Por Vinicius Pantoja
Já faz algum tempo que os vilões de uma história fazem mais
sucesso do que os mocinhos, seja na literatura, no cinema ou na televisão. Nas
telenovelas não podia ser diferente. Vilões como Raquel (Eva Wilma em 1973 e Glória
Pires em 1993, de Mulheres de Areia), Nazaré (Renata Sorrah, de Senhora do
Destino), Flora (Patrícia Pillar, de A Favorita), Vlad (Ney Latorraca, de
Vamp), Leôncio (Rubens de Falco, de Escrava Isaura), Maria de Fátima e Odete
Roitman (Glória Pires e Beatriz Segall, respectivamente, de Vale Tudo), entre muitos outros, marcaram
pelas suas maldades e planos malignos contra os mocinhos.
E desde quando Amor à Vida estreou, em maio, um personagem
tem chamado mais atenção do que o restante da novela: o vilão Félix, personagem
interpretado por Mateus Solano. E Walcyr Carrasco, autor da novela, criou o
personagem justamente para isso. Ele chama atenção não só por ser vilão e
cometer maldades, também é pelo fato do personagem ser um homossexual não
assumido. E o sucesso de Félix foi imediato: em três dias de novela já haviam várias contas no Twitter e páginas no Facebook dedicadas ao personagem.
E Mateus Solano desenvolveu um ótimo personagem. Irreverente, divertido,
ambicioso e com ótimas tiradas, Félix é o maior destaque de Amor à Vida. E
também provou logo no início que faria de tudo para ficar com a herança da
família só para si ao convencer a irmã Paloma (Paolla Oliveira) a largar tudo e
viver com o seu namorado Ninho (Juliano Cazarré),e principalmente, ao pegar a filha
recém-nascida de Paloma e jogá-la numa caçamba de lixo. E também mais adiante,
ao forjar, com a ajuda da Dra. Glauce (Leona Cavalli), o exame de DNA que
provaria que Paulinha (Klara Castanho) é a verdadeira filha de Paloma.
Mas, pelo fato do personagem ser engraçado, às vezes o Félix
chega a ser caricato. E já tivemos muitos personagens gay caricatos e
estereotipados, como o Crô (Marcelo Serrado) de Fina Estampa, Áureo (André
Gonçalves) de Morde e Assopra, Adriano (Rafael Zulu) de Ti Ti Ti, entre outros.
Esperava-se que Carrasco se aprofundasse mais seriamente na trama do homem que
tem um casamento de fachada e que esconde de todos a sua verdadeira orientação
sexual. E os bordões, como “Salguei a Santa Ceia” e “Pelas contas do Rosário”
são repetidos à exaustão pelo personagem, reforçando ainda mais esta ideia.
Ainda assim, Félix honra o seu posto de principal vilão de Amor à
Vida, e Mateus Solano vem se destacando no personagem e mais uma vez mostrando
o seu talento. Só deve ter cuidado com o personagem para ele não cair no
estereótipo. E não precisamos de mais um personagem gay estereotipado na TV.
Há uma distância grande entre os gays das novelas e os da vida real.
ResponderExcluirComo um hetero é diferente de outro, um gay também é diferente de outro gay. Há de todos os tipos, mas a TV tem de a inserir um gay na novela só pra dizer que lá tem alguém que faz uma graça. Seria bom que o personagem gay tivesse mais coisas na personalidade, na ação, do que ser meramente o gay da novela... Até porque gay não é um título. É uma característica de alguém e ponto final
Verdade Michel, os gays, assim como as pessoas em geral, são diferentes um do outro. Mas as novelas teimam em rotulá-los. Gostei muitos dos personagens gays de Insensato Coração, de Mulheres Apaixonadas e do remake de Ti Ti Ti. Eles tinham tramas próprias, eles não estavam nessas novelas só para fazer graça ou levantar bandeiras
ExcluirOi Vinícius! Adorei teu texto e o teu estilo de opinar ;)
ResponderExcluirEu gostei muito do Félix nas primeiras semanas, mas atualmente o personagem me soa cansativo e repetitivo, em razão do texto raso do Walcyr Carrasco e das repetições de bordões e frases de efeitos desgastados.
Mas a composição do Mateus Solano é realmente irrepreensível, se entregou completamente ao personagem.
Parabéns ;)
Oi Lipe, obrigado pelo elogio! Valeu mesmo!
ExcluirO personagem realmente ficou muito desgastado, apesar da ótima caracterização do Mateus. Walcyr perdeu uma grande oportunidade de criar um vilão marcante.
Abraços