quarta-feira, 22 de maio de 2013

Vamos ser uma Legião.

 Por Vanessa Carvalho


Que Renato Russo foi uma pessoa ímpar como líder da Legião Urbana ninguém duvida. Agora é difícil imaginar alguém como ele sendo “normal”. Estudando, trabalhando, se relacionando, tendo amigos. É essa fase da vida dele que aparece no filme “Somos tão jovens” (2011), filme que mostra o começo da formação musical dele.

O filme não conta a história de Renato Russo em si, mas mostra como Renato Manfredini Júnior se tornou Renato Russo. Ele era um cara normal, vivendo em Brasília, numa época em que o “punk” inglês estava crescendo. Através de um colega de trabalho, Renato é apresentado ao Sex Pistols e logo começa a se questionar sobre tudo que o cerca.

O que mais me chamou a atenção no filme não foi a forma como mostraram as criações de músicas que escutamos desde o início dos anos 80 ou as relações que ele tinha com o Herbert Vianna ou Dinho Ouro Preto, mas foi a caracterização dos personagens, principalmente do Tiago Mendonça. Alguns momentos do filme é preciso lembrar que Renato morreu.


Tendo Brasília como pano de fundo, fica fácil imaginar como era a vida na capital do país no final da década de 70 e início da década de 80. A criação do Aborto Elétrico, o som punk rock que eles faziam ocupa boa parte do filme. Há também um pouco de como surgiu a Plebe Rude e o Capital Inicial.

Os pontos negativos que eu vi no filme, além do roteiro um pouco fraco, foi a caracterização do Herbert Vianna e do Dinho Ouro Preto. Ambos os atores, muito parecidos com os artistas, se esforçaram tanto para se parecerem com eles, que se tornou uma caricatura grosseira dos originais. E o sumiço repentino do pai do Renato na metade do filme. Ele aparece em uma cena e na outra não mais sem explicação nenhuma. Mas nada que estrague a beleza e sutileza do filme.

A bissexualidade do cantor, um dos traços mais fortes da personalidade forte dele, foi tratada de uma forma tão naturalmente simples que faz com que não se sinta falta dela. Nem os grandes conflitos que passava na cabeça das pessoas naquela época. Uma das cenas mais divertidas do filme é quando o Renato está conversando com a mãe dele sobre sua orientação sexual. Foi uma forma tão naturalmente divertida que fica impossível não se divertir com isso. Isso não agradou boa parte dos fãs mais fervorosos do cantor, que podem ver tal cena como um deboche.


Tiago Mendonça foi o grande diferencial do filme. Se há uma coisa que não se pode questionar foi na caracterização do ator. A semelhança física com o Renato no início da carreira é um ponto que não se pode passar despercebido, claro, mas foi na interpretação da forma como o Renato via o mundo que Tiago ganhou toda a atenção da mídia. Ele mostra com maestria a profunda depressão que perseguiu o Renato por toda a sua vida. E a forma como ele canalizou isso para as suas músicas.

As relações pessoais também foram tratadas de maneira séria, porém leve. A relação com sua eterna amiga Ana, a primeira paixão por um amigo de banda, o relacionamento conturbado com os integrantes do Aborto, foram tratados tão delicadamente que é até difícil não imaginar o quanto conviver com ele era sublime. A relação familiar, o apoio dos pais, assim como a preocupação deles foi tratado tão rápido que acabou nem fazendo falta.
Ir ao cinema assistir ao filme esperando a vida do Renato, como apareceu no filme “Cazuza” é pedir para sair decepcionado. Os produtores não quiseram mostrar o Renato Russo, e sim o processo para o surgimento da Legião Urbana. Tanto que, o filme termina quando a banda começa a ser mais conhecida.

“Somos tão jovens” é um filme que vale a pena assistir não pela vida do Renato em si, mas por trazer o cantor mais próximo do público, mostrar um pouco do pensamento dos jovens em plena ditadura, e principalmente pela trilha sonora.


3 comentários:

  1. Quem me conhece sabe da paixão doentia que sinto pelo Renato.Este filme não me agradou,realmente esperava mais,muito mais,sai decepcionado do cinema,na verdade nunca gostei muito de nada nem ninguém que imitasse ou representasse o Renato por qualquer motivo,seja filme, documentário ou uma simples apresentação musical.O renato tem um significado super importante em minha vida,me identifico extremamente com suas musicas,ideias e sua vida também,ele conseguiu transforma em arte algo tão intimo e ao mesmo tempo tão profundo,que era sua forma de ver o mundo,musicas atemporais que traduzem o que milhares de pessoas sentem e que faz com que ele nunca seja esquecido por pessoas como eu.O filme muito bem feito,porem deixou a sensação de que faltou algo...

    Urbana Legio Omnia Vincit

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  2. Adoro a Legião, porém o filme não correspondeu muito às minhas expectativas. É claro que falar sobre a Legião e o Renato, em apenas um filme, é complicadíssimo mas acho que poderia ter tido uma "exposição" maior sobre os acontecidos.

    Jann Silva

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  3. Quem foi Renato Russo???? Mais um herói brasileiro? Que deixou meia dúzia de letras e um exemplo a não ser seguido como pessoa??? ô Brasil dos valores invertidos... falam do cara como se ele fosse um Deus, algo sobrenatural... é demais para minha cabeça.

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