninha, Letícia e Júlio preocupados com o rumo da conversa.
Closes alternados de todos meio constrangidos. Mais uma vez Soninha entra em ação para desanuviar o ambiente:
Letícia e Júlio agradecem. Todos brindam naquele clima. Closes de todos. Fecha em Letícia, bastante desconfortável.  Corta para:

CENA 17. BOATE. SALA DE RUBENS. INTERIOR. NOITE.
Sala escura. Rubens abre a porta e entra. Acende uma luz e se depara com uma garota bastante atraente em trajes mínimos sentada em sua mesa.
Detalhe da porta que ficou entreaberta. Rubens vai pra cima dela sedento. Os dois começam a se agarrar bastante excitados. Trocam beijos e amassos quentíssimos. Rubens já está quase arrancando a blusa da garota quando a porta se abre. Paola entra e se depara com a cena.
Rubens e a garota param e a encaram. No horror de Paola Corta rápido para:

CENA 18. CASA DE PAOLA. QUARTO DO CASAL. INT. NOITE.
Discussão ao meio. Abre nas malas de Rubens abertas sobre a cama do casal. Paola vai colocando todas as roupas de Rubens com certo descontrole.
Rubens se aproxima bastante carinhoso e sedutor.  Acaricia o rosto de Paola e limpa as lágrimas dela.
Rubens abraça Paola, que cai totalmente na lábia do marido. Fecha no rosto de Rubens com um risinho de alivio por ter contornado a situação. Corta Para:

CENA 19. APTO JÚLIO E LETÍCIA. SALA. INTERIOR. NOITE.
Letícia abrindo a porta já com roupa de dormir. Gustavo e Sofia entram.
Sofia meio sem vontade vai até Gustavo e o beija. Ele a abraça.
Sofia vai para o quarto. Gustavo encara Letícia.
Gustavo sai furioso e bate a porta com força. Letícia suspira irritada. Fica um instante parada e pensativa. Decide ir para o quarto, até que vira e se assusta ao dar de cara com Júlio, que a encara com olhar acusador.
Closes alternados dos dois. Em Letícia, assustada, Corta .


FIM DO CAPÍTULO 3.

Perdeu o capítulo anterior? Confira aqui.

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