sábado, 4 de junho de 2011

67 Anos de Pura Inventidade!!

Jornalista, dramaturgo, escritor, roteirista e telenovelista brasileiro. Pouco ou nada modesto, por ter consciência de ser um dos tais responsáveis, por manter a Rede Globo na liderança de audiência com as suas novelas no horário nobre da TV brasileira. Trata-se do Aguinaldo Silva, e embora talvez alguns discordem, ele é sim, um dos melhores e mais respeitados autores da nossa teledramaturgia. Óbvio, não há  de se ignorar a sua aptidão jornalística, de experiência comprovada em importantes veículos de comunicação da imprensa nacional, no entanto, o reconhecimento se deu como um criador de histórias, papel absolutamente impossível para ele, se continuasse a atuar na área jornalística. Felizmente, a decisão acertada foi escolhida e hoje somam-se muitos sucessos, entre os quais: Pedra Sobre Pedra, Senhora do Destino, Tieta, Vale tudo, Roque Santeiro, Fera Ferida, A Indomada, Porto dos Milagres, Riacho Doce, Padre Cícero, Tenda dos Milagres, Lampião e Maria Bonita, entre outros, e em breve a tão aguardada Fina Estampa. 


Abaixo, vídeos extraídos do You Tube: "Um Carpinense Chamado Aguinaldo", trabalho de Elionay Tavares, Rebeka Raelly e Thalita Belo (ficha técnica completa, ao final da 2ª parte).


Aguinaldo Silva completa 67 anos no dia 07 de junho e aqui lhe desejamos um FELIZ ANIVERSÁRIO, que os seus projetos se concretizem e a sua imaginação seja mais e mais livre, nos proporcionando momentos impagáveis diante da TV. 

foto de Francisco Patrício (2011)

Sabendo de sua preferência musical, dedico (vídeo abaixo) um trecho das músicas Sonho Impossível e Gente Humilde, na interpretação da Maria Bethânia:




Em 2009 o Aguinaldo cedeu uma entrevista ao extinto blog VTNT, do amigo Mourão, eu também participei com algumas perguntas, gentilmente respondidas... vamos relembrar?  


Lembro das divergências entre a autora Glória Perez e o diretor Jaime Monjardim, à época da novela América, e isto, mesmo depois da parceria bem sucedida de O Clone. Outro autor, o Lauro César Muniz, insatizfeito com o Flávio Colatrello na direção da novela Cidadão Brasileiro, exigiu e este foi substituído por um outro profissional de sua preferência. Recentemente, falou-se que o autor Manoel Carlos teria se estranhado com o diretor Jaime Monjardim. Disto sabemos, pelo vazamento na mídia especializada, mas provavelmente há mais histórias de bastidores, as quais não tomamos conhecimento. Você em dado momento de sua extensa carreira desaprovou o estilo de algum diretor, ao ponto de tornar-se inviável continuar a parceria, mesmo com o trabalho ainda em execução?

Aguinaldo Silva: com o trabalho em execução, nunca, porque embora tenha um ego enorme, nunca perco de vista que o mais importante é o meu trabalho, e luto para preservá-lo. Mas quando Porto dos Milagres acabou eu decidi que não trabalharia mais com o diretor Marcos Paulo. Não foi nada pessoal, mas havia entre nós sérias divergências quanto ao encaminhamento do trabalho, o que tornou a parceria inviável. Além disso ele tinha uma extrema dificuldade em falar comigo, não sei porquê, usava sempre o Ricardo Linhares como intermediário. Coisas da vida, eu acho.

Segundo a mídia o autor Walcir Carrasco teria se irritado com alterações na fala da personagem da atriz Cláudia Raia na novela Sete Pecados, feitas por ela própria, e que por esta razão, daria a ela um destino diferente do previsto originalmente, o mais rápido possível. O autor Lauro César Muniz e elenco da novela Poder Paralelo, estariam descontentes por cortes no texto, instantes antes da gravação, o que sob forte protesto, inclusive da Associação Brasileira de Roteiristas, foi devidamente corrigido. Caso haja, poderia relatar para nós alguma experiência pessoal que se enquadre, ao menos em um dos exemplos dados?


Aguinaldo Silva: em “Suave Veneno” Daniel Filho editou os 12 primeiros capítulos sem me falar nada a respeito. Quando a novela estreou eu levei um susto, pois ela virou um desastre. Mas não perdi tempo brigando, tratei de correr atrás do prejuízo até conseguir botar a novela de novo nos trilhos. Tive a sorte de trabalhar durante muito tempo com Paulo Ubiratan, que era o melhor diretor de novelas dentre todos, e foi o mestre dos que hoje pontificam. Ele fazia questão de dirigir minhas novelas, quando podia escolher quaisquer outras. E agora descobri outro parceiro ideal, que é Wolf Maya, com quem pretendo trabalhar para o resto da vida.


Há alguns anos, autores de peso da Rede Globo, de modo surpreendente, assinaram com o Sbt, mas quase que instantâneamente, desistiram da idéia. A época é outra, e a exemplo da Globo, a Record tem investido milhões num projeto audacioso, consistente e efetivo. Como você avalia esta fase de abertura do mercado para tantos profissionais?


Aguinaldo Silva: da melhor maneira possível. A abertura do mercado de trabalho só beneficia os que trabalham nele. Fui procurado recentemente por Sílvio Santos e Hiran Silveira, da Record, que estavam interessados no meu trabalho. Chegamos a falar em cifras. O resultado disso é que a Rede Globo, quando soube a respeito, me fez uma proposta irrecusável e, aos 65 anos, eu acabei assinando o melhor contrato de toda a minha vida. Mas o que já disse antes eu repito: se a Record quiser realmente crescer, para começo de conversa terá que contratar um autor de novelas e um diretor de primeira linha.


Qual a sua observação sobre a atitude de seus colegas, ao descumprirem um contrato?


Aguinaldo Silva: cada um é dono de si, e dá o significado que quiser à palavra “caráter”. Houve aquele famoso episódio dos que assinaram, com Silvio Santos, receberam as luvas, e depois não foram pra lá, nem devolveram o dinheiro. Claro, foram processados e perderam a causa, mas dizem que quem pagou a indenização ao SBT foi a Globo. Não sei se isso é verdade, mas se foi, é a mesma coisa que premiar alguém porque foi desonesto.

Embora eu estivesse na torcida por sua ida a Record, não me surpreendo pela renovação de contrato, você vai continuar bombando na Globo… com relação a um de seus comentários no Blogão onde você diz que “só falta te darem um pedaço da lua” para concluirem as negociações, conta pra gente, tem a ver com a inserção de alguns nomes da turma talentosa da Master Class, nos seus futuros projetos, ou ao menos em Marido de Aluguel, ou ainda, na inclusão destes no quadro efetivo da Globo para qualquer projeto, também de outros autores?

Aguinaldo Silva: não, o pedaço da lua era outro, essa fatia aí já estava garantida. Vou trabalhar sim com pessoas que fizeram a máster class pra mim, nem que tenha que pagá-las do meu próprio bolso.

Pensei na possibilidade de a Globo encampar futuras edições da Master Class à sua marca… caso nada conste sobre isto, e havendo interesse de outras emissoras tanto na contratação de pessoal revelado por sua iniciativa, quanto na agregação da Master Class aos seus projetos, qual o seu posicionamento?

Aguinaldo Silva: se a Globo não encampar o projeto da master class, mesmo que não seja comigo, estará comendo mosca. Meu método é muito mais dinâmico que o da oficina de autores, um projeto antigo que a emissora acabou suspendendo. Se alguém revelado pela minha master class for contratado por outra emissora, isso será motivo de muito orgulho pra mim, e provará que eu acertei na escolha dos candidatos. Continuo achando que a televisão precisa de novos autores, quem está nela até hoje e ainda não conseguiu se firmar é porque não tem estofo pra isso, portanto… Que venham os novos.

2 comentários:

  1. Gostei muito dessa entrevista. Algumas dessas perguntas eram dúvidas que tinha guardadas comigo há muito tempo. Melhor ainda foram as respostas dos Aguinaldo, sempre certeiras como uma fecha.

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  2. o Aguinaldo se mostrou bem solícito nesta entrevista... eu e todos os demais ficamos todos muito contentes pelas respostas bem esclarecedoras... e agora também me sinto feliz pela tua visita, sempre bem vinda... um abração, Silvério!

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