Por Leonardo Mello de Oliveira
É indiscutível a
relação entre a literatura e a teledramaturgia brasileira. A primeira foi a
base para que tivéssemos hoje as nossas telenovelas, inspiradas nos romances
publicados em forma de folhetim durante o século XIX. Os romances urbanos, onde
a mulher tinha um papel de destaque e as histórias de amor açucaradas eram o
mote principal, talvez tenham sido as nossas primeiras novelas. E é impossível falar
de romances brasileiros sem citar José de Alencar, romancista que tentou
caracterizar o Brasil através de suas mais diferentes formas de expressão.
José de Alencar experimentou todos os
tipos de romances do período romântico brasileiro: o indianista, o regional e o
urbano. Além de usar dos principais ingredientes destes tipos de literatura,
tentava escrever com uma linguagem brasileira e fazer críticas à sociedade da
época. Algumas de suas principais obras foram adaptadas para a TV, o que mostra
como a sua linguagem e estilo contextualizam com a teledramaturgia brasileira.

Outro romance de Alencar que virou um
grande sucesso da TV foi As Minas de
Prata. Escrita por nada mais nada menos que Ivani Ribeiro, em 1966, foi uma
superprodução da TV Excelsior, que contava com Fúlvio Stefanini, Regina Duarte
e Renato Master nos papéis principais. O romance histórico ainda serviria como
base para a novela A Padroeira, de 2001, escrita por Walcyr Carrasco, na Globo.
O livro contava a história de Estácio, que procurava as minas de prata
encontradas por seu pai. Ele contava com o dinheiro para se casar com Inesita,
cujo pai queria que se casasse com outro homem. A trama se passava em Salvador,
no século XVII.
O romance indianista O Guarani foi adaptado por Walcyr Carrasco em 1991, em formato de
minissérie, na Rede Manchete. O elenco, um tanto quanto estranho, podemos
dizer, contava com Angélica como Cecília, Leonardo Brício como Péri e Luigi
Baricelli como D. Diogo. A história tratava da vinda do português D. Antônio de Mariz ao Brasil com sua família. Se desenvolvem várias
tramas a partir daí, como o amor do índio Péri pela filha de D. Antônio,
Cecília, e uma revolta indígena provocada pela morte de uma índia, morta por D.
Diogo durante uma caçada. Vale lembrar de Loredano, ex-frei, ambicioso e
devasso que se infiltra na família de D. Antônio com o intuito de destruí-la e
raptar Cecília. Como todos os outros romances indianistas, o índio é retratado
como um ser heróico e “civilizado”, ou seja, um índio idealizado para a época.

Com tantas obras adaptadas, é quase
impossível não darmos a José de Alencar o título de primeiro autor de novelas
brasileiro. Dono de histórias bem boladas e desenvolvidas, seus romances
publicados em folhetins na época deviam ter instigado a curiosidade da
população assim como as nossas telenovelas instigam nossa curiosidade hoje em dia.
Como ninguém, o escritor tentou dar brasilidade a nossa literatura, escrevendo,
mesmo com um estilo idealizador, sobre os cidadãos das mais diferentes regiões
do Brasil. Alguns autores, como Janete Clair e Dias Gomes, tentaram fazer o
mesmo com suas novelas. Esperamos mais José de Alencar na nossa TV, até porque,
suas histórias parecem ser sempre sinônimo de sucesso e repercussão.
Em Caras e Bocas também tinha uma adaptação inspirada em "Senhora" era o casal Milena(Sheron Menezes) e Nick (Sérgio Marone).
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