De Isaac Santos
Capítulo 4
Cena 1. Rua. Exterior. Noite.
Olga
está caída no passeio, nua, desacordada. Perto dela estão suas roupas rasgadas,
sujas de sangue e a mala.
Um
homem que a observava do portão de sua casa decide se aproximar para tentar ajudá-la.
Cena 2. Casa de Davi Valério. Banheiro. Interior.
Noite.
Olga
sentada numa banheira enquanto Davi lhe dá banho. Ela ainda chora muito.
Cena 3. Casa de Davi Valério. Quarto. Interior.
Noite.
Olga
sentada na cama enquanto Davi lhe seca os cabelos.
Olga – Por que você tá
fazendo isso por mim, hein?
Davi (carinhoso/humano) –
Sabe que eu num sei?! (sorri)... Mas quando eu te vi lá no chão...
Olga – Eu te tratei
tão mal lá na praia, né?
Davi – Ah, eu simpatizei com você...
Olga – Confesso que eu
não gostei muito de tu. Te achei estranho, com uns papos de guia... Mas eu tenho muito que te agradecer porque se não fosse por ter me trazido pra
tua casa... (se emociona)
Davi – Vamos parando com esse chororô. (ajudando ela a se recostar na cama) Fica aí descansando que eu vou esquentar
um leitinho pra você tomar.
Cena 4. Rua da Pousada. Exterior. Dia.
Amanhecendo.
Crianças brincando na rua. Donas de casa se cumprimentando enquanto varrem o
passeio de suas casas. Pessoas saindo pro trabalho.
Cena 5. Pousada Em Família. Quarto de
Clotilde. Interior. Dia.
Luz
do sol entrando pela janela. Do quarto se ouve o barulho que vem da rua.
Clotilde acordando.
Cena 6. Pousada Em Família. Recepção.
Interior. Dia.
Clotilde
descendo a escada indo pra cozinha tomar o café da manhã. Telma já está nos
seus afazeres na recepção.
Telma – Bom dia, moça. Dormiu bem?
Clotilde (bem
humorada) – Aquele chá de maracujá é coisa dos deuses. Pena que não deu pra continuar na cama, depois do café vou sair atrás de emprego.
Telma – Então, eu vou amanhã conversar com um amigo que é gerente de hotel. Ele já vinha me chamando pra trabalhar como
recepcionista há um tempinho. Se der certo pra mim, vou tentar algo pra tu também.
Clotilde (vibrando)
– Te agradeço por tudo, amiga.
Cena 7. Casa de Davi Valério. Cozinha.
Interior. Dia.
Davi
chega com pães e leite e se surpreende ao ver Olga fazendo café.
Olga – Cê demorou um
pouquinho, né? Eu já tava ficando com medo de assombração nessa casa enorme. (descontrai)
Davi – Eu to
surpreso de você já ter levantado da cama e tá aí fazendo café.
Olga – A madre dizia que toda moça que se preze tem que
saber fazer certas tarefas domésticas. Eu detestava, mas
tinha o lado bom de aprender a se virar.
Davi – Depois eu quero que tu me conte direitinho
essa história de orfanato que cê começou a me falar de madrugada.
Olga – Tá, mas eu também to curiosa pra saber um pouco mais de tu.
Davi – É até bom, eu desabafo um pouco com alguém... (percebendo o horário) Vou tomar logo meu banho.
Davi
sai rapidamente e Olga continua coando o café enquanto seus pensamentos a levam
de volta ao orfanato
Cena 8. Orfanato Emanuel. Sala da
Direção. Interior. Dia.
Flashback
Olga
e Clotilde estão com 13 anos. São trazidas pela Irmã Pureza para uma conversa
com a Irmã Balbina, nova madre do Orfanato.
Clotilde –
Chamou a gente, madre?
Irmã Balbina –
Sim, pedi que a irmã Pureza trouxesse vocês pra que ficassem sabendo que não vou permitir que vocês continuem escutando músicas
profanas no Orfanato. A vitrola será colocada no salão de música, pra que todas as
outras meninas possam também escutar músicas boas, religiosas.
Olga (chateada) – Mas
irmã, os discos são da Clotilde, ela ganhou de presente...
Clotilde
(triste) – E a vitrola também.
Irmã Balbina –
Não quero ouvir nem mais uma palavra sobre esse assunto. Agora podem ir.
Olga
e Clotilde se retiram da sala.
Irmã Balbina –
Irmã Pureza, eu quero que a senhora dê um fim naqueles discos e peça para as
noviças colocarem a vitrola no salão.
Cena 9. Orfanato Emanuel. Quarto de
Clotilde e Olga. Interior. Dia.
Flashback
Clotilde
e Olga estão se arrumando. É o dia de deixarem o orfanato. A irmã Pureza entra
com um embrulho nas mãos.
Irmã Pureza – Vamos sentir falta de vocês, minhas filhas.
Clotilde e Olga –
Nós também, irmã.
Irmã Pureza –
Clotilde, lembra daqueles discos que a saudosa irmã Gertrudes te entregou?
Olga (azeda) – E que a
bruxa da madre Balbina mandou quebrar?!
Clotilde
e Irmã Pureza dão risada
Irmã Pureza – Eu guardei os discos
por todos esses anos...
Clotilde
e Olga regozijadas. Há um clima de
despedida.
Fim
do flashback.
Corta
para
Cena 10. Entrada da Delegacia/Rua.
Exterior. Dia.
Olga
e Davi Valério saindo da delegacia. Davi pára numa barraca, compra cigarros e
depois sai correndo atrás de Olga que, chateada, não quis esperar.
Davi – Eu
já tinha te falado que não esperasse um bom tratamento na delegacia. Esses
caras são muito preconceituosos, acabam fazendo com que a culpa pareça ser da
vítima e não do agressor.
Olga – Uns babacas!
Vendo
que o ônibus se aproxima do ponto, eles correm para não perdê-lo.
Cena 11. Casa de Davi Valério. Sala.
Interior. Noite.
Davi e Olga em meio de conversa.
Davi – Eu acho tão
diferente me chamarem de Davi. Meu nome é Davi Valério Ferreira Bastos, mas
as amigas íntimas (sorrindo) me chamam de Valéria.
Olga – Eu prefiro Davi. Me conta mais de você.
Davi – Por onde começo? (descontrai)
Olga – Essa casa é
sua?
Davi – É, acho que é.
Olga – Bobo!
Davi – Eu, eu tinha 35 anos quando o meu pai morreu, minha mãe havia morrido 5 anos antes. Tô com 45. Lá se vão dez anos de minha vida. (acende um cigarro) Todos dois
sabiam do meu jeito, não apoiavam, mas também nunca exigiram que eu aparecesse
com uma namorada. Só não admitiam que eu não formasse numa faculdade.
Olga – Você formou?
Davi – Não, nunca fui
muito de estudar. Eles viviam brigando comigo por
causa disso. Eu sai de casa por um tempo, mas quando soube que minha mãe não
tava muito legal de saúde eu voltei.
Olga (levantando-se) –
Vamos lá pra cozinha, vou passar um cafezinho pra gente.
Cena 12. Casa de Davi Valério. Cozinha.
Interior Noite.
Continuam
a conversa enquanto Olga prepara o café.
Olga – Eu não sei o que é
ter mãe e pai...
Davi – O meu velho aprontava muito, só vivia dando desgosto pra gente.
Minha mãe sofria demais.
Olga – Era mulherengo?
Davi – Ele era viciado em jogos de azar. A gente perdeu tudo, Olga... Só restou essa casa. Essa casa vivia
cheia de gente da alta sociedade de Salvador. Meus pais tinham muitos amigos.
Olga
serve o café para Davi, que aproveita e acende um cigarro.
Davi – Meu pai era dono
de uma rede de rádios aqui na capital e em algumas cidades do interior.
Pouco antes do velho morrer ele implorou a um amigo que comprasse a última
emissora que ainda lhe restava. No fundo ele sabia que eu não daria conta
do negócio e foi um jeito de garantir que eu tivesse algum dinheiro guardado, mas o canalha ficou apenas na primeira parte do pagamento. Meu pai confiou, passou toda a documentação da rádio pro nome desse sujeito antes de receber o
restante do valor acertado. Morreu sem saber.
Olga – E
ainda é vivo esse abutre?
Davi – Sim, cada vez mais
rico. E com certeza a mente nem acusa, deve achar que fez um favor ao meu
pai. Canalha!
Olga – E você já o viu
depois disso?
Davi – Já, mas ele nem se
lembra de mim, não me reconhece, nem eu faço questão. Ele vai de vez quando no
mesmo terreiro que eu frequento, mas é daquele tipo que só vai quando precisa
de alguma coisa.
Cena 13. Orfanato Emanuel. Sala da
Direção. Interior. Dia.
Irmã Pureza organizando alguns documentos no Arquivo, encontra por acaso a pasta de Clotilde e começa a lembrar do dia em que...
Flashback
Um
tempo depois da morte da Irmã Gertrudes. Mara em conversa já avançada com a
nova madre superiora.
Mara – Não
entendo, Irmã...
Irmã Balbina –
Não é tão difícil assim de compreender. Desculpe a sinceridade, mas olhe num espelho. Eu não posso permitir que continue a visitar esse orfanato pra ver a
sua filha. Nós vivemos num ambiente cristão, de bons costumes...
Mara – Tudo bem que a
senhora não aceite a minha ajuda, a irmã Gertrudes também não aceitava. Mas nunca me proibiu de
observar a minha filha no pátio, à distância. Que mal há?
Irmã Balbina – A
irmã Gertrudes era a irmã Gertrudes!
Mara – Tudo bem, a senhora é quem manda.
Irmã Balbina – Eu não tenho que ouvir suas ironias. Ponha-se daqui pra fora!
Irmã
Pureza é chamada para acompanhar Mara até o portão.
Cena 14. Orfanato Emanuel. Saguão de
Entrada. Interior. Dia.
Flashback
Irmã Pureza – Eu não pude deixar de ouvir uma parte da conversa de vocês... Não se importe!
Mara – A senhora é um
amor, irmã. Eu lhe agradeço a atenção.
Irmã Pureza –
Olha, me dê um telefone de contato, vou tentar te manter informada
sobre a sua filha
Mara (emocionada) – A
senhora faria isso, irmã? Mas eu não tenho nem papel nem caneta aqui.
Irmã Pureza – Me
espere aqui que eu já volto.
Irmã
Pureza sai e Mara continua ali se sentindo mais confortada.
Fim
do flashback
Corta
para
Cena 15. Hospital. Sala do médico.
Interior. Dia.
Davi
tentando acalmar Olga que está temerosa. Eles conversam com um médico.
Olga – E então doutor... O
que o senhor me diz?
Médico –
Então, imagino que você possa não receber bem a
notícia... Deu
positivo, você está grávida.
Olga (chorando) – Me ajuda, Davi. (abraçando-o) O que eu vou fazer da minha vida agora !?
Corta
para
Fim
do 4º capítulo
Confira o 5º aqui.
E se perdeu o capítulo anterior, clique aqui.
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Olá. Parabéns pelo site!
ResponderExcluirQuando puder dá uma passada no nosso. Produzimos webnovelas
http://operetv.com.br/videos/web-novela-jogo-da-verdade-cap-03/
abraços!
Olá, pessoal do Opere TV, já fui lá prestigiá-los. Voltem sempre!
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