terça-feira, 17 de junho de 2014

O que tiver de ser - penúltimo capítulo


O QUE TIVER DE SER

CAPÍTULO 5 - PENÚLTIMO

WEB NOVELA DE
LEANDRO BRASIL


ESCRITA COM A COLABORAÇÃO DE:

ISAAC SANTOS
RAFAEL BARBOSA
RAUL FELIPE SENNGER


CENA 01. APTO JÚLIO E LETÍCIA. SALA. INTERIOR. NOITE.
Continuação imediata. Júlio muito assustado com a revelação de Paola.
JÚLIO               - Que brincadeira é essa? Você não tem o direito de usar um assunto tão sério pra/
PAOLA             - (corta) Eu tô falando a verdade. O pai do Lucas é o Rubens!
JÚLIO               - (desnorteado) Mas como pode isso? Eu... Eu...
Descontrolado, Júlio segura Paola e a sacode violentamente.
JÚLIO               - Como é que pode isso, Paola? Eu não tô entendendo mais nada, eu/
PAOLA             - (corta, assustada) Me larga, Júlio. Me deixa explicar!
Júlio solta Paola, que esfrega o braço, assustada, enquanto ele a encara.
PAOLA             - Seu louco! Você me machucou! (Pausa. Paola respira fundo e continua) O Rubens é o verdadeiro pai do Lucas. Como você sabe, eu e ele passamos a morar juntos e nos casamos pouco tempo depois da nossa separação. Você até me acusou de te trair com ele, lembra? Você não tava totalmente errado. (Júlio já vai interrompê-la, mas Paola continua, rápida) Calma, não é o que você tá pensando. Eu nunca te traí com o Rubens nem com ninguém. (T) O que eu quis dizer é que... A minha relação com o Rubens é bem mais antiga do que você pensa. Eu conheci ele muito antes de te conhecer. Ele foi meu primeiro namorado, pra ser mais exata. Quando o nosso casamento já tava em crise, eu reencontrei o Rubens e decidi me separar de você pra ficar com ele.
Paola olha para Júlio, esperando que ele diga algo, mas ele continua calado.
PAOLA             - No passado a minha relação com o Rubens sempre foi muito tensa, a gente brigava muito, vivia entre idas e vindas. E foi numa dessas brigas sérias, quando ele até mudou de cidade e passou anos morando fora, que eu te conheci. (pausa) Eu gostei de você, Júlio, gostei muito. Tudo que eu queria era um pouco de paz na minha vida, depois de tanta confusão com o Rubens. Eu queria esquecer que ele existia. Mas pouco tempo depois que a gente começou a namorar eu descobri que tava grávida. Do Rubens.
Júlio olha chocado para Paola, quase não acredita no que ouve.
PAOLA             - Foi aí que eu resolvi me entregar a você pra valer e dizer que o filho era seu. (Tempo. Paola sofre ao relembrar) Eu não quis tirar o meu filho. Eu tinha certeza que você não ia me desamparar, que seria o pai perfeito pro Lucas. E eu não tava errada. (se emociona) Lembra, Júlio? Assim que eu falei da gravidez, você resolveu largar na hora a faculdade de administração, que era o teu grande sonho, casou comigo e começou a trabalhar pra assumir o Lucas. Eu sou muito grata por tudo o que você fez por mim. É por isso que eu nunca contei pra ninguém que o Lucas não é seu filho. E o Rubens... Bom, o Rubens não gosta de criança, ele nunca seria um bom pai. O Lucas não podia ter um pai melhor do que você.
JÚLIO               - Peraí, então... Quer dizer que o Lucas não é/
PAOLA             - (corta) Ele nunca foi prematuro. Aquilo foi uma história que eu inventei pra você não desconfiar que eu já tava grávida quando te conheci. O médico teve pena de mim e confirmou a história. O Lucas nasceu normal, de nove meses.
JÚLIO               - Bem que eu desconfiei que ele não tinha cara de bebê prematuro, era muito forte. Mas se o médico confirmou...
Júlio anda meio transtornado, quase chorando.
JÚLIO               - Isso é mentira sua, Paola! O Lucas é meu filho! Você tá inventando tudo isso pra eu desistir dele!
PAOLA             - Qualquer exame de DNA pode confirmar o que eu tô dizendo. Você não sabe como eu tô sofrendo por te dizer isso. Eu sei o quanto você ama o Lucas, o quanto ele te ama e eu sei que você não vai deixar de gostar dele por ele não ser seu filho biológico. A relação de vocês dois é muito bonita, muito forte. Nada pode destruir isso. (T) Eu nunca ia contar isso pra ninguém, Júlio. Esse segredo ia morrer comigo, mas você não me deu escolha. Eu amo demais o meu filho e eu não posso permitir que você tire ele de mim. Se você não desistir da guarda do Lucas, todo mundo vai saber que ele não é seu filho e aí é que você não vai ter direito nenhum, porque eu tenho certeza que o Rubens não vai mais permitir que você se aproxime dele. (T) Se você desistir de pedir a guarda do Lucas, tudo vai continuar como está. Eu te garanto que não vou mais deixar que o Rubens encoste um dedo nele, você pode vê-lo quando quiser e ninguém nunca vai saber disso. Esse segredo fica só entre nós dois. A decisão é sua.
Júlio olha para Paola com os olhos cheios d’água, sem palavras. Ela faz um gesto de quem quer consolá-lo, mas ele se afasta.
JÚLIO               - (exaltado) Sai daqui, Paola! Me deixa sozinho! (quase chorando) Você não podia ter feito isso comigo, não podia...
Paola olha comovida para Júlio e sofre também.
PAOLA             - Pensa bem no que eu te falei. Tchau, Júlio.
Paola vai embora. Júlio não aguenta mais e cai sentado no sofá, chorando muito. Pega um porta retrato de Lucas que está por perto e chora ainda mais olhando a foto do filho e abraçando o porta retrato. Corta para:

CENA 02. APTO JÚLIO E LETÍCIA. QUARTO. INTERIOR. NOITE.
Júlio sentando na cama, de cabeça baixa. Letícia ao seu lado.
LETÍCIA            - Eu não te entendo, Júlio. Você tava todo determinado a pedir a guarda do Lucas. Como é que agora/
JÚLIO               - (corta) Eu pensei bem e... Eu concordo com a Paola. O melhor pra qualquer criança é ficar com a mãe.
LETÍCIA            – Na maioria dos casos sim, mas não nesse! (tempo) Você não vai me dizer o que a Paola te disse, o que ela falou de tão importante pra te fazer desistir do filho que você ama tanto?
JÚLIO               - Eu já disse, Letícia. Eu pensei melhor. Foi isso.
LETÍCIA           - (levanta-se) Você não tá sendo sincero. Quê que é, Júlio? Não confia em mim?
Júlio levanta a cabeça. Olhando fortemente para Letícia.
JÚLIO               - Talvez eu não confie mesmo e tenho motivos pra isso. (levanta-se) Afinal, eu nem sei se você me ama mesmo como diz que ama, se já esqueceu o Gustavo. Infelizmente, acho que a única pessoa dessa casa que não é sincera com relação ao que sente é você.
Em Júlio sério encarando Letícia, corta para:

CENA 03. APTO JÚLIO E LETÍCIA. SALA. INTERIOR. DIA.
Sofia chegando da escola com Gustavo. Os dois bem animados. Sofia carregando um algodão doce. Gustavo segurando umas duas sacolas.
SOFIA               - É verdade, pai. Foi muito bom mesmo. Pena que você não conseguiu tirar um daqueles ursinhos de dentro da máquina.
GUSTAVO       – Uma pena mesmo, mas eu prometo que vou treinar muito, mas muito mesmo, tá? E da próxima vez a gente traz pra casa todos os ursinhos com uma única ficha, que tal?
Letícia entra e estranha ao ver Sofia e Gustavo felizes.
LETÍCIA            - (sem entender) Tudo bem por aqui?
GUSTAVO       - Melhor, impossível.
SOFIA               - Eu e o papai fizemos as pazes, ele me levou num montão de lugares. A gente se divertiu muito! E o melhor: disse que vai tentar me buscar na escola sempre.
Letícia               - (irônica) Fico feliz, filha. Já tava começando a ficar preocupada, você não chegava! Agora leva todas essas coisas pro seu quarto. E chega de doce por hoje, viu, mocinha!
Sofia pega as sacolas de Gustavo, ele lhe dá um beijo e ela sai. Gustavo e Letícia se encaram
GUSTAVO       - (leve tom de sarcasmo) Pois é, minha cara, não foi dessa vez. Será que você tem um plano “B”, um “C”...? Só pra que eu possa ficar prevenido, sabe? Já que o plano “A” falhou.  Tem?
LETÍCIA           - (cara de pau) Do que você tá falando?  Planos...? Desde quando eu fui de fazer armação?
Júlio chega desconfiado. Cruza os braços
JÚLIO               - O que está acontecendo aqui?
GUSTAVO       - Ah, chegou quem eu esperava.
LETÍCIA            - (assustada) Gustavo, o que é que você vai/
GUSTAVO       - (corta) Calma. Eu só vou dizer a verdade. (para Júlio) Você sabia, Júlio, que a Letícia tá usando a Sofia pra tentar me separar da Andréa?
LETÍCIA            - Que é isso, de onde você tirou/
GUSTAVO       - (continua para Júlio) Ela me fez perder de propósito a apresentação da peça de teatro da Sofia, ficou inventando que tinha dado o recado a Andréa, enfim, inventou um monte de mentira, tudo pra me fazer brigar com ela e pra colocar a Sofia contra mim.
LETÍCIA            - (grita, furiosa) Cala a boca! (a Júlio) Júlio, você não vai/
GUSTAVO       - Quer um conselho, Júlio? Toma muito cuidado com a Letícia. Cada dia mais eu me convenço de que ela é capaz de tudo pra conseguir o que quer.  Ela é terrível.
Gustavo vai embora. Letícia encara Júlio com cara de choro. 
LETÍCIA            - Isso é mentira dele, Júlio. Eu nunca/
JÚLIO               - (corta, decepcionado) Para!  Não diz nada. Chega!
Júlio sai. Close de Letícia, que deixa escorrer uma lágrima. Corta para:

CENA 04. HALL DO APTO JÚLIO E LETÍCIA. ELEVADOR. INT. DIA.
Júlio segurando uma mala e indo para o elevador. Letícia atrás dele.
LETÍCIA            - (implorando) Júlio, por favor. As coisas não podem acabar assim, pelo amor de Deus, me escuta. Não me deixa aqui.
Júlio para. Vira-se para Letícia.
JULIO               - (sério, expressão de raiva) Essa é a atitude mais sensata que nós podemos tomar agora, Letícia: cada um no seu canto. Eu vou pra casa da minha mãe e você fica aqui. Eu tô te dando um tempo pra pensar. Quando você tiver certeza do que quer pra você, do quer pra nós dois, a gente pode conversar.
Júlio retoma o caminho. Letícia entra em sua frente, segura a mala.
LETÍCIA            – Não, você não pode fazer isso comigo, não!
Júlio a empurra de leve, entra no elevador, que se fecha. Letícia começa a esmurrar violentamente a porta do elevador. Corta para:

CENA 05. APTO SONINHA. SALA. INTERIOR. DIA.
Abre no rosto de Letícia chorando. Câmera recua e vemos Letícia com a cabeça no colo de Soninha, que passa as mãos sobre a cabeça dela. Rosália sentada numa poltrona ao lado do sofá.
SONINHA        - Eu não tô acreditando, Letícia, que você foi capaz de deixar um homem feito o Júlio ir assim... Escorrendo pelo ralo e levando todo o amor dele por você esgoto abaixo.
ROSÁLIA         - Acho que até demorou pra escorrer... Letícia, por favor, minha filha, olha a chance que a vida tá te dando. Ainda tá em tempo de você tentar um recomeço com pai da tua filha. Com o Gustavo, Letícia!
Soninha olha séria para Rosália, reprovando-a pelo comentário.
LETÍCIA            - (arrasada) Eu não sei o que fazer. Juro que não sei.
Em Letícia chorando, corta para:

CENA 06. FRENTE DA BOATE. EXTERIOR. NOITE.
Marcelo está de prontidão, fumando um cigarro. Rubens vem saindo da boate.
RUBENS         - Nada do cara aparecer?
MARCELO       - Daqui a pouco ele tá na área. Relaxa!
RUBENS         - (impaciente) Esse negócio de relaxar não é comigo, não.
Corte descontínuo: Abre em Rubens e Marcelo se despedindo fora de áudio de um sujeito estranho, que leva um misterioso pacote. Vemos tudo isso do PV de alguém misterioso que os observa de longe. O homem aperta as mãos de Rubens e Marcelo. Imagem estática nos três. Alguém os fotografa de longe. O homem entra no carro e vai embora. A pessoa que está observando tira mais fotos de Rubens e Marcelo entrando na boate. Corta para:

CENA 07. APTO GUSTAVO E ANDRÉA. SALA. INTERIOR. DIA.
Andréa e Gustavo discutindo.
ANDRÉA         - Então resolvam você e ela.
GUSTAVO       - Calma, não precisa disso! Eu tô ouvindo e analisando tudo que você tá me dizendo.
ANDRÉA         - (de braços cruzados, de costas pra ele) É só o que você tem feito: ouvir. E nada de tomar uma atitude.
GUSTAVO       - Mas eu não posso tirar a Sofia da mãe dela.
Andréa se vira para Gustavo e o encara com uma expressão questionadora.
GUSTAVO       - Ok, eu posso sim. Mas eu não quero separar as duas.
Andréa mantém a mesma postura diante de Gustavo.
GUSTAVO       - (incomodado) Vai ficar aí me fuzilando com os olhos, não vai falar mais nada?
ANDRÉA         - (suave) Sabe, eu não tenho o direito de te influenciar pra que você tente separar mãe e filha. Longe de mim, querer isso. Mas eu tô cansada de bater na mesma tecla: Você precisa ser mais firme com a Letícia, Gustavo.
GUSTAVO       - Já vai começar com esse papo de novo, Andréa?
ANDRÉA         - Não. Eu tô é terminando o papo. Mas é bom que você tenha consciência de que a Letícia vai continuar influenciando a Sofia contra a nossa relação. E o que é pior: Se a sua “ex” não se der por satisfeita pode começar a encher a cabeça da menina contra você. (aborrecida) Mas a filha é sua. Você deve saber como agir.
Andréa sai. Gustavo senta no sofá, pega o controle remoto, liga a TV, desliga logo em seguida. Close de Gustavo angustiado. Corta para:

CENA 08. CASA DE PAOLA. QUARTO. INTERIOR. DIA.
Rubens dormindo. Cortinas do quarto são abertas bruscamente. Rubens acorda mal humorado e vê Paola muita séria diante dele.
RUBENS         - Já vi que o dia tá lindo, amor, mas eu queria descansar mais um pouquinho. Fecha essa cortina, vai. (sorri)
Paola, de pé ao lado da cama, encara Rubens.
PAOLA             - Levanta dessa cama, Rubens. A gente precisa ter uma conversa séria.
RUBENS         - (se recostando) O que é que tá pegando?
PAOLA             - O que tá pegando é isto, seu sem vergonha. (Paola mostra um pequeno pacote com drogas) Você pode me explicar o que significa esse pacotinho?
RUBENS         - (assustado) Onde você achou isso?
PAOLA             - No bolso da sua calça. Eu ia botar pra lavar, tava vendo se não tinha algum papel, algum dinheiro e/
RUBENS         - (corta, irritado) Peraê, mozinho, você agora vai entrar nessa de fuçar nas minhas coisas, feito essas mulheres/
PAOLA             - Para de bancar o desentendido, Rubens! Eu tô aguardando uma explicação! Vai, me diz o que isso tava fazendo no seu bolso!
RUBENS         - (assustado, tenta disfarçar) Cê sabe... Um homem como eu, que trabalha num ambiente daqueles... Uma hora eu ia acabar cedendo à curiosidade. (T) Mas tá aí, eu nem cheguei a usar. E me dá isso que eu vou jogar fora.
PAOLA             - (pensativa) Peraí, acho que eu já tô sacando tudo...
Insert de trecho rápido da cena 04 do capítulo 4: Paola escuta conversa suspeita de Marcelo com Rubens. Fim do insert.
PAOLA             - Eu sabia que tinha algo errado naquela história. Então é desse jeito que você ganha a vida? Eu sabia! Aquela porcaria de boate caindo aos pedaços nunca daria tanto dinheiro! Você é um/
RUBENS         - (já perdendo a paciência) Para de conversar besteira e me dá logo essa porcaria.
Rubens tenta tomar o pacote das mãos de Paola, mas ela o joga pela janela. Furioso, Rubens vai até a janela, fecha as cortinas e deita novamente.
PAOLA             - Olha pra mim, Rubens.
RUBENS         - Não enche o saco!
PAOLA             - (furiosa) Eu não sabia que tinha me casado com um traficante! (puxando o lençol de Rubens) Eu vou ligar agora mesmo pra polícia. Não vou ficar vivendo com um/
Rubens perde a paciência, se levanta transtornado e dá um safanão em Paola, que cai na cama.
RUBENS         - Com quem você pensa que tá falando? Eu não sou o otário do teu ex. Mulher não tira ondinha comigo, não.
PAOLA             - (muito assustada) Seu monstro, covarde!
RUBENS         - (grita, furioso) Cala a boca se não quiser que eu te quebre todinha na porrada! E tem mais: Eu acabo com a tua vida e a do teu filhinho se você se meter a besta pra atrapalhar meus negócios.
PAOLA             - Tudo bem, pode continuar com essa vida de bandido, mas bem longe de mim. Eu quero a separação!
RUBENS         - Ah, você quer se separar?
Rubens olha furioso para ela. Corte descontínuo: Rubens dando uma surra de cinto em Paola, que grita muito pedindo pra ele parar.
RUBENS         - Cansei de fazer papel de bobo pra você. Eu nunca vou te dar a separação, ouviu? Você não vai se livrar de mim!
Rubens para de bater em Paola e vai para o banheiro. Ela fica no chão, assustadíssima, chorando muito. Corta para:

CENA 09. SÃO PAULO. STOCK-SHOTS. EXTERIOR. DIA/NOITE.
Música de tensão. Imagens da cidade, mostrando passagem de tempo de alguns dias. Termina na fachada do prédio de Letícia à noite. Fusão:

CENA 10.  APTO. JÚLIO E LETÍCIA. QUARTO CASAL. INTERIOR. NOITE.
Abre no rosto sofrido de Letícia, que chora muito, em depressão profunda. Quarto escuro, solidão. Letícia anda desorientada pelo quarto, chorando cada vez mais. Câmera gira rápido ao redor dela, que põe as mãos na cabeça, como se estivesse prestes a enlouquecer. Inserts rápidos de imagens de Gustavo saindo de casa (cena 05 do capítulo 1); Letícia flagrando o beijo de Gustavo e Andréa no escritório (cena 14 do capítulo 2); Letícia beijando Júlio no banco (cena 15 do capítulo 2); Júlio animado mostrando o apartamento para ela (cena 03 do capítulo 3); Júlio beijando Letícia e Sofia (cena 05 do capítulo 3); Júlio e Letícia assistindo filme (cena 16 do capítulo 4); Júlio saindo de casa (cena 04 deste capítulo). Fim dos inserts. Todos esses flashbacks se misturam confusamente à imagem de Letícia chorando, de modo a dar uma ideia da angústia e do desespero em que ela se encontra. Letícia acaba caindo aos pés da cama, muito abalada. Câmera vai se aproximando devagar dela.
LETÍCIA            - (voz em off) Eles me abandonaram. Todo mundo me odeia. Ninguém dá a mínima pra mim.
Decidida, Letícia levanta rapidamente, abre uma gaveta da mesa de cabeceira e pega um envelope de comprimidos. Close do envelope nas mãos dela. Close de Letícia olhando para os comprimidos. Tensão. Corta rápido para:

CENA 11. HOSPITAL. INTERIOR. NOITE.
Gustavo chegando apressado e indo ao encontro de Soninha e Rosália, que estão muito tensas.
GUSTAVO       - Eu vim o mais rápido que eu pude. Como é que ela tá?
ROSÁLIA         - Tá melhor. Fizeram uma lavagem gástrica e o médico garantiu que ela tá fora de perigo. (T) Que loucura, meu Deus! A sorte é que a Sofia encontrou logo ela desmaiada e pediu ajuda da vizinha, que chamou o socorro. Se tivessem demorado mais... Eu não quero nem pensar no que podia ter acontecido.
GUSTAVO       - E a Sofia? Onde é que ela tá?
SONINHA        - Vai dormir no apartamento da vizinha. Fica tranquilo, Gustavo. Tá tudo bem agora.
ROSÁLIA         - (a Gustavo) Você sabe que foi por sua causa que a Letícia fez isso, não é?
SONINHA        - (recrimina) Mamãe!
GUSTAVO       - Como é que é, Rosália? A Letícia tenta se matar e a culpa é minha? É isso que você tá dizendo?
ROSÁLIA         - Eu tô dizendo que ela fez isso porque não aguenta mais ficar longe de você. O tal do Júlio foi só um caso passageiro, os dois até já se separaram. A Letícia te ama, Gustavo. Ela nunca conseguiu te esquecer. E vocês poderiam ser muito felizes se resolvessem se dar mais uma chance. Ia ser melhor pra todo mundo, principalmente pra Sofia. Ela não merecia passar pelo trauma de ver a mãe tentar o suicídio porque o pai abandonou as duas.
Rosália se afasta, irritada. Soninha constrangida.
SONINHA        - Não dá ouvidos a ela, Gustavo. Ela tá muito abalada, nem sabe o que tá dizendo.
Gustavo sorri para Soninha, mas fica com um ar preocupado, refletindo sobre as palavras de Rosália. Corta para:

CENA 12. HOSPITAL. QUARTO. INTERIOR. DIA.
Letícia acordando. PV dela: visão embaçada. Alguém a observa. Letícia sorri, ao ver que é Júlio, que também sorri para ela.
LETÍCIA            - Júlio!
JÚLIO               - Shhh! Não fala nada! Que loucura é essa, Letícia? Quer matar todo mundo de preocupação?
LETÍCIA            - (voz fraca) Que nada! Ninguém tá nem aí pra mim.
JÚLIO               - Isso não é verdade. Tem muita gente que te ama, que não ia suportar se acontecesse alguma coisa com você. Eu, por exemplo.
LETÍCIA            - (sorri) Me desculpa, Júlio. Volta pra mim, por favor. Eu prometo que/
JÚLIO               - (corta) Não é hora de falar sobre isso. Outra hora a gente conversa.
LETÍCIA            - Mas é que/
JÚLIO               - Shhh! Se você continuar falando eu vou embora. Você precisa descansar. Eu prometo que vou ficar aqui do teu lado, mas só se você ficar quietinha, em silêncio. E nada de voltar a fazer besteira, hein!
Letícia sorri e volta a fechar os olhos. Júlio a observa, triste. Corta para:

CENA 13. APTO SONINHA. SALA. INTERIOR. TARDE.
Dias depois. Soninha vinda do quarto, vestida de noiva. Letícia já recuperada,  a ajuda com o vestido, que é bem extravagante, como é característico de tudo em Soninha. Rosália e Sofia sentadas no sofá.
ROSÁLIA         - (irônica) Não tinha um vestido mais extravagante, não, minha filha?
SOFIA               - Você tá linda, tia!
SONINHA        - Obrigada, meu amor. (nervosa) Ah, Letícia, eu tô me achando tão feia, tão/
          LETÍCIA            - (corta) Pode parar, sua boba! Você tá um espetáculo!
ROSÁLIA         - (levanta-se do sofá) Minha filha, ainda tá em tempo de você desistir de fazer essa loucura.     
SONINHA        - Cansei de escutar as suas bobagens, mamãe. E se não fosse pelos convidados, pela imprensa, eu nem faria questão da sua presença. 
LETÍCIA            - Calma, Soninha, você tá muito nervosa. A mamãe fala assim, mas não é por mal.
A empregada (figurante) entra trazendo um copo d’água.
SONINHA        - Oh, querida, obrigada!
Soninha bebe, respira fundo e pega o porta retrato de Giácomo.
SONINHA        - Ah, Giácomo, me ajuda, Gigi! Manda a sua benção aí do céu, meu querido!
Letícia sorri para Rosália, que continua emburrada. Corta para:

CENA 14. FRENTE DA BOATE. EXTERIOR. TARDINHA.
Abre em Soninha descendo da Limousine, nervosa. Vários fotógrafos de jornais, revistas e sites de fofocas a cercam.  Uma jornalista se aproxima.
JORNALISTA - Diz pra gente, Soninha, tá muito emocionada com mais esse casamento?
SONINHA        – (animada) Muito! Mais emocionada que nos anteriores. Desta vez, meus amores, com a mais absoluta certeza de que será para sempre!
Em Soninha sorridente, posando para as fotos, corta para:

CENA 15. BOATE. INTERIOR. TARDINHA.
A boate toda decorada para o casamento. Um pequeno altar montado. Marcelo anda de um lado para o outro bastante nervoso à espera de Soninha. O juiz já está a postos. Padrinhos (figurantes) também. Flashes pipocam por todos os lados vindos das câmeras de fotógrafos de revistas e sites de fofoca que fazem a cobertura do casamento. Câmera vai revelando os convidados sentados aguardando a cerimônia, entre eles: Letícia, Rosália e Sofia, e distante delas, no lado oposto, Júlio. Letícia e Júlio trocam olhares, ela sorri e ele retribui de forma contida. Corta para Rubens conversando com Marcelo no altar.
Rubens bate no ombro de Marcelo, se afasta e caminha entre os convidados e jornalistas. Passa por Júlio, que o encara. Rubens vai até a entrada e conversa fora de áudio com o segurança. Do altar, em sua agonia, Marcelo observa a conversa. Olha o relógio. Mila surge na boate afobada e grita:
Todos olham para a entrada da boate. Marcelo respira fundo, engole em seco e se coloca na posição. Rubens continua perto da entrada. Sob o olhar de todos, Soninha adentra a boate, linda e radiante. Lança um olhar apaixonado a Marcelo e dirige-se ao altar. Vários flashes em cima dela durante seu percurso. Closes alternados de Letícia, Rosália com ar de reprovação e de Júlio, que se divide entre olhar a noiva e Letícia. Soninha chega ao altar, troca sorrisos com Marcelo e ambos se colocam diante do juiz que dá inicio a cerimônia.
Soninha e Marcelo se olham felizes. Juiz prossegue fora de áudio.  Corta para:

CENA 16. FRENTE DA BOATE. EXTERIOR. NOITE.
Vem parando mais um carro luxuoso. Desce um casal de convidados. O manobrista se apressa em recepcioná-los. Logo em seguida duas viaturas da polícia chegam. Descem o delegado e alguns policiais.
DELEGADO    - Aquilo mesmo que a gente combinou: É fechar o cerco pra essa cambada!
Eles se dirigem à boate. Corta para:

CENA 17. BOATE. INTERIOR. NOITE.
Continuação da cena 15. Juiz em meio à celebração do casório, falando fora de áudio. Câmera vai até a entrada da boate, onde Rubens está. Ele se assusta ao perceber a movimentação da polícia do lado de fora, vai até o segurança e sussurra:
Rubens se afasta bastante tenso. Júlio o observa se afastando e fica intrigado.  Câmera volta para o altar, onde o juiz continua:
Antes que o juiz possa terminar, a polícia invade a boate. Reação assustadas de todos. Close de Soninha sem entender nada.
Olhar amedrontado de Marcelo. Soninha atônita encara o noivo.
Câmera vai buscar Júlio procurando Rubens com os olhos. Closes alternados de Letícia, Rosália, delegado, Marcelo e por fim de Soninha. Todos muito surpresos. Corta rápido para:
CENA 18. BOATE. SAÍDA DOS FUNDOS. INTERIOR/EXTERIOR. NOITE.
Rubens vem de dentro da boate às pressas. Abre a porta dos fundos e sai, fechando-a por fora. Ritmo.  Corta rápido para:

CENA 19. BOATE. INTERIOR. NOITE.
Continuação da cena 17. Soninha vai até Marcelo e o segura desesperada.
Reações gerais dos convidados surpresos. Soninha olha chocada pra Marcelo.
Câmera vai até Rosália e Letícia tensas com a cena que presenciam.
Corta para o altar. Soninha insiste.
Muito assustado, Marcelo sai correndo feito um raio em direção à porta da boate. Policiais o perseguem.
Antes que Marcelo consiga sair, três policiais o rendem e o imobilizam. Delegado vai até ele com as algemas e o encara.
Marcelo abaixa a cabeça. Sabe que perdeu. Ele é algemado. Soninha observa do altar aos prantos. Imprensa fotografa tudo. Letícia vai até a irmã ampará-la. Muito burburinho entre os convidados. No meio da confusão Júlio vai até o delegado que conversa com um dos policiais.
Policiais movimentam-se pela boate. Convidados meio assustados. Soninha em sua tristeza nos braços de Letícia. Júlio segue os policiais.  Corta rápido para:
CENA 20. BOATE. INTERIOR. NOITE.
Cortes descontínuos dos policiais fazendo buscas em vários ambientes da boate: Banheiros, depósito, a sala de Rubens e por fim, nos fundos da boate onde um policial tenta abrir a porta. Ele verifica que ela esta trancada por fora.
Corta rápido para:

CENA 21. SÃO PAULO. RUAS. EXTERIOR. NOITE
Rubens dirige em alta velocidade pelas ruas de São Paulo. Fazendo ultrapassagens perigosas, furando sinais. Muita tensão. Corta para:

CENA 22. BOATE. INTERIOR. NOITE.
Marcelo está algemado, sob o olhar de decepção de Soninha, que chora. Por ali estão também Rosália, Letícia, Júlio, o delegado e um policial.
SONINHA        - Você não podia ter feito isso comigo, Marcelo.
LETÍCIA            - Fica calma, minha irmã. Você não tá sozinha, não!
ROSÁLIA         - Eu dizia desde o início que esse Marcelo não prestava. Aquela fuça dele nunca me enganou.
SONINHA        - (a Rosália) Me diz, mamãe: qual é o segredo pra não morrer com próprio veneno, hein?
LETÍCIA            - (a Rosália) Eu acho que já deu por hoje, né mamãe?!
Alguns policiais chegam e dizem algo ao delegado, fora de áudio.
DELEGADO     - (furioso) Mas como assim: fugiu pelos fundos? (a Marcelo) Qual é o endereço do seu comparsa, rapaz?
MARCELO       - Eu não sei de endereço algum.
JÚLIO               - Eu sei onde o Rubens mora, delegado. Posso levá-los lá. 
Corta para:

CENA 23. CASA DE PAOLA. SALA. INTERIOR. NOITE.
Discussão ao meio. Paola e Lucas bastante assustados diante de um Rubens transtornado.
Rubens a encara com olhar de fúria e se aproxima aos berros.
Paola apavorada abraça forte o filho. Rubens se afasta para juntar alguma coisa em uma mala pequena.
Paola tenta conter seu desespero. Rubens se aproxima com a mala, puxa Paola pelo braço.
Os dois saem às pressas acompanhando Rubens que segue bastante transtornado. Saem de casa. Câmera vai até um celular no sofá, onde podemos ver que Júlio está ligando. Fecha no celular.  Corta para:

CENA 24. FRENTE DA CASA DE PAOLA. EXTERIOR. NOITE.
Rubens empurrando Lucas e Paola em direção ao carro. Os dois muito assustados.
PAOLA             - Para com isso, Rubens! Você tá me machucando!
RUBENS         - Cala essa boca e entra no carro!
PAOLA             - Me leva, Rubens! Faz o que você quiser comigo, mas deixa o Lucas, por favor!
Rubens aponta a arma para os dois, que se assustam. Lucas chora.
RUBENS         - Entra logo na merda desse carro ou eu acabo com vocês dois, sua vadia!
PAOLA             - (a Lucas) Vem, filho! Calma! Vai dar tudo certo, viu!
Paola e Lucas entram no carro. Rubens também entra, batendo a porta violentamente. O carro sai em alta velocidade. Corta para:

CENA 25. SÃO PAULO. RUAS. VIATURAS POLICIAIS. EXTERIOR. NOITE.
Do alto, câmera filma as viaturas da polícia com as sirenes ligadas. Os policiais dirigem em alta velocidade. Dentro de uma das viaturas, Júlio está muito preocupado com Lucas. Tempo nas viaturas andando e na preocupação de Júlio. Corta rápido para:

CENA 26. CASA DE PAOLA. INTERIOR. NOITE.
Policia invadindo a casa. Júlio entra com eles, muito tenso.
JÚLIO               - (grita) Lucas! Paola! Lucas!
Cortes descontínuos rápidos da polícia invadindo violentamente todos os cômodos da casa e dando buscas. Tensão aumenta cada vez. Júlio muito aflito ao lado do delegado na sala. Os policiais retornam à sala.
POLICIAL         - (para o delegado) Não adianta. Parece que ele fugiu.
JÚLIO               - E o Lucas e a Paola? Cadê eles?
POLICIAL         - Eles devem ter ido com o Rubens. Não tem ninguém em casa.
JÚLIO               - (desesperado) Meu filho! Onde é que tá o meu filho?
No desespero de Júlio,
Corta.

FIM DO CAPÍTULO 5. 


Perdeu o capítulo anterior? Confira aqui.

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