O QUE TIVER DE SER
CAPÍTULO 5 - PENÚLTIMO
WEB NOVELA DE
LEANDRO BRASIL
ESCRITA COM A COLABORAÇÃO DE:
ISAAC SANTOS
RAFAEL BARBOSA
RAUL FELIPE SENNGER
CENA
01. APTO JÚLIO E LETÍCIA. SALA. INTERIOR. NOITE.
Continuação imediata.
Júlio muito assustado com a revelação de Paola.
JÚLIO
- Que brincadeira é essa?
Você não tem o direito de usar um assunto tão sério pra/
PAOLA - (corta) Eu tô falando a verdade.
O pai do Lucas é o Rubens!
JÚLIO - (desnorteado) Mas como pode
isso? Eu... Eu...
Descontrolado, Júlio
segura Paola e a sacode violentamente.
JÚLIO - Como é que pode isso, Paola? Eu
não tô entendendo mais nada, eu/
PAOLA - (corta, assustada) Me larga,
Júlio. Me deixa explicar!
Júlio solta Paola,
que esfrega o braço, assustada, enquanto ele a encara.
PAOLA - Seu louco! Você me machucou!
(Pausa. Paola respira fundo e continua) O Rubens é o verdadeiro pai do Lucas. Como
você sabe, eu e ele passamos a morar juntos e nos casamos pouco tempo depois da
nossa separação. Você até me acusou de te trair com ele, lembra? Você não tava
totalmente errado. (Júlio já vai interrompê-la, mas Paola continua, rápida)
Calma, não é o que você tá pensando. Eu nunca te traí com o Rubens nem com
ninguém. (T) O que eu quis dizer é que... A minha relação com o Rubens é bem
mais antiga do que você pensa. Eu conheci ele muito antes de te conhecer. Ele
foi meu primeiro namorado, pra ser mais exata. Quando o nosso casamento já tava
em crise, eu reencontrei o Rubens e decidi me separar de você pra ficar com
ele.
Paola olha para
Júlio, esperando que ele diga algo, mas ele continua calado.
PAOLA - No passado a minha relação com o
Rubens sempre foi muito tensa, a gente brigava muito, vivia entre idas e
vindas. E foi numa dessas brigas sérias, quando ele até mudou de cidade e
passou anos morando fora, que eu te conheci. (pausa) Eu gostei de você, Júlio,
gostei muito. Tudo que eu queria era um pouco de paz na minha vida, depois de
tanta confusão com o Rubens. Eu queria esquecer que ele existia. Mas pouco
tempo depois que a gente começou a namorar eu descobri que tava grávida. Do
Rubens.
Júlio olha chocado
para Paola, quase não acredita no que ouve.
PAOLA - Foi aí que eu resolvi me entregar
a você pra valer e dizer que o filho era seu. (Tempo. Paola sofre ao relembrar)
Eu não quis tirar o meu filho. Eu tinha certeza que você não ia me desamparar,
que seria o pai perfeito pro Lucas. E eu não tava errada. (se emociona) Lembra,
Júlio? Assim que eu falei da gravidez, você resolveu largar na hora a faculdade
de administração, que era o teu grande sonho, casou comigo e começou a
trabalhar pra assumir o Lucas. Eu sou muito grata por tudo o que você fez por
mim. É por isso que eu nunca contei pra ninguém que o Lucas não é seu filho. E
o Rubens... Bom, o Rubens não gosta de criança, ele nunca seria um bom pai. O
Lucas não podia ter um pai melhor do que você.
JÚLIO - Peraí, então... Quer dizer que
o Lucas não é/
PAOLA - (corta) Ele nunca foi prematuro.
Aquilo foi uma história que eu inventei pra você não desconfiar que eu já tava
grávida quando te conheci. O médico teve pena de mim e confirmou a história. O
Lucas nasceu normal, de nove meses.
JÚLIO - Bem que eu desconfiei que ele
não tinha cara de bebê prematuro, era muito forte. Mas se o médico confirmou...
Júlio anda meio transtornado,
quase chorando.
JÚLIO - Isso é mentira sua, Paola! O
Lucas é meu filho! Você tá inventando tudo isso pra eu desistir dele!
PAOLA - Qualquer exame de DNA pode
confirmar o que eu tô dizendo. Você não sabe como eu tô sofrendo por te dizer
isso. Eu sei o quanto você ama o Lucas, o quanto ele te ama e eu sei que você
não vai deixar de gostar dele por ele não ser seu filho biológico. A relação de
vocês dois é muito bonita, muito forte. Nada pode destruir isso. (T) Eu nunca
ia contar isso pra ninguém, Júlio. Esse segredo ia morrer comigo, mas você não
me deu escolha. Eu amo demais o meu filho e eu não posso permitir que você tire
ele de mim. Se você não desistir da guarda do Lucas, todo mundo vai saber que
ele não é seu filho e aí é que você não vai ter direito nenhum, porque eu tenho
certeza que o Rubens não vai mais permitir que você se aproxime dele. (T) Se
você desistir de pedir a guarda do Lucas, tudo vai continuar como está. Eu te
garanto que não vou mais deixar que o Rubens encoste um dedo nele, você pode
vê-lo quando quiser e ninguém nunca vai saber disso. Esse segredo fica só entre
nós dois. A decisão é sua.
Júlio olha para Paola
com os olhos cheios d’água, sem palavras. Ela faz um gesto de quem quer
consolá-lo, mas ele se afasta.
JÚLIO - (exaltado) Sai daqui, Paola! Me
deixa sozinho! (quase chorando) Você não podia ter feito isso comigo, não
podia...
Paola olha comovida
para Júlio e sofre também.
PAOLA - Pensa bem no que eu te falei.
Tchau, Júlio.
Paola vai embora.
Júlio não aguenta mais e cai sentado no sofá, chorando muito. Pega um porta
retrato de Lucas que está por perto e chora ainda mais olhando a foto do filho
e abraçando o porta retrato. Corta
para:
CENA
02. APTO JÚLIO E LETÍCIA. QUARTO. INTERIOR. NOITE.
Júlio sentando na cama,
de cabeça baixa. Letícia ao seu lado.
LETÍCIA
- Eu não te entendo, Júlio. Você
tava todo determinado a pedir a guarda do Lucas. Como é que agora/
JÚLIO -
(corta) Eu pensei bem e... Eu concordo com a Paola. O melhor pra qualquer
criança é ficar com a mãe.
LETÍCIA
– Na maioria dos casos sim, mas
não nesse! (tempo) Você não vai me dizer o que a Paola te disse, o que ela
falou de tão importante pra te fazer desistir do filho que você ama tanto?
JÚLIO
- Eu já disse, Letícia. Eu
pensei melhor. Foi isso.
LETÍCIA
- (levanta-se) Você não tá sendo
sincero. Quê que é, Júlio? Não confia em mim?
Júlio levanta a
cabeça. Olhando fortemente para Letícia.
JÚLIO
- Talvez eu não confie mesmo
e tenho motivos pra isso. (levanta-se) Afinal, eu nem sei se você me ama mesmo
como diz que ama, se já esqueceu o Gustavo. Infelizmente, acho que a única
pessoa dessa casa que não é sincera com relação ao que sente é você.
Em Júlio sério
encarando Letícia, corta para:
CENA
03. APTO JÚLIO E LETÍCIA. SALA. INTERIOR. DIA.
Sofia chegando da
escola com Gustavo. Os dois bem animados. Sofia carregando um algodão doce.
Gustavo segurando umas duas sacolas.
SOFIA
- É verdade, pai. Foi muito
bom mesmo. Pena que você não conseguiu tirar um daqueles ursinhos de dentro da
máquina.
GUSTAVO
– Uma pena mesmo, mas eu prometo que
vou treinar muito, mas muito mesmo, tá? E da próxima vez a gente traz pra casa
todos os ursinhos com uma única ficha, que tal?
Letícia entra e estranha
ao ver Sofia e Gustavo felizes.
LETÍCIA
- (sem entender) Tudo bem por
aqui?
GUSTAVO
- Melhor, impossível.
SOFIA
- Eu e o papai fizemos as
pazes, ele me levou num montão de lugares. A gente se divertiu muito! E o
melhor: disse que vai tentar me buscar na escola sempre.
Letícia
- (irônica) Fico feliz,
filha. Já tava começando a ficar preocupada, você não chegava! Agora leva todas
essas coisas pro seu quarto. E chega de doce por hoje, viu, mocinha!
Sofia pega as sacolas
de Gustavo, ele lhe dá um beijo e ela sai. Gustavo e Letícia se encaram
GUSTAVO
- (leve tom de sarcasmo) Pois é,
minha cara, não foi dessa vez. Será que você tem um plano “B”, um “C”...? Só
pra que eu possa ficar prevenido, sabe? Já que o plano “A” falhou. Tem?
LETÍCIA
- (cara de pau) Do que você tá
falando? Planos...? Desde quando eu fui
de fazer armação?
Júlio chega
desconfiado. Cruza os braços
JÚLIO
- O que está acontecendo
aqui?
GUSTAVO
- Ah, chegou quem eu esperava.
LETÍCIA
- (assustada) Gustavo, o que é
que você vai/
GUSTAVO
- (corta) Calma. Eu só vou dizer a
verdade. (para Júlio) Você sabia, Júlio, que a Letícia tá usando a Sofia pra
tentar me separar da Andréa?
LETÍCIA - Que é isso, de onde você tirou/
GUSTAVO - (continua para Júlio) Ela me fez perder
de propósito a apresentação da peça de teatro da Sofia, ficou inventando que
tinha dado o recado a Andréa, enfim, inventou um monte de mentira, tudo pra me
fazer brigar com ela e pra colocar a Sofia contra mim.
LETÍCIA - (grita, furiosa) Cala a boca! (a
Júlio) Júlio, você não vai/
GUSTAVO - Quer
um conselho, Júlio? Toma muito cuidado com a Letícia. Cada dia mais eu me
convenço de que ela é capaz de tudo pra conseguir o que quer. Ela é terrível.
Gustavo
vai embora. Letícia encara Júlio com cara de choro.
LETÍCIA -
Isso é mentira dele, Júlio. Eu nunca/
JÚLIO -
(corta, decepcionado) Para! Não diz
nada. Chega!
Júlio
sai. Close de Letícia, que deixa escorrer uma lágrima. Corta para:
CENA 04. HALL DO APTO JÚLIO
E LETÍCIA. ELEVADOR. INT. DIA.
Júlio
segurando uma mala e indo para o elevador. Letícia atrás dele.
LETÍCIA -
(implorando) Júlio, por favor. As coisas não podem acabar assim, pelo amor de Deus,
me escuta. Não me deixa aqui.
Júlio
para. Vira-se para Letícia.
JULIO -
(sério, expressão de raiva) Essa é a atitude mais sensata que nós podemos tomar
agora, Letícia: cada um no seu canto. Eu vou pra casa da minha mãe e você fica
aqui. Eu tô te dando um tempo pra pensar. Quando você tiver certeza do que quer
pra você, do quer pra nós dois, a gente pode conversar.
Júlio
retoma o caminho. Letícia entra em sua frente, segura a mala.
LETÍCIA –
Não, você não pode fazer isso comigo, não!
Júlio
a empurra de leve, entra no elevador, que se fecha. Letícia começa a esmurrar
violentamente a porta do elevador. Corta
para:
CENA 05. APTO SONINHA. SALA.
INTERIOR. DIA.
Abre
no rosto de Letícia chorando. Câmera recua e vemos Letícia com a cabeça no colo
de Soninha, que passa as mãos sobre a cabeça dela. Rosália sentada numa
poltrona ao lado do sofá.
SONINHA - Eu
não tô acreditando, Letícia, que você foi capaz de deixar um homem feito o Júlio
ir assim... Escorrendo pelo ralo e levando todo o amor dele por você esgoto
abaixo.
ROSÁLIA -
Acho que até demorou pra escorrer... Letícia, por favor, minha filha, olha a chance
que a vida tá te dando. Ainda tá em tempo de você tentar um recomeço com pai da
tua filha. Com o Gustavo, Letícia!
Soninha
olha séria para Rosália, reprovando-a pelo comentário.
LETÍCIA -
(arrasada) Eu não sei o que fazer. Juro que não sei.
Em
Letícia chorando, corta para:
CENA
06. FRENTE DA BOATE. EXTERIOR. NOITE.
Marcelo está de
prontidão, fumando um cigarro. Rubens vem saindo da boate.
RUBENS - Nada do cara aparecer?
MARCELO - Daqui a pouco ele tá na área. Relaxa!
RUBENS
- (impaciente) Esse negócio de
relaxar não é comigo, não.
Corte
descontínuo: Abre em Rubens e Marcelo se despedindo fora
de áudio de um sujeito estranho, que leva um misterioso pacote. Vemos tudo isso
do PV de alguém misterioso que os observa de longe. O homem aperta as mãos de
Rubens e Marcelo. Imagem estática nos três. Alguém os fotografa de longe. O
homem entra no carro e vai embora. A pessoa que está observando tira mais fotos
de Rubens e Marcelo entrando na boate. Corta
para:
CENA
07. APTO GUSTAVO E ANDRÉA. SALA. INTERIOR. DIA.
Andréa e Gustavo discutindo.
ANDRÉA - Então resolvam você e ela.
GUSTAVO - Calma, não precisa disso! Eu tô ouvindo
e analisando tudo que você tá me dizendo.
ANDRÉA
- (de braços cruzados, de costas pra
ele) É só o que você tem feito: ouvir. E nada de tomar uma atitude.
GUSTAVO
- Mas eu não posso tirar a Sofia da
mãe dela.
Andréa se vira para
Gustavo e o encara com uma expressão questionadora.
GUSTAVO
- Ok, eu posso sim. Mas eu não quero
separar as duas.
Andréa mantém a mesma
postura diante de Gustavo.
GUSTAVO
- (incomodado) Vai ficar aí me
fuzilando com os olhos, não vai falar mais nada?
ANDRÉA
- (suave) Sabe, eu não tenho o
direito de te influenciar pra que você tente separar mãe e filha. Longe de mim,
querer isso. Mas eu tô cansada de bater na mesma tecla: Você precisa ser mais
firme com a Letícia, Gustavo.
GUSTAVO
- Já vai começar com esse papo de
novo, Andréa?
ANDRÉA
- Não. Eu tô é terminando o papo.
Mas é bom que você tenha consciência de que a Letícia vai continuar
influenciando a Sofia contra a nossa relação. E o que é pior: Se a sua “ex” não
se der por satisfeita pode começar a encher a cabeça da menina contra você.
(aborrecida) Mas a filha é sua. Você deve saber como agir.
Andréa sai. Gustavo
senta no sofá, pega o controle remoto, liga a TV, desliga logo em seguida.
Close de Gustavo angustiado. Corta
para:
CENA
08. CASA DE PAOLA. QUARTO. INTERIOR. DIA.
Rubens dormindo. Cortinas
do quarto são abertas bruscamente. Rubens acorda mal humorado e vê Paola muita
séria diante dele.
RUBENS
- Já vi que o dia tá lindo, amor,
mas eu queria descansar mais um pouquinho. Fecha essa cortina, vai. (sorri)
Paola, de pé ao lado
da cama, encara Rubens.
PAOLA
- Levanta dessa cama, Rubens.
A gente precisa ter uma conversa séria.
RUBENS
- (se recostando) O que é que tá
pegando?
PAOLA
- O que tá pegando é
isto, seu sem vergonha. (Paola mostra um pequeno pacote com drogas) Você pode
me explicar o que significa esse pacotinho?
RUBENS - (assustado) Onde você achou isso?
PAOLA - No bolso da sua calça. Eu ia
botar pra lavar, tava vendo se não tinha algum papel, algum dinheiro e/
RUBENS - (corta, irritado) Peraê, mozinho,
você agora vai entrar nessa de fuçar nas minhas coisas, feito essas mulheres/
PAOLA
- Para de bancar o
desentendido, Rubens! Eu tô aguardando uma explicação! Vai, me diz o que isso
tava fazendo no seu bolso!
RUBENS
- (assustado, tenta disfarçar) Cê
sabe... Um homem como eu, que trabalha num ambiente daqueles... Uma hora eu ia
acabar cedendo à curiosidade. (T) Mas tá aí, eu nem cheguei a usar. E me dá
isso que eu vou jogar fora.
PAOLA - (pensativa) Peraí, acho que eu já
tô sacando tudo...
Insert
de trecho rápido da cena 04 do capítulo 4: Paola
escuta conversa suspeita de Marcelo com Rubens. Fim do insert.
PAOLA
- Eu sabia que tinha algo
errado naquela história. Então é desse jeito que você ganha a vida? Eu sabia!
Aquela porcaria de boate caindo aos pedaços nunca daria tanto dinheiro! Você é
um/
RUBENS - (já perdendo a paciência) Para de
conversar besteira e me dá logo essa porcaria.
Rubens tenta tomar o
pacote das mãos de Paola, mas ela o joga pela janela. Furioso, Rubens vai até a
janela, fecha as cortinas e deita novamente.
PAOLA
- Olha pra mim, Rubens.
RUBENS
- Não enche o saco!
PAOLA
- (furiosa) Eu não sabia
que tinha me casado com um traficante! (puxando o lençol de Rubens) Eu vou
ligar agora mesmo pra polícia. Não vou ficar vivendo com um/
Rubens perde a
paciência, se levanta transtornado e dá um safanão em Paola, que cai na cama.
RUBENS - Com quem você pensa que tá falando?
Eu não sou o otário do teu ex. Mulher não tira ondinha comigo, não.
PAOLA
- (muito assustada) Seu
monstro, covarde!
RUBENS - (grita, furioso) Cala a boca se não
quiser que eu te quebre todinha na porrada! E tem mais: Eu acabo com a tua vida
e a do teu filhinho se você se meter a besta pra atrapalhar meus negócios.
PAOLA - Tudo bem, pode continuar com essa
vida de bandido, mas bem longe de mim. Eu quero a separação!
RUBENS
- Ah, você quer se separar?
Rubens olha furioso
para ela. Corte descontínuo: Rubens
dando uma surra de cinto em Paola, que grita muito pedindo pra ele parar.
RUBENS - Cansei de fazer papel de bobo pra
você. Eu nunca vou te dar a separação, ouviu? Você não vai se livrar de mim!
Rubens para de bater
em Paola e vai para o banheiro. Ela fica no chão, assustadíssima, chorando
muito. Corta para:
CENA
09. SÃO PAULO. STOCK-SHOTS. EXTERIOR. DIA/NOITE.
Música de tensão.
Imagens da cidade, mostrando passagem de tempo de alguns dias. Termina na
fachada do prédio de Letícia à noite. Fusão:
CENA
10. APTO. JÚLIO E LETÍCIA. QUARTO CASAL.
INTERIOR. NOITE.
Abre no rosto sofrido
de Letícia, que chora muito, em depressão profunda. Quarto escuro, solidão.
Letícia anda desorientada pelo quarto, chorando cada vez mais. Câmera gira
rápido ao redor dela, que põe as mãos na cabeça, como se estivesse prestes a
enlouquecer. Inserts rápidos
de imagens de Gustavo saindo de casa (cena
05 do capítulo 1); Letícia flagrando o beijo de Gustavo e Andréa no
escritório (cena 14 do capítulo 2);
Letícia beijando Júlio no banco (cena
15 do capítulo 2); Júlio animado mostrando o apartamento para ela (cena 03 do capítulo 3); Júlio
beijando Letícia e Sofia (cena 05 do
capítulo 3); Júlio e Letícia assistindo filme (cena 16 do capítulo 4); Júlio saindo de casa (cena 04 deste capítulo). Fim dos inserts. Todos esses
flashbacks se misturam confusamente à imagem de Letícia chorando, de modo a dar
uma ideia da angústia e do desespero em que ela se encontra. Letícia acaba
caindo aos pés da cama, muito abalada. Câmera vai se aproximando devagar dela.
LETÍCIA - (voz em off) Eles me abandonaram.
Todo mundo me odeia. Ninguém dá a mínima pra mim.
Decidida, Letícia
levanta rapidamente, abre uma gaveta da mesa de cabeceira e pega um envelope de
comprimidos. Close do envelope nas mãos dela. Close de Letícia olhando para os
comprimidos. Tensão. Corta rápido
para:
CENA
11. HOSPITAL. INTERIOR. NOITE.
Gustavo chegando
apressado e indo ao encontro de Soninha e Rosália, que estão muito tensas.
GUSTAVO - Eu vim o mais rápido que eu pude. Como
é que ela tá?
ROSÁLIA - Tá melhor. Fizeram uma lavagem
gástrica e o médico garantiu que ela tá fora de perigo. (T) Que loucura, meu
Deus! A sorte é que a Sofia encontrou logo ela desmaiada e pediu ajuda da
vizinha, que chamou o socorro. Se tivessem demorado mais... Eu não quero nem
pensar no que podia ter acontecido.
GUSTAVO - E a Sofia? Onde é que ela tá?
SONINHA - Vai dormir no apartamento da vizinha.
Fica tranquilo, Gustavo. Tá tudo bem agora.
ROSÁLIA - (a Gustavo) Você sabe que foi por sua
causa que a Letícia fez isso, não é?
SONINHA - (recrimina) Mamãe!
GUSTAVO - Como é que é, Rosália? A Letícia tenta
se matar e a culpa é minha? É isso que você tá dizendo?
ROSÁLIA - Eu tô dizendo que ela fez isso porque
não aguenta mais ficar longe de você. O tal do Júlio foi só um caso passageiro,
os dois até já se separaram. A Letícia te ama, Gustavo. Ela nunca conseguiu te
esquecer. E vocês poderiam ser muito felizes se resolvessem se dar mais uma
chance. Ia ser melhor pra todo mundo, principalmente pra Sofia. Ela não merecia
passar pelo trauma de ver a mãe tentar o suicídio porque o pai abandonou as
duas.
Rosália se afasta,
irritada. Soninha constrangida.
SONINHA - Não dá ouvidos a ela, Gustavo. Ela tá
muito abalada, nem sabe o que tá dizendo.
Gustavo sorri para
Soninha, mas fica com um ar preocupado, refletindo sobre as palavras de
Rosália. Corta para:
CENA
12. HOSPITAL. QUARTO. INTERIOR. DIA.
Letícia acordando. PV
dela: visão embaçada. Alguém a observa. Letícia sorri, ao ver que é Júlio, que
também sorri para ela.
LETÍCIA - Júlio!
JÚLIO - Shhh! Não fala nada! Que
loucura é essa, Letícia? Quer matar todo mundo de preocupação?
LETÍCIA - (voz fraca) Que nada! Ninguém tá
nem aí pra mim.
JÚLIO - Isso não é verdade. Tem muita
gente que te ama, que não ia suportar se acontecesse alguma coisa com você. Eu,
por exemplo.
LETÍCIA - (sorri) Me desculpa, Júlio. Volta
pra mim, por favor. Eu prometo que/
JÚLIO - (corta) Não é hora de falar
sobre isso. Outra hora a gente conversa.
LETÍCIA - Mas é que/
JÚLIO - Shhh! Se você continuar falando
eu vou embora. Você precisa descansar. Eu prometo que vou ficar aqui do teu
lado, mas só se você ficar quietinha, em silêncio. E nada de voltar a fazer
besteira, hein!
Letícia sorri e volta
a fechar os olhos. Júlio a observa, triste. Corta para:
CENA
13. APTO SONINHA. SALA. INTERIOR. TARDE.
Dias depois. Soninha
vinda do quarto, vestida de noiva. Letícia já recuperada, a ajuda com o vestido, que é bem
extravagante, como é característico de tudo em Soninha. Rosália e Sofia
sentadas no sofá.
ROSÁLIA
- (irônica) Não tinha um vestido
mais extravagante, não, minha filha?
SOFIA
- Você tá linda, tia!
SONINHA
- Obrigada, meu amor. (nervosa) Ah,
Letícia, eu tô me achando tão feia, tão/
LETÍCIA - (corta) Pode
parar, sua boba! Você tá um espetáculo!
ROSÁLIA
- (levanta-se do sofá) Minha
filha, ainda tá em tempo de você desistir de fazer essa loucura.
SONINHA
- Cansei de escutar as suas
bobagens, mamãe. E se não fosse pelos convidados, pela imprensa, eu nem faria
questão da sua presença.
LETÍCIA
- Calma, Soninha, você tá muito
nervosa. A mamãe fala assim, mas não é por mal.
A empregada
(figurante) entra trazendo um copo d’água.
SONINHA
- Oh, querida, obrigada!
Soninha bebe, respira
fundo e pega o porta retrato de Giácomo.
SONINHA
- Ah, Giácomo, me ajuda, Gigi! Manda
a sua benção aí do céu, meu querido!
Letícia sorri para
Rosália, que continua emburrada. Corta
para:
CENA 14. FRENTE DA BOATE.
EXTERIOR. TARDINHA.
Abre
em Soninha descendo da Limousine, nervosa. Vários fotógrafos de jornais,
revistas e sites de fofocas a cercam.
Uma jornalista se aproxima.
JORNALISTA - Diz
pra gente, Soninha, tá muito emocionada com mais esse casamento?
SONINHA –
(animada) Muito! Mais emocionada que nos anteriores. Desta vez, meus amores,
com a mais absoluta certeza de que será para sempre!
Em Soninha
sorridente, posando para as fotos, corta
para:
CENA
15. BOATE. INTERIOR. TARDINHA.
A boate toda decorada
para o casamento. Um pequeno altar montado. Marcelo anda de um lado para o
outro bastante nervoso à espera de Soninha. O juiz já está a postos. Padrinhos
(figurantes) também. Flashes pipocam por todos os lados vindos das câmeras de
fotógrafos de revistas e sites de fofoca que fazem a cobertura do casamento. Câmera
vai revelando os convidados sentados aguardando a cerimônia, entre eles:
Letícia, Rosália e Sofia, e distante delas, no lado oposto, Júlio. Letícia e
Júlio trocam olhares, ela sorri e ele retribui de forma contida. Corta para Rubens
conversando com Marcelo no altar.
RUBENS - Calma, rapaz, não tem porque essa
agitação toda. A mulher tá no papo. Só acabar com essa coisa chata de cerimônia
e levar ela pra casa. Depois é só aproveitar.
MARCELO - E eu que achava que essa história de
nervoso em casamento era bobagem. Tô tremendo feito vara verde. Essa gente toda
me olhando, a mãe dela com aquela cara azeda, essa gravata me apertando...
(ajeita o nó).
RUBENS - (Rindo) Relaxa, cara. Senão tu vai
acabar tendo um piripaque antes de casar. Fica tranquilo, vai dar tudo certo.
Tô cuidando pra que saia tudo nos conformes.
MARCELO - Valeu, cara!
Rubens bate no ombro
de Marcelo, se afasta e caminha entre os convidados e jornalistas. Passa por Júlio,
que o encara. Rubens vai até a entrada e conversa fora de áudio com o
segurança. Do altar, em sua agonia, Marcelo observa a conversa. Olha o relógio.
Mila surge na boate afobada e grita:
MILA - Gente, a noiva chegou.
Todos olham para a entrada
da boate. Marcelo respira fundo, engole em seco e se coloca na posição. Rubens continua
perto da entrada. Sob o olhar de todos, Soninha adentra a boate, linda e
radiante. Lança um olhar apaixonado a Marcelo e dirige-se ao altar. Vários
flashes em cima dela durante seu percurso. Closes alternados de Letícia, Rosália
com ar de reprovação e de Júlio, que se divide entre olhar a noiva e Letícia.
Soninha chega ao altar, troca sorrisos com Marcelo e ambos se colocam diante do
juiz que dá inicio a cerimônia.
JUIZ - Quero cumprimentar aos noivos
e a todos os convidados. É um prazer enorme estar aqui com vocês hoje. Acham-se
presentes para celebração do enlace matrimonial, regido pela lei vigente no
Brasil, Marcelo Guimarães e Sonia Almeida Bassan.
Soninha e Marcelo se
olham felizes. Juiz prossegue fora de áudio.
Corta para:
CENA
16. FRENTE DA BOATE. EXTERIOR. NOITE.
Vem parando mais um
carro luxuoso. Desce um casal de convidados. O manobrista se apressa em recepcioná-los.
Logo em seguida duas viaturas da polícia chegam. Descem o delegado e alguns
policiais.
DELEGADO
- Aquilo mesmo que a gente combinou: É
fechar o cerco pra essa cambada!
Eles se dirigem à
boate. Corta para:
CENA
17. BOATE. INTERIOR. NOITE.
Continuação da cena
15. Juiz em meio à celebração do casório, falando fora de áudio. Câmera vai até
a entrada da boate, onde Rubens está. Ele se assusta ao perceber a movimentação
da polícia do lado de fora, vai até o segurança e sussurra:
RUBENS - Vou dar uma saída. Fica de olho aí.
Rubens se afasta
bastante tenso. Júlio o observa se afastando e fica intrigado. Câmera volta para o altar, onde o juiz
continua:
JUIZ - De acordo com a vontade que
ambos acabaram de afirmar perante a mim e a todas as testemunhas aqui
presentes, eu vos declaro...
Antes que o juiz
possa terminar, a polícia invade a boate. Reação assustadas de todos. Close de
Soninha sem entender nada.
DELEGADO - (apontando para o Marcelo) Lá está ele.
SONINHA - Epa, mas o que é isso? Com que direito
vocês invadem o meu casamento desse jeito?
DELEGADO - Peço desculpas à senhora, ao senhor juiz e
a todos aqui presentes, mas eu tenho uma ordem de prisão contra o noivo.
Preciso levá-lo imediatamente.
SONINHA - Como é que é?
Olhar amedrontado de
Marcelo. Soninha atônita encara o noivo.
SONINHA - Do que ele tá falando, Marcelo? O que tá
acontecendo?
Câmera vai buscar Júlio
procurando Rubens com os olhos. Closes alternados de Letícia, Rosália,
delegado, Marcelo e por fim de Soninha. Todos muito surpresos. Corta rápido para:
CENA
18. BOATE. SAÍDA DOS FUNDOS. INTERIOR/EXTERIOR. NOITE.
Rubens vem de dentro
da boate às pressas. Abre a porta dos fundos e sai, fechando-a por fora.
Ritmo. Corta rápido para:
CENA
19. BOATE. INTERIOR. NOITE.
Continuação da cena
17. Soninha vai até Marcelo e o segura desesperada.
SONINHA - Fala alguma coisa, Marcelo, pelo amor
de Deus!
DELEGADO - Eu lhe respondo minha senhora. Ele está
sendo preso por tráfico de drogas. Essa boate funciona apenas como fachada e
vem sendo investigada há muito tempo.
Reações gerais dos
convidados surpresos. Soninha olha chocada pra Marcelo.
DELEGADO - A operação estava marcada pra hoje já há
alguns dias. Eu sinto muito em ter que estragar o seu casamento.
SONINHA - (para Marcelo) Tráfico de drogas? Isso
é verdade, Marcelo?
Câmera vai até
Rosália e Letícia tensas com a cena que presenciam.
ROSÁLIA - Meu Deus do céu, que escândalo! Isso
amanhã vai estar em tudo quanto é revista e jornal. Olha onde a sua irmã foi se
meter. Mas eu avisei!
SONINHA - Quieta, mãe. Tô preocupada com a
Soninha.
Corta para o altar.
Soninha insiste.
SONINHA - Esse homem tá te acusando de um crime,
Marcelo! Não vai falar nada, não vai se defender?
Muito assustado, Marcelo
sai correndo feito um raio em direção à porta da boate. Policiais o perseguem.
DELEGADO - Peguem ele! Não deixem escapar.
Antes que Marcelo
consiga sair, três policiais o rendem e o imobilizam. Delegado vai até ele com
as algemas e o encara.
DELEGADO - Você está preso.
Marcelo abaixa a cabeça.
Sabe que perdeu. Ele é algemado. Soninha observa do altar aos prantos. Imprensa
fotografa tudo. Letícia vai até a irmã ampará-la. Muito burburinho entre os convidados.
No meio da confusão Júlio vai até o delegado que conversa com um dos policiais.
DELEGADO - Façam uma varredura completa no local. O
tal do Rubens ainda deve estar por aqui.
JULIO - (já se aproximando) Eu o vi
saindo naquela direção (aponta para os fundos da boate).
DELEGADO - (ordena) O desgraçado sacou tudo e deve ter
fugido. Andem rápido. Ele não pode estar longe.
Policiais
movimentam-se pela boate. Convidados meio assustados. Soninha em sua tristeza
nos braços de Letícia. Júlio segue os policiais. Corta
rápido para:
CENA
20. BOATE. INTERIOR. NOITE.
Cortes
descontínuos dos policiais fazendo buscas em vários
ambientes da boate: Banheiros, depósito, a sala de Rubens e por fim, nos fundos
da boate onde um policial tenta abrir a porta. Ele verifica que ela esta
trancada por fora.
POLICIAL - (para outro policial) Com certeza ele
saiu por aqui.
Corta
rápido para:
CENA 21. SÃO PAULO. RUAS.
EXTERIOR. NOITE
Rubens
dirige em alta velocidade pelas ruas de São Paulo. Fazendo ultrapassagens
perigosas, furando sinais. Muita tensão. Corta
para:
CENA
22. BOATE. INTERIOR. NOITE.
Marcelo está
algemado, sob o olhar de decepção de Soninha, que chora. Por ali estão também
Rosália, Letícia, Júlio, o delegado e um policial.
SONINHA
- Você não podia ter feito isso
comigo, Marcelo.
LETÍCIA
- Fica calma, minha irmã. Você
não tá sozinha, não!
ROSÁLIA
- Eu dizia desde o início que esse
Marcelo não prestava. Aquela fuça dele nunca me enganou.
SONINHA - (a Rosália) Me diz, mamãe: qual é o
segredo pra não morrer com próprio veneno, hein?
LETÍCIA
- (a Rosália) Eu acho que já
deu por hoje, né mamãe?!
Alguns policiais
chegam e dizem algo ao delegado, fora de áudio.
DELEGADO
- (furioso) Mas como assim: fugiu pelos
fundos? (a Marcelo) Qual é o endereço do seu comparsa, rapaz?
MARCELO - Eu não sei de endereço algum.
JÚLIO
- Eu sei onde o Rubens mora,
delegado. Posso levá-los lá.
Corta
para:
CENA
23. CASA DE PAOLA. SALA. INTERIOR. NOITE.
Discussão ao meio.
Paola e Lucas bastante assustados diante de um Rubens transtornado.
PAOLA - Pra onde a gente vai? Quer me
dizer o que é que tá acontecendo?
RUBENS - Me obedece, Paola! Vai ser melhor pra
você!
PAOLA - E se eu não quiser ir com você?
Rubens a encara com
olhar de fúria e se aproxima aos berros.
RUBENS - (grita) Você não tem querer. Vocês vão
comigo pra onde eu for e sem nenhum piu, sem discutir, porque se não a coisa
vai ficar feia, bem feia.
Paola apavorada
abraça forte o filho. Rubens se afasta para juntar alguma coisa em uma mala
pequena.
LUCAS - (sussurrando) É melhor a gente
fazer o que ele pediu, mãe.
Paola tenta conter
seu desespero. Rubens se aproxima com a mala, puxa Paola pelo braço.
RUBENS - Anda, vamos sair logo daqui. Vem.
Os dois saem às
pressas acompanhando Rubens que segue bastante transtornado. Saem de casa. Câmera
vai até um celular no sofá, onde podemos ver que Júlio está ligando. Fecha no
celular. Corta para:
CENA
24. FRENTE DA CASA DE PAOLA. EXTERIOR. NOITE.
Rubens empurrando
Lucas e Paola em direção ao carro. Os dois muito assustados.
PAOLA - Para com isso, Rubens! Você tá me
machucando!
RUBENS - Cala essa boca e entra no carro!
PAOLA - Me leva, Rubens! Faz o que você
quiser comigo, mas deixa o Lucas, por favor!
Rubens aponta a arma
para os dois, que se assustam. Lucas chora.
RUBENS - Entra logo na merda desse carro ou eu
acabo com vocês dois, sua vadia!
PAOLA - (a Lucas) Vem, filho! Calma! Vai
dar tudo certo, viu!
Paola e Lucas entram
no carro. Rubens também entra, batendo a porta violentamente. O carro sai em
alta velocidade. Corta para:
CENA
25. SÃO PAULO. RUAS. VIATURAS POLICIAIS. EXTERIOR. NOITE.
Do alto, câmera filma as
viaturas da polícia com as sirenes ligadas. Os policiais dirigem em alta
velocidade. Dentro de uma das viaturas, Júlio está muito preocupado com Lucas. Tempo
nas viaturas andando e na preocupação de Júlio. Corta rápido para:
CENA
26. CASA DE PAOLA. INTERIOR. NOITE.
Policia invadindo a casa. Júlio
entra com eles, muito tenso.
JÚLIO - (grita) Lucas! Paola! Lucas!
Cortes
descontínuos rápidos da polícia invadindo violentamente
todos os cômodos da casa e dando buscas. Tensão aumenta cada vez. Júlio muito
aflito ao lado do delegado na sala. Os policiais retornam à sala.
POLICIAL - (para o delegado) Não adianta. Parece
que ele fugiu.
JÚLIO - E o Lucas e a Paola? Cadê eles?
POLICIAL - Eles devem ter ido com o Rubens. Não
tem ninguém em casa.
JÚLIO - (desesperado) Meu filho! Onde é
que tá o meu filho?
No desespero de
Júlio,
Corta.
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